A
vida é curta... para quem ama
JORGE
LEITE DE OLIVEIRA
jojorgeleite@gmail.com
De
Brasília, DF
Salve, alma irmã!
Vez ou outra, lembra-nos este ditado
popular: “A vida só é dura para quem é mole”. Também por vezes me lembro duma
mensagem de amigo correspondente espírita, nos anos oitenta, por cartas e
cartões postais, o qual, após eu lhe haver enviado carta com lamentações sobre
meus problemas de saúde, respondeu-me solidário, mas anexou à sua
correspondência mensagem psicografada, cuja frase inicial dizia o seguinte:
“Problemas, quem não os tem?”
Nunca mais me queixei da vida pessoal
com ninguém.
Como eu disse na última crônica, setembro é dedicado à prevenção e posvenção ao suicídio, assunto com o qual sempre
me preocupei, devido às nossas provas e expiações que, por vezes, nos trazem muita
dor. Mas quando pensamos acabar com a vida física, imaginando acabar também com
a dor do corpo ou da alma, incorremos em terrível engano.
Como auxiliar essas pessoas, assim como
seus familiares, amigos e colegas? Começando pela conversa. Levando-lhes as
informações espíritas que não encontrarão nos tratados de psicologia e de
psiquiatria, mas também proporcionando-lhes tratamento para seu sofrimento, que
as levou à depressão. Dizendo-lhes que sofrer é comum a todos nós, mas o que
fazemos com esse sofrimento é o que nos levará a suportá-lo e, para tanto, o
convívio com a oração, o conhecimento da revelação espírita e a prática da
caridade são muito importantes.
Importa-nos conhecer a estrutura do espírito,
na vida física e na espiritual, para sabermos que a extinção do corpo material
recrudesce o sofrimento da alma. O Espiritismo veio trazer-nos essa certeza,
que Allan Kardec registrou n’O Livro dos Espíritos, questão 135-a;
também n’O Evangelho Segundo o Espiritismo; n’O Céu e o
Inferno, n’O Livro dos Médiuns e na Revista Espírita dos anos
1858 a 1868.
É muito importante, também, conhecer os
corpos do espírito, na matéria e fora dela: na matéria, somos alma, perispírito
e corpo orgânico. Fora da matéria, a alma passa a identificar o próprio
espírito, que se manifesta pelo perispírito, seu corpo “semimaterial”, fluídico
ou etéreo. Esse corpo espiritual, que Kardec chama perispírito, normalmente
invisível para nós, é que dá forma ao corpo físico. Não temos, portanto, apenas
o corpo físico, pois também temos o corpo espiritual. Paulo já o sabia,
ao afirmar: “Semeia-se corpo animal, ressuscitará corpo espiritual. Se há corpo
animal, há também corpo espiritual” (1 Coríntios, 15:44).
E quem sente a dor, o corpo ou a alma?
Enquanto no corpo, temos os nervos e o
cérebro, que registram a dor física. E a dor moral? Não seria uma sensação
apenas da alma? E será matando o corpo que acabaremos com a dor moral? Os
espíritos demonstram-nos que não. Pelo contrário, a agravamos, embora cada caso
seja submetido à misericórdia divina e tratado de acordo com todas as causas e
circunstâncias que levaram ao ato de tirar a própria existência física, pois a
vida não cessa jamais.
Na Revista Espírita de março de 1866,
temos um estudo de Kardec, intitulado Introdução ao estudo dos fluidos
espirituais, que nos fornece uma visão ampla das propriedades do
perispírito e sua função. Kardec comenta ali que, enquanto “[...] as
observações da ciência não vão além da matéria tangível”, os espíritos
demonstram-nos que “[...] a alma é revestida de um envoltório ou corpo
fluídico, que dela faz, depois da morte do corpo material, como antes, um ser
distinto, circunscrito e individual”. Logo adiante, o Codificador do
Espiritismo diz que: “[...] Durante a vida, o fluido perispiritual
identifica-se com o corpo, penetrando todas as suas partes; com a morte, dele
se desprende; privado da vida, o corpo se dissolve, mas o perispírito, sempre
unido à alma, isto é, ao princípio vivificante, não perece; apenas a alma,
em vez de dois envoltórios, conserva somente um: o mais leve, o que está mais
em harmonia com o seu estado espiritual”.
Decorre do exposto, e baseados na
grande quantidade de obras mediúnicas sobre o assunto, que é fundamental
conhecer essa verdade comprovada pelo Espiritismo para que orientemos toda
pessoa que tenha tendência ao suicídio, a fim de que ela saiba que matar o
corpo não matará a dor, seja ela física ou moral, mas a agravará. Haja vista
que é no perispírito que são registrados todos os fenômenos captados pelos
nervos e transmitidos ao cérebro. Isso porque o perispírito é o corpo
indestrutível do espírito, esteja ele encarnado ou não.
A afirmativa de que “o suicida quer se
livrar da dor e não da vida”, que os louváveis esforços da psiquiatria, da
psicologia e da medicina moderna nos trazem à reflexão, não é falsa, entretanto
é importante saber que o extermínio do corpo mais grosseiro apenas trará mais
sofrimento ao espírito liberto da matéria, mas indelevelmente ligado ao corpo
fluídico, cujas sensações são imensamente mais intensas que no corpo orgânico.
Assisti a duas palestras interessantes
sobre o suicídio: a primeira foi com o Dr. Humberto Correa, da Universidade
Federal de Minas Gerais; a segunda foi pelo YouTube, com a Dr.ª Karina
Okajima Fukumitsu. O Dr. Humberto também falou sobre a posvenção, quando
afirmou que “a ajuda começa pela conversa” e acrescentou que jamais devemos
culpar a pessoa com tendência suicida, mas acolhê-la, ouvi-la, ajudá-la,
sugerir-lhe o apoio da religião. A Dr.ª Karina, entre outras reflexões, igualmente,
lembrou-nos sobre a importância da posvenção. Falou-nos sobre “a coragem de ser
imperfeitos”, que devemos ter, além de reforçar algo que consta em sua obra:
“Você não é qualquer um, você é transcendência”. Citou ainda algumas frases de
autoajuda, como: “dignidade de viver: a delícia de ser quem é”; sofrer é
“condição existencial”; “sofrimento que não é acolhido cria perturbações
maiores” e ainda, algo muito importante lido nas doutrinas dos grandes sábios e
de Jesus: “o ter se torna a falência do ser”.
Nessa última frase, além dos bens
materiais, enxerguei as paixões humanas pelo poder, pela posse doutrem e mesmo pelo
próprio reconhecimento alheio ao que fazemos, o que nos lembra a frase de Jesus
Cristo: “Não saiba a vossa mão esquerda o que fizer a vossa mão direita” (Mateus,
6:1- 4). Outra, importantíssima é: “Vigiai e orai, para não cairdes em
tentação” (Mateus, 26:41). Ocupemos nossa mente no trabalho elevado e já
estaremos orando.
Pelos conhecimentos espirituais que
mencionamos acima, sobre o perispírito, o Espiritismo exerce profunda
compreensão sobre nossa natureza espiritual, que complementa o que as religiões
cristãs, principalmente, conhecem sobre o assunto. Nesse sentido, muitas
pessoas poderão livrar-se dessa tendência, pois agora saberão que matar o corpo
não é livrar-se da dor, mas agravá-la e perturbar-se por tempo indeterminado no
plano espiritual. Ainda não conhecemos, aliada a essa revelação, outra força
mais poderosa que a do amor. Não esse amor que exige ser amado, mas o amor
renúncia, o amor devotamento, o amor perdão. Aquele que tudo faz para que o
próximo seja feliz, sinônimo de caridade.
Àqueles que ficaram órfãos do suicida,
ou seja, pais, irmãos, filhos, amigos etc., chamados por Karina de
“sobreviventes”, ainda que nada mais possam fazer para trazer novamente à vida
o ser querido que partiu, esses mesmos conhecimentos sobre a composição do ser
humano em alma, perispírito e corpo físico muito ajudarão a encontrar, na vida
física, o sentido existencial. Voltaremos a encontrá-los... Saber disso é
fundamental para nosso melhor entendimento do que cita Paulo em 1 Coríntios,
13:1- 13 sobre a fé, a esperança e o amor.
Pela prática do amor a Deus e ao
próximo, a mais elevada virtude, chegaremos, brevemente, ao dia determinado pelo
Alto para o regresso à vida espiritual, preexistente e subsistente a esta, com a
alegria de viver. Pois a vida é curta... para quem ama.
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