Revista
Espírita de 1859
Allan
Kardec
Parte
10 e final
Concluímos hoje o estudo metódico e sequencial da Revista Espírita do ano de 1859, periódico editado e dirigido por Allan Kardec. O estudo foi baseado na tradução feita por Júlio Abreu Filho publicada pela EDICEL.
A
coleção do ano de 1859 pertence a uma série iniciada em janeiro de 1858 por
Allan Kardec, que a dirigiu até 31 de março de 1869, quando desencarnou.
Cada
parte do estudo compõe-se de:
a)
questões preliminares;
b)
texto para leitura.
As
respostas às questões propostas encontram-se no final do texto abaixo.
Questões
preliminares
A.
Que dizer aos que entendem que na Bíblia não há referências às comunicações
espíritas?
B.
Pode um Espírito ainda primitivo encarnar no seio de uma sociedade mais
civilizada?
C.
Por que, tendo já vivido anteriormente no estado de Espírito, muitos Espíritos
se espantam com o que veem depois da morte corpórea?
D.
Os bons Espíritos costumam lisonjear as pessoas?
Texto para leitura
215.
O Espírito de Carlos IX, ex-rei da França e filho de Catarina de Médicis, pede
que sejamos mansos e pacientes com aqueles a quem ensinarmos. Carlos informa
ter reencarnado como escravo na América e diz que sua mãe, após sofrer
bastante, se encontrava noutro planeta. (P. 388)
216.
O Espírito de Rembrand, criticando os sábios que pensam serem os únicos a
possuir todos os segredos da Criação, mas não sabem nem de onde vêm nem para
onde irão, diz que não há na Bíblia uma única página em que não se encontrem
traços de relação entre os mundos visível e invisível. (P. 389)
217.
O homem de coração reto não tem a cabeça emproada, diz um Espírito, que
adverte: Há apenas um caminho que a Deus conduz – a fé e o amor aos nossos
semelhantes. (P. 390)
218.
O Sr. V..., excelente médium que se distingue pela pureza de suas relações com
o mundo espírita, estava sendo atormentado por um Espírito que resolveu residir
no seu quarto. Antigo carreteiro, esse Espírito pertencia à mais baixa classe.
Consultado por Kardec, um Espírito superior diz que há dois meios do rapaz
desembaraçar-se do perseguidor: o meio espiritual, pedindo a Deus, e o meio
material, mudando de casa. (P. 392)
219.
O fato demonstra que existem realmente lugares assombrados por certos
Espíritos, que se ligam a certos locais. (P. 392)
220.
Comentando o assunto, Kardec mostra como a prece é útil em tais casos e diz que
esses Espíritos se sensibilizam com os nossos conselhos e as nossas preces. Por
que, pois, recusaríamos ouvi-los, quando seu arrependimento e seu sofrimento
podem edificá-los? (PP. 393 e 394)
221.
A Sociedade Espírita de Paris, em sua sessão geral de 30/9/1859, analisa o
crime cometido por um menino de 7 anos e meio, com premeditação e todas as
agravantes. Interrogado, São Luís informou que o Espírito dessa criança está
quase no início do período humano; não tem mais que duas encarnações na Terra.
Pertencente às tribos mais atrasadas das ilhas marítimas, ele nasceu naquele meio
na esperança de progresso. (P. 395)
222.
Tratando da admissão de novos membros da Sociedade Espírita de Paris, Kardec
observou: Não basta que sejam eles partidários do Espiritismo em geral; é
necessário que concordem com a sua maneira de ser. A homogeneidade de
princípios – diz Kardec – é condição essencial, sem a qual uma sociedade qualquer
não poderia ter vitalidade. (P. 396)
223.
Para comunicar-se entre si, os Espíritos não precisam da palavra: basta-lhes o
pensamento. Quando se comunicam com os homens, devem traduzir seu pensamento em
sinais humanos, isto é, em palavras, que tiram do vocabulário do médium de que
se servem, de certo modo como de um dicionário. Por isso, é mais fácil ao
Espírito exprimir-se na língua familiar do médium, embora possa fazê-lo numa
língua que este desconheça. (P. 398)
224.
A Sociedade Espírita de Paris, por proposta de dois membros, decidiu por
unanimidade: Toda pessoa que desejar fazer parte da Sociedade deverá fazer o
pedido por escrito ao presidente. O pedido deverá ser assinado por dois
apresentantes e relatar: 1. que o postulante tomou conhecimento do regulamento
e se compromete a observá-lo; 2. as obras lidas sobre Espiritismo e sua adesão
aos princípios da Sociedade, que são os do Livro
dos Espíritos. (PP. 399 e 400)
225.
O Espírito de São Luís, presidente espiritual da Sociedade Parisiense de
Estudos Espíritas, desaconselha uma evocação que, segundo ele, requeria uma
grande tranquilidade de espírito, enquanto que naquela noite discutiram-se ali
longamente negócios administrativos. (PP. 400 e 401)
226.
Alguém propôs evocar-se na Sociedade a Sra. Br..., membro titular que estava em
viagem de navio para Havana. Consultado, São Luís desaconselhou a evocação
informando que a Sra. Br... estava muito preocupada naquela noite, visto que o
vento soprava com violência e o instinto de conservação tomava-lhe todo o
pensamento. (P. 402)
227.
A Sociedade Parisiense de Estudos Espíritas decidiu que todos os anos, na
renovação do ano social, os membros honorários serão submetidos a novo voto de
admissão, a fim de serem eliminados os que não mais estiverem nas condições
requeridas. (P. 403)
228.
O Sr. Les..., em reunião da Sociedade, diz não compreender o espanto dos
Espíritos depois da morte, uma vez que, tendo já vivido no estado de Espírito
anteriormente, eles não deveriam espantar-se com isso. Foi-lhe respondido: Esse
espanto é apenas temporário; depende do estado de perturbação que se segue à
morte, e cessa à medida que o Espírito se desprende da matéria e recupera suas
faculdades de Espírito. (P. 404)
229.
O Sr. Van Br..., de Haia, adepto fervoroso do Espiritismo, relatou à Sociedade
Espírita de Paris que sua filha de 14 anos tornou-se um bom médium, mas sua
mediunidade apresentava particularidades bizarras: a maior parte do tempo
escrevia às avessas, de modo que para ler-se o que escreveu era preciso pôr as
folhas diante de um espelho; além disso, muitas vezes a mesa de que ela se
serve para escrever inclina-se diante dela como uma carteira e fica nessa
posição até que ela acabe. (N.R.: Essa incrível mediunidade, chamada de
psicografia especular, é raríssima e só se encontra em grandes médiuns.) (P.
405)
230.
O Espírito de São Vicente de Paulo esclarece alguns pontos relacionados com os
Convulsionários de Saint-Médard, e diz que os fenômenos ali cessaram porque
eram produzidos por Espíritos pouco elevados, e não porque a autoridade terrena
os interditou. No caso, houve uma conjugação de propósitos. (P. 408)
231.
Kardec ensina: Os bons Espíritos aprovam aquilo que acham bom, mas não fazem
elogios exagerados. Estes, como toda a lisonja, são sinais de inferioridade da
parte dos Espíritos. (P. 408)
Respostas às
questões propostas
A. Que dizer aos
que entendem que na Bíblia não há referências às comunicações espíritas?
Podemos
dizer-lhes o que disse o Espírito de Rembrand, que afirmou, em mensagem
publicada na Revista Espírita, que não existe na Bíblia uma única página em que
não se encontrem traços de relação entre os mundos visível e invisível. (Revista Espírita de 1859, pp. 389 e
390.)
B. Pode um Espírito
ainda primitivo encarnar no seio de uma sociedade mais civilizada?
Sim.
A Sociedade Espírita de Paris, em sua sessão geral de 30/9/1859, analisou o
crime cometido com premeditação e todas as agravantes por um menino de 7 anos e
meio. Interrogado sobre o fato, São Luís informou que o Espírito dessa criança
estava quase no início do período humano; não tinha mais que duas encarnações
na Terra e nascera naquele meio na esperança de progresso. (Obra citada, p.
395.)
C. Por que, tendo
já vivido anteriormente no estado de Espírito, muitos Espíritos se espantam com
o que veem depois da morte corpórea?
Essa
mesma pergunta foi formulada pelo Sr. Les..., em reunião da Sociedade Espírita
de Paris. Foi-lhe, então, respondido que esse espanto é apenas temporário;
depende do estado de perturbação que se segue à morte, e cessa à medida que o
Espírito se desprende da matéria e recupera suas faculdades de Espírito. (Obra
citada, p. 404.)
D. Os bons
Espíritos costumam lisonjear as pessoas?
Não.
Kardec nos ensina que os bons Espíritos aprovam aquilo que acham bom, mas não
fazem elogios exagerados. Estes, como toda a lisonja, são sinais de
inferioridade da parte dos Espíritos. (Obra citada, p. 408.)
Observação:
Para acessar a Parte 9 deste estudo, publicada na semana passada,
clique aqui: https://espiritismo-seculoxxi.blogspot.com/2022/06/blog-post.html
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