sábado, 11 de setembro de 2021

 



Zilda Gama, uma educadora, escritora e médium de escol

 

JORGE LEITE DE OLIVEIRA

jojorgeleite@gmail.com

De Brasília-DF

             

Salve, leitor amigo!

Uma das médiuns brasileiras mais notáveis do início do século passado, que, entretanto, quase não é lembrada, é Zilda Gama. É comum ouvirmos referências a Chico Xavier, Yvonne do Amaral Pereira, Divaldo Franco e outros médiuns dos nossos tempos. Entretanto, quase ninguém se lembra de falar sobre Zilda Gama. Então, resolvi dedicar esta crônica a ela.

Nascida em Juiz de Fora, MG, em 11 de março de 1878, e desencarnada no Rio de Janeiro em 10 de janeiro de 1969, prestes a completar 91 anos, Zilda Gama foi professora, escritora e pioneira na defesa dos direitos femininos.

Como era comum, na época, teve dez irmãos, mas ao que sabemos, somente ela dedicar-se-ia à elevada missão da mediunidade psicográfica. Órfã de pais, desencarnados com intervalo de cinco meses, um do outro, aos 24 anos, assumiu a guarda de cinco irmãos menores. Pouco tempo depois, a irmã mais velha desencarna também, e Zilda assume a guarda de todos os seus cinco filhos.

Ainda assim, graduou-se em pedagogia e, em 1929, foi aprovada em concurso estadual realizado pela Secretaria de Educação sobre o tema "Aulas modelo" e, em seguida, foi nomeada diretora de escola pública de Minas Gerais.

De tal modo destacou-se no magistério, às artes e ao jornalismo que, após se transferir para o Rio de Janeiro, foi articulista de periódicos como a Gazeta de Notícias, o Jornal do Brasil e a Revista da Semana. Foi poeta e contista. Atuou em congresso feminino, em 1931, a favor do direito da mulher ao voto, que acabou sendo aprovado pelo Congresso Nacional.

Tornou-se espírita aos 34 anos, quando, em 1912, psicografou uma mensagem ditada pelo Espírito Allan Kardec. Este, segundo ela, nos quinze anos seguintes, foi seu mentor espiritual. As mensagens de Kardec psicografadas por Zilda Gama compõem a obra editada pela Federação Espírita Brasileira (FEB), titulada Diário dos Invisíveis.

Em 1916, Zilda psicografou a primeira novela chamada Na Sombra e na Luz, ditada pelo Espírito Victor Hugo, romancista, poeta, dramaturgo francês, autor de Os Miseráveis, O Corcunda de Notre-Dame etc. Nos anos seguintes, Zilda recebe de Hugo outras novelas, editadas pela FEB: Do Calvário ao Infinito; Redenção; Dor Suprema; Almas Crucificadas. Obras belíssimas, que retratam fatos reais.

Como demonstração da grandeza desse Espírito, eis o que, em síntese, ela diz quando, em 1917, oferece à FEB, para publicação, todas as obras que psicografara. Isto está sob o título In Limine da novela Na sombra e na luz: "Não tem outro mérito, senão o da lealdade, este conciso e despretensioso preâmbulo à novela epigrafada [...]". Em seguida, relata que, desde muito nova, sempre gostara de escrever poemas e contos, que publicava em jornais e revistas. Entretanto, em 1912, quando lia a obra de Léon Denis, intitulada O Problema do Ser, do Destino e da Dor, sentiu-se tomada por "um ser invisível", que logo depois soube ser seu pai desencarnado em 1903, e outro Espírito, que fora sua irmã desencarnada antes do pai, aos 21 anos. Ambos se ofereceram para orientá-la, durante alguns dias, e a fizeram adotar "deliberações" ainda não pensadas, que a auxiliaram muito em momento difícil pelo qual passava.

Na noite daquele mesmo dia, também passou a receber mensagens do Espírito Mercedes, um dos seus "desvelados guias espirituais". Esse Espírito avisou-a de que, a partir de então, passaria a receber comunicações "não só de Espíritos familiares", como também doutros renomados Espíritos. Surgiram então obras que compuseram seis livros, ditados por Allan Kardec, Victor Hugo e D. Pedro de Alcântara, além de "outros Espíritos tutelares". Todos grafados "celeremente, sem nenhuma corrigenda", que ela cita em seguida.

O relato é longo, portanto não cabe numa crônica, mas sugiro aos que me concedem a benevolência de ler, até aqui, que adquiriram a primeira de suas obras, ditada pelo Espírito Victor Hugo, onde lerão a belíssima, humilde e honesta declaração de Zilda Gama sobre como se deu sua conversão ao Espiritismo e a recepção mediúnica, a meu ver pela psicografia mecânica, de todas as suas obras espíritas, em especial das incríveis novelas ditadas pelo grande poeta e romancista universal, em espírito, o francês Victor Hugo. Eis o que diz o Portal Luz Espírita:

   

Conforme o testemunho do médium Divaldo Pereira Franco, a aproximação do Espírito Victor Hugo a Zilda Gama não foi um fato fortuito: ela, na precedente reencarnação, havia sido Léopoldine, filha daquele memorável espírita francês, cuja morte foi uma tragédia: aos dezenove anos, em plena lua de mel, caiu no Rio Sena e ali naufragou; seu esposo igualmente teve o mesmo fim, na tentativa de salvá-la. A tragédia, porém, foi providencial para que ele [Hugo] descobrisse a seriedade do Espiritismo; foram as manifestações de Léopoldine, nas célebres sessões mediúnicas, na ilha de Jersey, que o conquistaram para as realidades espirituais.

   

Sugestões de leitura:

Enciclopédia Espírita Online. Disponível em: https://www. luzespirita.org.br /index.php?lisPage=enciclopedia&item=Zilda%20Gama. Acesso em 06 de setembro de 2021.

HUGO, Victor (Espírito). Na Sombra e na Luz. Psicografia de Zilda Gama. Rio de Janeiro: Federação Espírita Brasileira, 2007, (coleção Victor Hugo).

 

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