Sexo e Destino
André Luiz
Parte 13 e final
Concluímos hoje o estudo da obra Sexo e Destino, de André Luiz, psicografada pelos médiuns Waldo Vieira e Francisco Cândido Xavier e publicada em 1963 pela Federação Espírita Brasileira.
Na próxima quarta-feira iniciaremos o estudo do livro E a vida continua..., do mesmo autor, psicografado
pelo médium Francisco Cândido Xavier e publicado em 1968 pela Federação
Espírita Brasileira.
Eis as oito últimas questões do estudo:
97. Que reação
teve Nemésio, então hemiplégico, ao ver seu filho Gilberto e Marina?
Ao vê-los, Nemésio intentou soerguer a carcaça dorida, sem
conseguir articular qualquer palavra, embora o tentasse. André Luiz e seus
amigos registraram, porém, seus pensamentos e viram que ele implorava aos
filhos benevolência, compaixão... Contemplando Marina (agora na condição de
nora) pelo véu de pranto, lastimou na linguagem inarticulada do cérebro:
"Marina!... Marina!... sou um infeliz... Perdão pelo amor de Deus!...
Perdão pelas cartas afrontosas, perdão pelo meu crime!... Eu estava louco, no
momento em que arrojei o automóvel no corpo de seu pai!... Diga, diga se ele
morreu... Perdão, perdão!..." (Sexo
e Destino, 2ª parte, capítulo XIII, pp. 332 e 333.)
98. Beatriz se
surpreendeu ao ver Nemésio, seu ex-esposo, naquelas condições?
Sim. Beatriz (Espírito), entusiasmada pela volta ao Rio,
suspirava, além de rever esposo e filho, reavistar também a antiga moradia. No
Flamengo, porém, o encontro com Nemésio constituiu para ela um choque. Ao vê-lo
desfigurado, na postura dos paralíticos, ela empalideceu. Enleando-se a ele,
passou então a crivá-lo de perguntas lastimosas. Por que mudara tanto em dois
anos apenas? que lhe acontecera para se relegar a semelhante ruína física? que
fizera? por quê? por quê? Nemésio não assinalava as carícias e as perguntas da
esposa, mas quedou-se tocado de fundas reminiscências. Passou a pensar em
Beatriz e reconstituía-lhe a imagem no imo do ser. Ah! – refletia o enfermo –
se os mortos pudessem amparar os vivos, segundo a crença de tantos, certamente
Beatriz se compadeceria dele, estendendo-lhe as mãos!... Ignorando que
respondia às perguntas da esposa, ali colada a ele, revisou então todos os
acontecimentos posteriores à morte dela, como que a lhe prestar severas contas,
exibindo para a companheira e para os demais, qual num filme pujante, a verdade
toda, até o instante em que se precipitara no crime. (Obra citada, 2ª parte,
capítulo XIII, pp. 333 a 335.)
99. É verdade
que Beatriz ficou tão abalada que acabou enlouquecendo?
Sim. A pobre irmã enlouquecera e, depois de quatro dias,
dementada, deu entrada no instituto “Almas Irmãs”. Duas semanas de trabalho
vigoroso e atenção constante se esvaíram, infrutiferamente, até que um dos
médicos que a assistiam recomendou sua internação em hospital adequado, a fim
de que lhe fosse aplicada a sonoterapia, com algum exercício de narcoanálise,
para que se lhe exumassem as recordações possíveis da existência anterior, com
a cautela devida, de modo a que não se precipitasse em mergulhos de memória
alusivos a períodos precedentes. O parecer foi acatado. (Obra citada, 2ª parte,
capítulo XIII, pp. 337 a 339.)
100. Na
existência precedente os personagens principais deste livro tiveram algum
relacionamento?
Sim. Numa ligeira regressão da memória a uma outra
precedente existência, Beatriz (que se chamara então Leonor da Fonseca Teles)
rememorou os lances principais desse relacionamento que envolveram os mesmos
personagens: Beatriz, Nemésio Torres, Márcia, Cláudio, Marina e Marita.
Curiosamente, as anotações do Arquivo mantido pelo instituto indicavam as
épocas exatas em que eles voltaram à existência corpórea, depois de estagiarem
algum tempo no instituto “Almas Irmãs”. É de notar também que o irmão Félix
fizera parte desse grupo familiar na época rememorada por Beatriz. (Obra
citada, 2ª parte, capítulo XIII, pp. 342 a 344.)
101. Que papel
teve Félix nos infelizes acontecimentos ocorridos naquela ocasião?
O irmão Félix fora Álvaro, filho de Leonor (atual Beatriz).
Seu papel na sucessão de ocorrências infelizes relatadas por Beatriz foi
decisivo, motivo pelo qual, reconhecendo sua culpa, decidiu reencarnar. Segundo
ele mesmo explicou, a Misericórdia Divina, à medida que o Espírito se
esclarece, entrega ao tribunal da própria consciência o dever de se corrigir e
de se harmonizar com as leis do Eterno Equilíbrio, sem necessidade do apelo a
disposições compulsórias. Em face disso, daquela hora em diante tornaria
pública a decisão de se recolher aos trabalhos preparatórios do renascimento na
arena física. Confessou, então, que a delinquência sexual gerara para ele
responsabilidades semelhantes às de um malfeitor que dilapidasse um edifício ou
uma cidade, através de explosões em cadeia. Lesando os sentimentos de uma
mulher respeitável até então, identificava-se, diante dos princípios de causa e
efeito, culpado até certo ponto por todos os delitos de natureza emotiva por
ela cometidos, uma vez que, após abandoná-la, impelindo-a deliberadamente à
deslealdade e à aventura, podia compará-la a uma bomba, por ele preparada na
direção de quantos a pobre criatura prejudicara, como querendo vingar no
próximo o duro revés que ele lhe infligira. (Obra citada, 2ª parte, capítulo
XIII, pp. 344 e 345.)
102. Como foi a
despedida de Félix do instituto “Almas Irmãs”?
A despedida foi, obviamente, muito emocionante. No auditório
onde ocorreu a transmissão do cargo de direção do instituto para o irmão Régis,
duzentos enfermos, previamente selecionados, foram acomodados na primeira fila.
Ao chegar ao local, Félix instalou-se entre o Ministro da Regeneração, que
representava o Governador da colônia "Nosso Lar", e o irmão Régis,
que o substituiria. Quinhentas vozes infantis cantaram em coro dois hinos que
tocaram o coração de todos. O primeiro se intitulava "Deus te
abençoe"; o segundo, "Volta breve, amado amigo!". Terminados os
derradeiros acordes da orquestra, os duzentos enfermos desfilaram diante de
Félix, em nome do instituto, que delegava a eles o júbilo de apertar-lhe as
mãos, ofertando-lhe flores. A transmissão de cargo foi simples, com a leitura
de um termo referente à modificação. Cumprido o preceito, o Ministro da
Regeneração abraçou o irmão que partia e empossou Régis, que ficava. O novo
diretor, com a voz de quem chorava por dentro, expressou-se, breve, suplicando
ao Senhor abençoasse o companheiro de regresso à reencarnação, hipotecando-lhe,
simultaneamente, votos de triunfo nas lides que esposava. Em seguida, convidou
Félix a usar a palavra. (Obra citada, 2ª parte, capítulo XIV, pp. 348 e 349.)
103. Que idade
tinha o menino Félix reencarnado quando André Luiz teve permissão de visitá-lo?
Filho do casal Marina e Gilberto, o irmão Félix, que agora
se chamava Sérgio Cláudio, contava quatro anos de idade, mas já entremostrava
serenidade e lucidez nos pensamentos e nas palavras. Ao vê-lo, André Luiz
quedou-se impressionado, ignorando como externar sua alegria. Era ele mesmo,
com a chama daqueles olhos inesquecíveis, conquanto brilhasse num corpo de
criança despreocupada. Nemésio desencarnara um ano antes, em seguida a
escabrosos padecimentos que duraram três anos. Segundo André Luiz, verdadeiras
maltas de obsessores ameaçavam o apartamento de Botafogo, quando o pobre
companheiro se achava prestes a partir. Ele foi, então, assim que desencarnou, internado
num manicômio respeitável, mantido pelo "Almas Irmãs" em região
purgatorial de trabalho restaurativo, onde continuaria em tratamento vagaroso.
(Obra citada, 2ª parte, capítulo XIV, pp. 352 e 353.)
104. Como foi o
encontro de Márcia com seu neto Sérgio Cláudio, que fora seu grande amor em
existência passada?
O menino, assim que viu a avó, atirou-se a ela, gritando,
comovedoramente: "Ah! vovó! Vovozinha!... Vovozinha!..." Márcia
estendeu maquinalmente os braços para acolher aqueles braços diminutos que a
enlaçavam. O minúsculo coração, que passou a bater de encontro ao dela,
figurou-se-lhe um pássaro de luz que descia dos céus a pousar-lhe no tórax
abatido. Ela fez menção de beijar o pequenino, mas recônditas impressões de
felicidade e de angústia lhe infundiam sensações de amor e medo. Por que o
netinho lhe despertava tão contraditórios pensamentos? Sérgio Cláudio, porém,
antes que ela se decidisse a acariciá-lo, levantou a cabeça e cobriu-lhe o
rosto de beijos, e não houve mecha de cabelos que não alisasse com dedos
ternos, nem ruga que não afagasse com os lábios enternecidos. O neto querido
prendera-lhe, firmemente, o coração. (Obra citada, 2ª parte, capítulo XIV, pp.
356 e 357.)
Observação:
Para acessar a Parte 12 deste estudo, publicada na semana
passada, clique aqui: https://espiritismo-seculoxxi.blogspot.com/2021/11/blog-post_10.html
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