quinta-feira, 25 de fevereiro de 2021

 



O Evangelho segundo o Espiritismo

 

Allan Kardec

 

Parte 15

 

Prosseguimos o estudo metódico de “O Evangelho segundo o Espiritismo”, de Allan Kardec, terceira das obras que compõem o Pentateuco Kardequiano, cuja primeira edição foi publicada em abril de 1864.

Este estudo é publicado sempre às quintas-feiras.

Caso o leitor queira ter em mãos o texto consolidado dos estudos relativos à presente obra, para acompanhar, pari passu, o presente estudo, basta clicar em http://www.oconsolador.com.br/linkfixo/estudosespiritas/principal.html#ALLAN e, em seguida, no verbete "O Evangelho segundo o Espiritismo”.

Eis as questões de hoje:

 

113. O divórcio é contrário à lei natural estabelecida por Deus?

Não. O divórcio é lei humana que tem por objeto separar legalmente o que já, de fato, está separado. Não é contrário à lei de Deus, pois que apenas reforma o que os homens hão feito e só é aplicável nos casos em que não se levou em conta a lei divina – a lei do amor. É bom que lembremos que nem mesmo Jesus consagrou a indissolubilidade absoluta do casamento, visto que, conforme já vimos, ele admitia o divórcio nos casos de adultério. (O Evangelho segundo o Espiritismo, cap. XXII, item 5.)

114. Que é mais importante para nós: a existência terrestre ou a vida espiritual? 

A vida espiritual é a verdadeira vida, é a vida normal do Espírito e, por esse motivo, muito mais importante que a existência terrestre. (Obra citada, cap. XXIII, itens 6 a 8.)

115. Que é a vida terrestre para a Doutrina Espírita?

A existência terrestre, embora indispensável ao progresso do Espírito, é transitória e passageira. O papel que desempenhamos numa existência corpórea finda-se com a morte do corpo. É, pois, no mundo espiritual que transcorre a verdadeira vida, e nela os disfarces não são possíveis. (Obra citada, cap. XXIII, item 8.)

116. Como interpretar esta frase de Jesus: "Não vim trazer a paz, mas a divisão"?

Quando Jesus disse: "Não acrediteis que eu tenha vindo trazer a paz, mas, sim, a divisão", seu pensamento era este: "Não acrediteis que a minha doutrina se estabeleça pacificamente; ela trará lutas sangrentas, tendo por pretexto o meu nome, porque os homens não me terão compreendido, ou não me terão querido compreender. Os irmãos, separados pelas suas respectivas crenças, desembainharão a espada um contra o outro e a divisão reinará no seio de uma mesma família, cujos membros não partilhem da mesma crença. Vim lançar fogo à Terra para expungi-la dos erros e dos preconceitos, do mesmo modo que se põe fogo a um campo para destruir nele as ervas más, e tenho pressa de que o fogo se acenda para que a depuração seja mais rápida, visto que do conflito sairá triunfante a verdade. À guerra sucederá a paz; ao ódio dos partidos, a fraternidade universal; às trevas do fanatismo, a luz da fé esclarecida. Então, quando o campo estiver preparado, eu vos enviarei o Consolador, o Espírito de Verdade, que virá restabelecer todas as coisas, isto é, dando a conhecer o sentido verdadeiro das minhas palavras, que os homens mais esclarecidos poderão enfim compreender, porá termo à luta fratricida que desune os filhos do mesmo Deus. Cansados, afinal, de um combate sem resultado, que traz consigo unicamente a desolação e a perturbação até ao seio das famílias, reconhecerão os homens onde estão seus verdadeiros interesses, com relação a este mundo e ao outro. Verão de que lado estão os amigos e os inimigos da tranquilidade deles. Todos então se porão sob a mesma bandeira: a da caridade, e as coisas serão restabelecidas na Terra, de acordo com a verdade e os princípios que vos tenho ensinado". (Obra citada, cap. XXIII, itens 9, 10, 11 e 16.)

117. Por que surgiram no mundo tantas seitas, muitas vezes conflitantes entre si, tendo por origem comum os Evangelhos? 

Infelizmente, os adeptos da nova doutrina não se entenderam quanto à interpretação das palavras do Mestre, veladas, as mais das vezes, pela alegoria e pelas figuras da linguagem. Daí nascerem numerosas seitas, pretendendo todas possuir de modo exclusivo a verdade. Olvidando o mais importante dos preceitos divinos, o que Jesus colocou por pedra angular do seu edifício e como condição expressa da salvação: a caridade, a fraternidade e o amor do próximo, tais seitas lançaram anátema umas sobre as outras, e umas contra as outras se atiraram, as mais fortes esmagando as mais fracas, afogando-as em sangue, aniquilando-as nas torturas e nas chamas das fogueiras. Vencedores do Paganismo, os cristãos, de perseguidos que eram, fizeram-se perseguidores. A ferro e fogo foi que se puseram a plantar a cruz do Cordeiro sem mácula. E, como ninguém ignora, as guerras de religião foram as mais cruéis e mais vítimas causaram do que as guerras políticas; além disso, em nenhuma outra se praticaram tantos atos de atrocidade e de barbárie. (Obra citada, cap. XXIII, item 15.)

118. Depois de haver enfrentado tantos inimigos poderosos, quais as lutas que o Espiritismo terá ainda de enfrentar? 

O Espiritismo veio para realizar, na época prevista, as promessas do Cristo. Entretanto, não o pode fazer sem destruir os abusos. Tal como Jesus, ele topa com o orgulho, o egoísmo, a ambição, a cupidez e o fanatismo cego, os quais, levados às suas últimas trincheiras, tentam barrar-lhe o caminho e lhe suscitam entraves e perseguições. Em face de tudo isso, ele terá também de combater, mas o tempo das lutas e das perseguições sanguinolentas passou. São, pois, de ordem moral as que terá de sofrer e próximo está o seu termo. (Obra citada, cap. XXIII, itens 16 e 17.)

119. Que proveito puderam as pessoas tirar das parábolas narradas por Jesus, que até para nós são, em alguns casos, incompreensíveis e ilógicas? 

É de notar que Jesus somente se exprimiu por parábolas sobre as partes de certo modo abstratas da sua doutrina. Mas, tendo feito da caridade para com o próximo e da humildade condições básicas da salvação, tudo o que disse a esse respeito é inteiramente claro, explícito e sem ambiguidade alguma. Assim devia ser, porque era a regra de conduta, regra que todos tinham de compreender para poderem observá-la. Era o essencial para a multidão ignorante, à qual ele se limitava a dizer: "Eis o que é preciso se faça para ganhar o reino dos céus." Sobre as outras partes, apenas aos discípulos desenvolvia o seu pensamento. Por serem eles mais adiantados, moral e intelectualmente, Jesus pôde iniciá-los no conhecimento de verdades mais abstratas. Daí o haver dito: Aos que já têm, ainda mais se dará. (Obra citada, cap. XXIV, itens 6 e 7.)

120. Por que Jesus recomendou a seus apóstolos não ir aos gentios, sem antes procurar as ovelhas perdidas da casa de Israel? 

Em muitas circunstâncias, Jesus mostra que suas vistas não se circunscrevem ao povo judeu, mas abrangem a Humanidade toda. Se, portanto, disse a seus apóstolos que não fossem ter com os pagãos, não é que desdenhasse da conversão deles, o que nada teria de caridoso; é que os judeus, que já acreditavam no Deus uno e esperavam o Messias, estavam preparados, pela lei de Moisés e pelos profetas, a lhes acolherem a palavra. Com os pagãos, onde até mesmo a base faltava, estava tudo por fazer e os apóstolos não se achavam ainda bastante esclarecidos para tão pesada tarefa. Foi por isso que lhes disse: "Ide em busca das ovelhas transviadas de Israel", isto é, ide semear em terreno já arroteado. Sabia que a conversão dos gentios se daria a seu tempo. Mais tarde, com efeito, os apóstolos foram plantar a cruz no centro mesmo do Paganismo. (Obra citada, cap. XXIV, itens 8 a 10.)

 

Observação:

Para acessar a Parte 14 deste estudo, publicada na semana passada, clique aqui: https://espiritismo-seculoxxi.blogspot.com/2021/02/o-evangelho-segundo-o-espiritismo-allan_18.html

 

 

 

 

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