quinta-feira, 7 de maio de 2020



O Livro dos Espíritos

Allan Kardec

Parte 20

Estamos publicando neste espaço o estudo – sob a forma dialogada – dos 8 principais livros de Allan Kardec. Os textos são publicados neste blog sempre às quintas-feiras.
Concluído o estudo dos 2 primeiros livros, prosseguimos nesta data o estudo de O Livro dos Espíritos, cuja edição inicial se deu em Paris, França, no dia 18 de abril de 1857.  

Eis as questões de hoje:

153. O pressentimento que algumas pessoas têm do momento da morte deriva de quê? 
Esse pressentimento lhes vem dos Espíritos protetores, que assim as advertem para que estejam prontas a partir ou lhes fortalecem a coragem nos momentos em que mais dela necessitam. Pode vir-lhes também da intuição que têm da existência que escolheram ou da missão que aceitaram e que sabem ter de cumprir. (O Livro dos Espíritos, questões 857 e 856.)
154. Há pessoas que nunca conseguem bom êxito em coisa alguma, parecendo até que são perseguidas por um mau gênio em seus empreendimentos, enquanto existem outras que parecem favorecidas pela sorte. A que atribuir isso? 
Esse fato decorre geralmente do gênero da existência escolhida. Essas pessoas quiseram ser provadas por uma vida de decepções, a fim de exercitarem a paciência e a resignação. É preciso considerar também que o fato muitas vezes resulta do caminho falso que tais pessoas tomam, em discordância com suas inteligências e aptidões. Grandes probabilidades tem de se afogar quem pretende atravessar a nado um rio sem saber nadar. O mesmo se dá relativamente à maioria dos acontecimentos da vida. Quase sempre obteria o homem bom êxito se só tentasse o que estivesse em relação com as suas faculdades. O que o perde são o seu amor-próprio e sua ambição, que o desviam da senda que lhe é própria e o fazem considerar vocação o que não passa do desejo de satisfazer a certas paixões. Fracassa, então, por sua culpa. Contudo, em vez de culpar-se a si mesmo, prefere queixar-se de sua estrela. Um, por exemplo, que seria bom operário e ganharia honestamente a vida, mete-se a ser mau poeta e morre de fome. Para todos haveria lugar no mundo, desde que cada um soubesse colocar-se no lugar que lhe compete. No tocante às pessoas que parecem favorecidas pela sorte, pois que tudo lhes sai bem, geralmente tal se dá porque, de ordinário, essas pessoas sabem conduzir-se melhor em suas empresas. Mas pode ser também um gênero de prova. O bom êxito as embriaga; fiam-se no seu destino e muitas vezes pagam mais tarde esse bom êxito, mediante reveses cruéis que a prudência as teria feito evitar. (Obra citada, questões 862 a 864.)
155. Como se explica que a sorte favoreça a algumas pessoas, como no jogo? 
Alguns Espíritos escolhem previamente certas espécies de prazer. A fortuna que os favorece é uma tentação. Aquele que, como homem, ganha, perde como Espírito. É uma prova para o seu orgulho e para a sua cupidez. (Obra citada, questão 865.)
156. Pode o futuro ser revelado ao homem? Por quê?
Em princípio, o futuro é oculto ao homem, e só em casos raros e excepcionais permite Deus que lhe seja revelado. A razão disso é que – se o homem conhecesse o futuro – negligenciaria do presente e não obraria com a liberdade com que o faz, porque o dominaria a ideia de que, se uma coisa tem de acontecer, inútil será ocupar-se com ela, ou então procuraria obstar a que acontecesse. Não quis Deus que assim fosse, a fim de que cada um concorra para a realização das coisas, até daquelas a que desejaria opor-se. (Obra citada, questões 868 e 869.)
157. Kardec resume a questão do livre-arbítrio mostrando que existe diferença no exercício dessa faculdade, quer estejamos encarnados ou não. Em que consiste o livre-arbítrio quando estamos na erraticidade? 
O livre-arbítrio, quando o indivíduo está desencarnado, consiste em fazer a escolha da existência e das provas por que haja de passar. Desprendido da matéria e no estado de erraticidade, o Espírito procede à escolha de suas futuras existências corporais, de acordo com o grau de perfeição a que haja chegado, e é nisso que consiste, sobretudo, seu livre-arbítrio. (Obra citada, questão 872.)
158. De acordo com Kardec, em que consiste o livre-arbítrio quando estamos encarnados? 
Quando o indivíduo se encontra encarnado, o livre-arbítrio consiste na faculdade que ele tem de ceder ou de resistir aos arrastamentos a que voluntariamente se submeteu. Se cede à influência da matéria, sucumbe nas provas que ele mesmo escolheu. Para ter quem o ajude a vencê-las, concedido lhe é invocar a assistência de Deus e dos bons Espíritos. (Obra citada, questão 872.)
159. Que é justiça e qual o seu fundamento segundo a lei natural?
A justiça consiste em cada um respeitar os direitos dos demais. Duas coisas determinam esses direitos: a lei humana e a lei natural. Posto de parte o direito que a lei humana consagra, a base da justiça, segundo a lei natural, está expressa nas seguintes palavras do Cristo: Queira cada um para os outros o que quer para si mesmo. (Obra citada, questões 875 e 876.)
160. Sabe-se que o direito de viver é o primeiro dos direitos naturais do homem. Tem ele, assim, o direito de acumular bens que lhe permitam repousar quando não mais possa trabalhar?
Sim, mas ele deve fazê-lo em família, como a abelha, por meio de um trabalho honesto, e não como o egoísta. Há mesmo animais que lhe dão o exemplo de previdência. O que, por meio do trabalho honesto, o homem junta constitui legítima propriedade sua, que ele tem o direito de defender, porque a propriedade que resulta do trabalho é um direito natural, tão sagrado quanto o de trabalhar e de viver. (Obra citada, questões 880 e 881.)

Observação:
Para acessar a Parte 19 deste estudo, publicada na semana passada, clique aqui: https://espiritismo-seculoxxi.blogspot.com/2020/04/o-livro-dos-espiritos-allan-kardec_30.html




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