quinta-feira, 21 de outubro de 2021

 



A Gênese

 

Allan Kardec

 

Parte 14

 

Continuamos o estudo metódico do livro “A Gênese, os Milagres e as Predições segundo o Espiritismo”, de Allan Kardec, com base na 36ª edição publicada pela Federação Espírita Brasileira, conforme tradução feita por Guillon Ribeiro.

Este estudo é publicado sempre às quintas-feiras.

Eis as questões de hoje:

 

105. Adão é o pai da espécie humana?

Não. Adão não pode ser considerado o pai da espécie humana. De acordo com o ensino dos Espíritos, foi uma colônia de Espíritos, vindos de outra esfera, que deu origem à raça simbolizada na pessoa de Adão e, por essa razão mesma, chamada raça adâmica. Quando eles aqui chegaram, a Terra já estava povoada desde tempos imemoriais, como a América, quando aí chegaram os europeus. Mais adiantada do que as que a tinham precedido neste planeta, a raça adâmica foi, com efeito, a mais inteligente e a que impeliu ao progresso todas as outras. O Gênesis no-la mostra, desde os seus primórdios, industriosa, apta às artes e às ciências, pois na verdade ela se compunha de Espíritos que já tinham progredido bastante. Como sabemos, segundo o Gênesis, Adão e seus descendentes, desde a segunda geração, constroem cidades, cultivam a terra, trabalham os metais, e são rápidos e duradouros seus progressos nas artes e nas ciências.

A raça adâmica apresenta todos os caracteres de uma raça proscrita. Os Espíritos que a integram foram exilados para a Terra, já povoada de homens primitivos, imersos na ignorância, que aqueles tiveram por missão fazer progredir, levando-lhes as luzes de uma inteligência desenvolvida. Sua superioridade intelectual prova que o mundo donde vieram os Espíritos que a compõem era mais adiantado do que a Terra. Havendo entrado aquele mundo em uma nova fase de progresso e não tendo tais Espíritos querido, pela sua obstinação, colocar-se à altura desse progresso, foram, em consequência, desterrados de lá e substituídos por outros que isso mereceram. (A Gênese, cap. XI, itens 38 a 41 e 45.)

106. Como os mundos progridem?

Os mundos progridem, fisicamente, pela elaboração da matéria e, moralmente, pela purificação dos Espíritos que os habitam. Sua felicidade está na razão direta da predominância do bem sobre o mal, e a predominância do bem resulta do adiantamento moral dos Espíritos. (Obra citada, cap. XI, itens 43 a 45.) 

107. Como o Espiritismo explica a doutrina dos "anjos decaídos" e a "perda do paraíso"? 

São duas alegorias, que têm sua origem nas emigrações coletivas de Espíritos para mundos inferiores àqueles que habitavam anteriormente, conforme se deu com a chamada raça adâmica. Que serão tais seres, entre essas outras populações ainda na infância da barbárie, senão anjos ou Espíritos decaídos? Não é, precisamente, para eles, um paraíso perdido o mundo de onde foram expulsos? Esse mundo não lhes era um lugar de delícias, em comparação com o meio ingrato onde passaram a viver? (Obra citada, cap. XI, itens 43 a 49.)

108. Considerando que a Gênese mosaica e a ciência não estão de pleno acordo entre si, qual é a causa dos erros manifestos existentes na Gênese mosaica?

A causa principal desses erros é uma só: a Gênese mosaica reflete o pensamento do seu autor, que, evidentemente, baseou-se nas ideias cosmogônicas da época em que viveu. Já a ciência, valendo-se do método experimental, não se funda em ideias preconcebidas mas, sim, na comprovação. (Obra citada, cap. XII, itens 3, 4, 9 e 10.)

109. Que significa a alegoria da mulher sendo formada de uma costela de Adão?

Essa alegoria, aparentemente pueril se admitida ao pé da letra, mas profunda quanto ao sentido, tem por fim mostrar que a mulher é da mesma natureza que o homem e igual a ele perante Deus e não uma criatura à parte, feita para ser escravizada e tratada como uma pessoa de ínfima condição. Tendo-a como saída da própria carne do homem, a imagem da igualdade é bem mais expressiva do que se ela fora tida como formada, separadamente, do mesmo limo. Equivale a dizer ao homem que ela é sua igual e não sua escrava, que ele a deve amar como parte de si mesmo. (Obra citada, cap. XII, item 11.)

110. Tendo em vista os erros contidos na Gênese mosaica, o Espiritismo propõe-nos que a rejeitemos? 

Não. Não devemos rejeitá-la, mas estudá-la, como se estuda a história da infância dos povos. Trata-se de uma época rica de alegorias, cujo sentido oculto se deve pesquisar, as quais se devem comentar e explicar com o auxílio das luzes da razão e da ciência. Evidentemente, no mesmo passo que devemos ressaltar suas belezas poéticas e seus ensinamentos velados pela forma imaginosa, cumpre se lhe apontem expressamente os erros, no próprio interesse da religião. Esta será muito mais respeitada quando esses erros deixarem de ser impostos à fé como verdade, e Deus parecerá maior e mais poderoso quando não lhe envolverem o nome em fatos de pura invenção. (Obra citada, cap. XII, item 12.)

111. Que falta tão grande cometida por Adão e Eva acarretou a punição de todos os seus descendentes?

Nenhum teólogo a pôde definir logicamente, porque todos, apegados à letra, giraram dentro de um círculo vicioso. Sabemos hoje que essa falta não foi um ato isolado, pessoal, de um indivíduo, mas que compreende, sob um único fato alegórico, o conjunto das prevaricações de que a Humanidade da Terra, ainda imperfeita, pode tornar-se culpada e que se resumem nisto: infração da lei de Deus. Eis por que a falta do primeiro homem, simbolizando este a Humanidade, tem por símbolo um ato de desobediência. Mas o que constitui para a Teologia um beco sem saída, o Espiritismo o explica sem dificuldade e de maneira racional, pela anterioridade da alma e pela pluralidade das existências, lei sem a qual tudo é mistério e anomalia na vida do homem.

Admitamos que Adão e Eva já tivessem vivido e tudo logo se justifica. Deus não lhes fala como a crianças, mas como a seres em estado de o compreenderem e que o compreendem, porque trazem aquisições anteriormente realizadas. Admitamos, ainda, que hajam vivido em um mundo mais adiantado e menos material do que o nosso, onde o trabalho do Espírito substituía o do corpo; que, por se haverem rebelado contra a lei de Deus, figurada na desobediência, tenham sido afastados de lá e exilados, por punição, para a Terra, onde o homem, pela natureza do globo, é constrangido a um trabalho corporal, e reconheceremos que a Deus assistia razão para lhes dizer: «No mundo onde, daqui em diante, ides viver, cultivareis a terra e dela tirareis o alimento, com o suor da vossa fronte»; e, à mulher: «Parirás com dor», porque tal é a condição do nosso mundo, especialmente naquela época.

O paraíso terrestre, cujos vestígios têm sido inutilmente procurados na Terra, era, por conseguinte, a figura do mundo ditoso onde vivera Adão, ou, antes, o grupo de Espíritos que ele personifica. A expulsão do paraíso marca o momento em que esses Espíritos vieram reencarnar entre os habitantes do mundo terráqueo e a mudança de situação foi a consequência da expulsão. (Obra citada, cap. XII, itens 19 a 23.)

112. De acordo com o Espiritismo, Adão e Eva representam que tipo de povo?

Adão e Eva simbolizam um grupo de Espíritos que, por se haverem rebelado contra a lei de Deus, foram exilados para o nosso planeta, fato que deu origem a várias alegorias como a perda do paraíso, a doutrina dos anjos decaídos e aquele que a Igreja mais tarde estabeleceu como dogma – o pecado original. Punidos por sua rebeldia, eles expiaram na Terra seus erros e, ao mesmo tempo, contribuíram para o progresso material e intelectual do planeta. (Obra citada, cap. XII, itens 22 e 23.)

 

 

Observação: Para acessar a Parte 13 deste estudo, clique aqui: https://espiritismo-seculoxxi.blogspot.com/2021/10/a-genese-allan-kardec-parte-13.html

 

 

 

 

 

 

 

Como consultar as matérias deste blog? Se você não conhece a estrutura deste blog, clique neste link: https://goo.gl/ZCUsF8, e verá como utilizá-lo.

 

 

Nenhum comentário:

Postar um comentário