quinta-feira, 28 de outubro de 2021

 



A Gênese

 

Allan Kardec

 

Parte 15

 

Continuamos o estudo metódico do livro “A Gênese, os Milagres e as Predições segundo o Espiritismo”, de Allan Kardec, com base na 36ª edição publicada pela Federação Espírita Brasileira, conforme tradução feita por Guillon Ribeiro.

Este estudo é publicado sempre às quintas-feiras.

Eis as questões de hoje:

 

113. O "paraíso terrestre" referido na Bíblia significa o quê, de acordo com o ensino espírita?

O paraíso terrestre simboliza a figura do mundo ditoso onde vivera o grupo de Espíritos que Adão e Eva personificam. A expulsão do paraíso marca o momento em que esses Espíritos vieram encarnar entre os habitantes do mundo terráqueo e a mudança de situação foi a consequência da expulsão. (A Gênese, cap. XII, item 23.)

114. Que ensinamento podemos colher do relato da fuga de Caim e de seu casamento numa cidade distante?

Segundo o relato bíblico, tendo-se retirado para outra região depois de haver assassinado o irmão, Caim não tornou a ver seus pais, que de novo ficaram isolados. Só muito mais tarde, na idade de 130 anos, foi que Adão teve um terceiro filho, que se chamou Seth. Quando, pois, Caim foi estabelecer-se a leste do Éden, somente havia na Terra três pessoas: seu pai, sua mãe e ele, sozinho. Entretanto, Caim teve mulher e um filho. Que mulher podia ser essa e onde pudera ele desposá-la? O texto hebreu diz que ali ele construiu uma cidade em homenagem ao seu primeiro filho. Ora, uma cidade pressupõe a existência de habitantes, visto não ser de presumir que Caim a fizesse para si, sua mulher e seu filho, nem que a pudesse edificar sozinho. Dessa narrativa podemos, assim, inferir que a região era povoada. Aliás, a presença de outros habitantes, além da família de Adão, ressalta igualmente destas palavras de Caim: «Serei fugitivo e vagabundo e quem quer que me encontre matar-me-á» e da resposta que Deus lhe deu. Quem poderia ele temer que o matasse e que utilidade teria o sinal que Deus lhe pôs para preservá-lo de ser morto, uma vez que ele a ninguém iria encontrar? Uma única conclusão, então, se nos afigura razoável: - Se havia na Terra outros homens afora a família de Adão, é que esses homens aí estavam antes dele, donde se deduz esta consequência, tirada do texto mesmo da Gênese: Adão não foi nem o primeiro, nem o único pai do gênero humano. (Obra citada, cap. XII, item 25.)

115. Que significa o vocábulo milagre, em seu verdadeiro sentido etimológico, e quais os seus caracteres?

Na acepção etimológica, a palavra milagre (de mirari, admirar) significa admirável, coisa extraordinária, surpreendente. A Academia definiu-a deste modo: Um ato do poder divino contrário às leis da Natureza, conhecidas. Na acepção usual, portanto, essa palavra perdeu, como tantas outras, a significação primitiva. De geral que era, tornou-se de aplicação restrita a uma ordem particular de fatos. No entender das massas, um milagre implica a ideia de um fato extranatural; no sentido teológico, é uma derrogação das leis da Natureza, por meio da qual Deus manifesta seu poder. Tal, com efeito, a acepção vulgar, que se tornou o sentido próprio, de modo que só por comparação e por metáfora a palavra se aplica às circunstâncias ordinárias da vida. (Obra citada, cap. XIII, itens 1 e 2.)

116. Que ensina o Espiritismo acerca dos fatos ditos milagrosos? 

O Espiritismo nos mostra que os fatos ditos milagrosos fazem parte da própria Natureza e que, portanto, o milagre e o sobrenatural não existem. Longe de ampliar o domínio do sobrenatural, o Espiritismo o restringe até os seus limites extremos e lhe arrebata o último refúgio. Se é certo que ele faz crer na possibilidade de alguns fatos, não menos certo é que, por outro lado, impede a crença em diversos outros, porque demonstra, no campo da espiritualidade, o que é possível e o que não o é. Todavia, como não alimenta a pretensão de haver dito a última palavra seja sobre o que for, nem mesmo sobre o que é de sua competência, ele não se apresenta como absoluto regulador do possível e deixa de parte os conhecimentos que estão, obviamente, reservados para o futuro. (Obra citada, cap. XIII, itens 4 e 8.)

117. Em que consistem os fenômenos espíritas? 

Os fenômenos espíritas consistem nos diferentes modos pelos quais se dá a manifestação dos Espíritos – estejam encarnados ou desencarnados, isto é, libertos do corpo físico. É pelas manifestações que produz que o Espírito ou alma revela sua existência, sua sobrevivência e sua individualidade. Julga-se dela pelos seus efeitos e são esses efeitos que constituem o objeto especial das pesquisas e do estudo do Espiritismo, a fim de chegar-se a um conhecimento tão completo quanto possível da natureza e dos atributos dos Espíritos, bem como das leis que regem o princípio espiritual.

Os fenômenos espíritas são as mais das vezes espontâneos e se produzem sem nenhuma ideia preconcebida de parte das pessoas com quem eles se dão e que, em regra, são as que neles menos pensam. Alguns há que, em certas circunstâncias, podem ser provocados pelos agentes denominados médiuns. No primeiro caso, o médium é inconsciente do que é produzido por seu intermédio; no segundo, age com conhecimento de causa, donde a classificação de médiuns conscientes ou voluntários e médiuns inconscientes ou involuntários. (Obra citada, cap. XIII, itens 9 e 13.)

118. Qual a variedade de médiuns mais numerosa? 

Os médiuns inconscientes ou involuntários são os mais numerosos e, com frequência, encontrados entre os mais obstinados incrédulos, que praticam, assim, o Espiritismo sem querer e sem o saber. (Obra citada, cap. XIII, item 12.)

119. Deus faz milagres? 

Não, Deus não faz milagres, porque, sendo perfeitas suas leis, não lhe é necessário derrogá-las. Entendemos que, não sendo necessários os milagres para a glorificação de Deus, nada no Universo se produz fora do âmbito das leis gerais. Claro que, nada sendo impossível ao Criador, ele pode, sim, fazer milagres. Mas por que os faria? Para atestar o seu poder, dizem. Mas o poder de Deus não se manifesta de maneira muito mais imponente pelo grandioso conjunto das obras da Criação, pela sábia previdência que essa criação revela, assim nas partes mais gigantescas como nas menores, e pela harmonia das leis que regem o mecanismo do Universo, do que por algumas pequeninas e pueris derrogações? (Obra citada, cap. XIII, itens 15 e 16.)

120. O sobrenatural é o fundamento de toda religião, inclusive do Cristianismo?

Se é, não deveria ser. Pretender que o sobrenatural seja o fundamento de toda religião, que ele é o fecho da abóbada do edifício cristão, é sustentar perigosa tese. Assentar exclusivamente as verdades do Cristianismo sobre a base do maravilhoso é dar-lhe fraco alicerce, cujas pedras facilmente se soltam. Essa tese, de que se constituíram defensores eminentes teólogos, leva-nos à conclusão de que, em breve tempo, já não haverá religião possível, nem mesmo a cristã, desde que se chegue a demonstrar que é natural o que antes se considerava sobrenatural. O Espiritismo considera de um ponto mais elevado a religião cristã; dá-lhe base mais sólida do que a dos milagres, ou seja, as imutáveis leis de Deus, a que obedecem tanto o princípio espiritual como o princípio material. (Obra citada, cap. XIII, item 18.)

 

 

Observação: Para acessar a Parte 14 deste estudo, clique aqui: https://espiritismo-seculoxxi.blogspot.com/2021/10/a-genese-allan-kardec-parte-14.html

 

 

 

  

 

 

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