Temas da Vida e da Morte
Manoel Philomeno de Miranda
Parte 6
Continuamos nesta edição o estudo metódico e sequencial do livro Temas da Vida e da Morte, de Manoel Philomeno de Miranda, obra psicografada por Divaldo P. Franco.
Eis as questões de hoje:
41. Podemos afirmar que, em sendo mutável a vida, o que hoje
é dissabor amanhã será bonança?
Evidentemente. Nada
como um dia depois do outro. A experiência nos mostra que a sucessão das
ocorrências muda a cada instante o quadro em que se vive. O que ora é desgraça,
logo cede lugar à esperança; o que se apresenta como dissabor, de imediato se
converte em bonança; o que se manifesta como desdita, a seguir se modifica para
alegria; o que hoje é dor insuportável, amanhã é dor aceitável. Não existe,
pois, motivo real para desespero e muito menos para o ato suicida. (Temas da Vida e da Morte - Suicídio sem
dor, pp. 101 e 102.)
42. O suicida consegue, com seu ato, evadir-se de si mesmo,
de sua consciência?
Não. O suicida
jamais se libera, como é natural, dos resultados nefários do seu gesto, por
ferir, na agressão furiosa, o mecanismo do instinto de conservação da vida, que
governa a existência animal e que o homem possui como fator para sua
preservação. Orgulhoso ou pusilânime, irresponsável ou não, o suicida não se
evade de si mesmo, de sua consciência; torna-se, aliás, o seu próprio algoz
cujas penas o gesto lhe impõe e que resgatará em injunções mil vezes mais
afligentes do que na forma em que ora se apresentam. A consciência humana é
indestrutível; portanto, o suicídio de qualquer espécie é arrematada loucura, um
salto no desconhecido abismo da imprevisível desesperação. (Obra citada -
Suicídio sem dor, pp. 102 a 104.)
43. Podemos dizer que a culpa se encontra na origem das
enfermidades mentais?
Sim. Na psicogênese
profunda das enfermidades mentais, sempre depararemos com um Espírito
assinalado por problemas e dívidas que o afligem, encarcerado na dor de que se
não pode evadir. Isso não se dá, porém, apenas na problemática dos distúrbios
psíquicos, mas em toda e qualquer situação de sofrimento, particularmente
quando no envoltório carnal, sob as graves injunções das limitações orgânicas.
Responsável por si mesmo, é o Espírito quem modela a aparelhagem de que se
utilizará, em cada encarnação, como decorrência imediata e inevitável do
comportamento que se permitiu na experiência anterior. (Obra citada - Horas de angústia,
pp. 105 e 106.)
44. A obsessão está presente também nas alienações mentais?
Em alguns casos,
sim. É o que pode ocorrer quando os deslizes e crimes perpetrados pelo Espírito
culpado envolveram outras criaturas que não tiveram o valor de perdoar e
esquecer, sem atinarem que sofrimento é prova redentora, e se decidem pela
cobrança inditosa. Eles reencontram, no tempo, sob outra forma, o infrator que
se lhes fez inimigo, passando a investir, furibundos e inditosos, em desforços
que se alongam, gerando quadros de obsessões dilaceradoras que são adicionados
à problemática pessoal do delinquente em desequilíbrio. Não descartamos,
portanto, nos portadores de alienações mentais a obsessão, apesar de
reconhecermos os fatores atuais catalogados e estudados pelas “ciências da
mente”. (Obra citada - Horas de angústia, pp. 106 e 107.)
45. Diz-se que é tênue a linha demarcadora entre saúde e
doença mental. É verdade tal ideia?
Sim. A linha
demarcadora entre saúde e doença, no seu curso sinuoso, encontra, na área das
enfermidades mentais, menos campo de limitação, pelo fato de o indivíduo
transitar de um para o outro estado com frequência e facilidade. Sendo muito
complexa a definição de normalidade mental, os dados que lhe estabelecem as
expressões não podem ser aplicados com êxito, em se considerando a quase
infinita gama de comportamentos humanos. (Obra citada - Saúde mental, pp. 110 e
111.)
46. É correta a ideia de que, na sucessão das existências,
somos herdeiros de nós próprios?
Sim. O Espírito é
responsável pelo próprio crescimento, na direção da fatalidade para a qual está
destinado, que é a perfeição relativa a atingir. Arquiteto do destino, mediante
as leis da justiça que nele se encontram em germe, representando a Consciência
Cósmica, tudo quanto faz se lhe transforma em bênção ou desdita, conforme a
qualidade da ação desenvolvida. Graças a isso, torna-se herdeiro de si mesmo no
largo processo de evolução no qual se encontra situado. (Obra citada - Saúde
mental, pp. 111 e 112.)
47. Inúmeros distúrbios da mente podem ter por causa
suicídios cometidos no passado?
Sim. Idiotia,
imbecilidade, atraso mental são, geralmente, remanescentes de suicídios
espetaculares, quando a rebeldia e o orgulho exacerbado estilhaçaram a casa
mental em uma utópica tentativa de fuga à responsabilidade, assim perdendo o
corpo, mas não se liberando dos fenômenos desencadeados, que ora exigem
reparação, recuperação. (Obra citada - Saúde mental, pp. 112 e 113.)
48. Os vícios acalentados durante a existência corpórea
repercutem na vida espiritual?
Evidentemente. Os
vícios estabelecem necessidades poderosas após a morte, exigindo que seus
aficionados busquem o prosseguimento da insânia na vinculação a companheiros
terrenos, igualmente descuidados, o que gera obsessões de largo porte.
Outrossim, se não ocorrer essa ligação parasitária, só o tempo, largo ou breve,
conforme o maior ou menor envolvimento da vítima, logra desagregar as
partículas morbíficas que penetram o perispírito e nele se instalam produzindo
o prolongamento da desdita. (Obra citada - Enfermagem espiritual libertadora,
pp. 115 e 116.)
Observação:
Para acessar a Parte 5 deste estudo, publicada na semana
passada, clique aqui: https://espiritismo-seculoxxi.blogspot.com/2021/10/temas-da-vida-e-da-morte-manoel.html
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