A Gênese
Allan Kardec
Parte 17
Continuamos o estudo metódico do livro “A Gênese, os Milagres e as Predições segundo o Espiritismo”, de Allan Kardec, com base na 36ª edição publicada pela Federação Espírita Brasileira, conforme tradução feita por Guillon Ribeiro.
Este estudo é publicado sempre às
quintas-feiras.
Eis as questões de hoje:
129. Os
Espíritos cujo perispírito é bastante grosseiro chegam a confundi-lo com o
corpo carnal?
Sim. Há Espíritos cujo envoltório fluídico, se bem
que etéreo e imponderável com relação à matéria tangível, ainda é por demais denso
com relação ao mundo espiritual, para não permitir que eles saiam do meio que
lhes é próprio. Nessa categoria se devem incluir aqueles cujo perispírito é tão
grosseiro que eles o confundem com o corpo carnal, razão por que continuam a
crer-se vivos. Esses Espíritos, cujo número é avultado, permanecem na
superfície da Terra, como os encarnados, julgando-se entregues às suas
ocupações terrenas. (A Gênese, cap.
XIV, item 9.)
130. A
natureza do perispírito tem alguma relação com o adiantamento moral do
Espírito?
Sim. A natureza do envoltório fluídico está sempre
em relação com o grau de adiantamento moral do Espírito. (Obra citada, cap. XIV, itens 9 e 10.)
131. Os
Espíritos necessitam do elemento chamado fluido etéreo?
Sim. O meio está sempre em relação com a natureza
dos seres que têm de nele viver: os peixes, na água; os seres terrestres, no
ar; os seres espirituais, no fluido espiritual ou etéreo, mesmo que estejam na
Terra. O fluido etéreo está para as necessidades do Espírito como a atmosfera
para as necessidades dos encarnados. Ora, do mesmo modo que os peixes não podem
viver no ar; que os animais terrestres não podem viver numa atmosfera muito
rarefeita para seus pulmões, os Espíritos inferiores não podem suportar o
brilho e a impressão dos fluidos mais etéreos. Não morreriam no meio desses
fluidos, porque o Espírito não morre, mas uma força instintiva os mantém
afastados dali, como a criatura terrena se afasta de um fogo muito ardente ou
de uma luz muito deslumbrante. (Obra citada, cap. XIV, item 11.)
132.
Como os Espíritos atuam sobre os fluidos?
Os Espíritos atuam sobre os fluidos espirituais não
manipulando-os como os homens manipulam os gases, mas empregando o pensamento e
a vontade. Para os Espíritos, o pensamento e a vontade são o que a mão é para o
homem. Pelo pensamento, eles imprimem àqueles fluidos tal ou qual direção, os
aglomeram, combinam ou dispersam, organizam com eles conjuntos que apresentam
uma aparência, uma forma, uma coloração determinadas; mudam-lhes as
propriedades, como um químico muda a dos gases ou de outros corpos
combinando-os segundo certas leis. É a grande oficina ou laboratório da vida
espiritual. Algumas vezes, essas transformações resultam de uma intenção;
doutras, são produto de um pensamento inconsciente. Basta que o Espírito pense
uma coisa para que esta se produza, como basta que modele uma ária para que
esta repercuta na atmosfera. (Obra citada, cap. XIV, item 14.)
133.
Como é que os Espíritos criam os objetos que estejam habituados a usar?
Por efeito análogo ao descrito na questão anterior,
o pensamento do Espírito cria fluidicamente os objetos que ele esteja habituado
a usar. Assim, um avarento manuseará ouro, um militar trará suas armas e seu
uniforme, um fumante o seu cachimbo, um lavrador a sua charrua e seus bois, uma
mulher velha a sua roca. Para o Espírito, cujo envoltório perispiritual é
também fluídico, esses objetos fluídicos são tão reais, como o eram, no estado
material, para o homem. (Obra citada, cap. XIV, item 14.)
134. O
pensamento pode refletir-se no envoltório perispirítico como se aí ele se
fotografasse?
Sim. Sendo os fluidos o veículo do pensamento, este
atua sobre os fluidos como o som sobre o ar; eles nos trazem o pensamento, como
o ar nos traz o som. Criando imagens fluídicas, o pensamento se reflete no
envoltório perispirítico, como num espelho; toma nele corpo e aí de certo modo
se fotografa. (Obra citada, cap. XIV, item 15.)
135. É
a partir desse fato que é possível aos Espíritos ler os nossos pensamentos mais
recônditos?
Sim. Conforme dito na questão anterior, os mais
secretos movimentos da alma repercutem no envoltório fluídico, o que permite
que uma alma leia noutra alma como num livro, e ver o que não é perceptível aos
olhos do corpo. (Obra citada, cap. XIV, item 15.)
136. Os
fluidos possuem qualidades peculiares a eles mesmos?
Não. Os fluidos não possuem qualidades sui generis,
mas sim as que adquirem no meio onde se elaboram. Modificam-se pelos eflúvios
desse meio, como o ar pelas exalações e a água pelos sais das camadas que atravessa.
Conforme as circunstâncias, suas qualidades são temporárias ou permanentes, o
que os torna muito especialmente apropriados à produção de determinados
efeitos. Sob o ponto de vista moral, trazem o cunho dos sentimentos de ódio, de
inveja, de ciúme, de orgulho, de egoísmo, de violência, de hipocrisia, de
bondade, de benevolência, de amor, de caridade, de doçura etc. Sob o aspecto
físico, são excitantes, calmantes, penetrantes, adstringentes, irritantes,
dulcificantes, soporíficos, narcóticos, tóxicos, reparadores; tornam-se força
de transmissão, de propulsão etc. O quadro dos fluidos seria, pois, o de todas
as paixões, das virtudes e dos vícios da Humanidade e das propriedades da
matéria, correspondentes aos efeitos que eles produzem. (Obra citada, cap. XIV,
itens 16 e 17.)
Observação: Para acessar
a Parte 16 deste estudo, clique aqui: https://espiritismo-seculoxxi.blogspot.com/2021/11/blog-post_04.html
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