As tentações e a experiência de Paulo de
Tarso
ASTOLFO
O. DE OLIVEIRA FILHO
aoofilho@gmail.com
De Londrina-PR
O
tema tentação, bastante conhecido no meio espírita, já foi tratado várias vezes
neste mesmo espaço.
Como
já dissemos, dada a sua condição de mundo de provas e expiações, ninguém na
Terra é perfeito; logo, estamos todos sujeitos às tentações, que nos acompanham
pela vida afora até que tenhamos integral império sobre elas, motivo pelo qual
não podemos esquecer, em momento nenhum de nossa vida, esta conhecida recomendação
feita por Jesus: “Vigiai e orai para não cairdes em tentação”.
Se
não tivermos tal ideia presente em nossa mente, de forma contínua, não tenhamos
dúvida: poderemos cair novamente nas mesmas redes em que já sucumbimos no
passado.
Toda
vez que se fala em tentação vem-nos à mente a palavra obsessão. É comum o
pensamento de que a tentação nos acomete por influência de alguém, quem sabe um
Espírito que nos deseja o mal ou que, estando infeliz, quer-nos ver também
infeliz.
Essa
ideia é, contudo, falsa. Como já alertara Tiago em sua extraordinária carta
apostólica (1:14), “cada um é tentado, quando atraído e engodado pela sua
própria concupiscência”. A palavra concupiscência [do latim concupiscentia] significa desejo intenso
de bens ou gozos materiais; apetite sexual.
Não
é preciso, portanto, a um homem, que traz para a existência atual tendências e
inclinações cultivadas em sucessivas experiências, ajuda de ninguém. Suas
próprias perturbações lhe bastam, o que certamente foi o motivo que levou
Kardec a escrever que o homem não raro é o obsessor de si mesmo.
As
tentações, como sabemos, não se limitam à questão dos apetites sexuais. Há quem não consegue reprimir o desejo
intenso de jogar, do mesmo modo que existem pessoas que não conseguem viver
longe do álcool ou do cigarro.
As
experiências relatadas por Paulo de Tarso em suas cartas podem servir de
estímulo àqueles que desejam sobrepor-se às tentações que os assediam.
Em
certo momento de sua vida, conforme escreveu na carta aos Romanos (7:15-20),
Paulo desabafou: “Não entendo, absolutamente, o que faço, pois não faço o que
quero; faço o que aborreço”. E mais à frente: “Não faço o bem que quereria, mas
o mal que não quero. Ora, se faço o que não quero, já não sou eu que faço, mas
sim o pecado que em mim habita”.
Os
anos se passaram e, graças a seus esforços na prática do bem e à maturidade que
a experiência lhe trouxe, Paulo transformou-se de forma notável, como ele
próprio escreveu em sua carta aos Gálatas (2:20): “Já estou crucificado com Cristo;
e vivo, não mais eu, mas Cristo vive em mim; e a vida que agora vivo na carne,
vivo-a na fé do Filho de Deus, o qual me amou, e se entregou a si mesmo por
mim”.
Lembremo-nos
da experiência de Paulo e, diante dos pensamentos equivocados que certamente
nos assediarão ao longo da jornada, fixemos em nossa mente – além do “Vigiai e
Orai” recomendado por Jesus – esta outra importante lição assinada igualmente
pelo Apóstolo dos Gentios: “Todas as coisas me são lícitas, mas nem todas as
coisas me convêm. Todas as coisas me são lícitas, mas eu não me deixarei
dominar por nenhuma”. (1ª Epístola aos Coríntios, 6:12.)
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