sábado, 11 de junho de 2022

 



Os pronomes nossos e o amor de theós

 

JORGE LEITE DE OLIVEIRA

jojorgeleite@gmail.com

De Brasília, DF

 

Amigo leitor, há algum tempo penso nas questões linguísticas, como a que ocorre atualmente, em que algumas pessoas, indo na contramão da linguística e da gramática, tentam impor a troca de letras em nomes, para caracterizar “gênero” neutro, que não existe na língua portuguesa. Isso é confirmado pelos professores mais abalizados do que eu. Parece que aquelas pessoas não estudaram processo de formação de palavras, diacronia, sincronia etc. Por que, então, não trocam o português pelo esperanto (língua internacional)? Com certeza, por ser essa uma língua inventada por Luís Lázaro Zamenhof, seu problema estaria resolvido. Nesse idioma artificial, existe o gênero neutro. Além disso, ele resolveria o problema de toda a humanidade, pois todos falaríamos uma só língua.

Recebi um texto interessante, com o qual concordo, em que seu autor, entre outras coisas, com muita sensatez, diz o seguinte:

 

A linguagem do “todes” e do “iles” [...] é antes de tudo um erro de português [...] usar o feminino e o masculino é um requisito fundamental do português, idioma oficial do Brasil e, mais do que tudo, a língua que o povo brasileiro fala no seu dia a dia, de maneira livre, natural e sem nenhuma imposição vinda de cima ou de fora (GUZZO, J. R. A farsa da linguagem “neutra”. In: Gazeta do povo. Disponível em: https://www.gazetadopovo.com.br/vozes/jr-guzzo/a-farsa-da-linguagem-neutra/?#success=true. Acesso em 2 jun. 2022).

 

 Nem neologismo aguenta essa imposição à língua, que evolui naturalmente. Do que também não gosto, mas respeito os que pensam diferente, é de destaques propostos pela Igreja a termos referentes à divindade, que adquiriram cidadania na língua portuguesa. Maria, Jesus e Deus, com certeza, não se sentiriam diminuídos se lhes escrevêssemos os pronomes, advérbios e adjetivos como estão previstos nas regras gerais da nova ortografia portuguesa. Vejamos, por exemplo, a origem da palavra Deus, em português, após citar seu elemento de composição derivado do grego theós, oû, que em português originou te(o)- e formou diversas palavras, como teologia: “Estudo das questões referentes ao conhecimento da divindade, de seus atributos e relações com o mundo e com os homens, e à verdade religiosa”; teosofia: “Conjunto de doutrinas religioso-filosóficas que têm por objeto a união do homem com a divindade, mediante a elevação progressiva do espírito até a iluminação” (Dicionário Aurélio da Língua Portuguesa) etc.

Excetuadas as palavra Pai e Senhor, Mãe e Senhora, que, por tradição, são escritas com maiúsculas iniciais, ao se referirem as primeiras a Jesus e a Deus, e as segundas a Maria, será que Deus, nosso Pai, ficará bravo comigo por eu dizer que ele é bom, é a inteligência suprema, Pai amoroso que, com seu amor divino, tudo prevê e provê? Esse mesmo caso de referências pronominais, adverbiais e adjetivais aplica-se a Jesus e Maria.

Àqueles que discordam de mim, cito duas bíblias que, na língua portuguesa, não destacam pronomes, advérbios e adjetivos relativos à divindade. Uma é a Bíblia Sagrada traduzida por João Ferreira de Almeida, 4. ed. revista e corrigida. Barueri, SP: Sociedade Bíblica do Brasil, 2011; a outra é a Bíblia de Jerusalém, 3. ed. São Paulo: Paulus, 2004. Daquele a quem Jesus nos ensinou ser nosso Pai só emana amor e luz.

Senhor, de ti me despeço, tu que és o todo-poderoso criador do céu e do universo. De ti, tudo deriva, inclusive estas palavras, que também se aplicam a Cristo e a Maria, santíssima mãe de Jesus. É profanação o que escrevo? Espero que não. Sendo tu o amor maior, Senhor meu Deus, dedico-te o poema abaixo, certo de que nenhuma palavra é suficiente para exaltar-te a grandeza divina. Por fim, peço-te me abençoe e ilumine na colheita dos frutos provindas de ações maiúsculas. E que este teu filho insignificante possa um dia resplandecer na tua sublime luz como nos recomendou o Cristo.

 

O T DE THEÓS

 

O t de Deus não deve ser maiúsculo,

ele é t simplesmente, mas não T

que esteja destacado ao se escrever

pronomes te, ti, todo, tudo e tu.

 

Entretanto o seu t está em tudo:

tanto ele é totalmente senciente,

quanto ele é plenamente onisciente;

tanto sou deus, como também és tu...

 

Pois Deus está também no próprio átomo:

tem t nos prótons e tem t nos nêutrons,

tem t na eletrosfera e, entre os elétrons,

o Espírito Divino está no vácuo.

 

Ali, do microscópico finito,

nada é vazio ao t de nosso Pai,

porque o criador em tudo está,

sua vontade vai ao infinito.

 

Acesse o blog: www.jojorgeleite.blogspot.com

 

 

 

 

  

 

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