sexta-feira, 4 de novembro de 2022

 



A Evolução Anímica

 

  Gabriel Delanne

 

Parte 12

 

Damos prosseguimento ao estudo do clássico A Evolução Anímica, de Gabriel Delanne, conforme a 8ª edição da tradução de Manoel Quintão, publicada pela Federação Espírita Brasileira.

Esperamos que este estudo sirva para o leitor como uma forma de iniciação aos chamados Clássicos do Espiritismo.

Cada parte do estudo compõe-se de:

a) questões preliminares;

b) texto para leitura.

As respostas às questões propostas encontram-se no final do texto indicado para leitura.

Este estudo é publicado sempre às sextas-feiras.

 

Questões preliminares

 

A. No sonambulismo o esquecimento do que nele ocorre é regra geral?

B. Por que nos é impossível recordar as existências anteriores?

C. Foi por indução que se admitiu a conservação indefinida no perispírito de todas as sensações e atos de nossa vida?

 

Texto para leitura

 

122. A modificação dos centros nervosos determina uma alteração correspondente no estado perispiritual. Se o paciente se apresenta deprimido, o estado hipnótico proporciona-lhe as faculdades intelectuais que teria na vida comum, se a enfermidade não entorpecesse o seu funcionamento. É o que Pierre Janet verificou nos seus pacientes Lúcia, Rosa ou Leonina, que se mostravam mais inteligentes no sono do que quando acordadas. A conclusão é óbvia: quanto menos preso ao corpo estiver o Espírito, mais as suas faculdades independerão das condições materiais para se manifestarem, e de feição superior às que revela no estado comum. (Págs. 170 e 171)

123. Duas proposições resumem as principais modificações da memória no caso do sonambulismo provocado: 1a. – o paciente no estado de vigília não se recorda do que se passou no estado sonambúlico; 2a. – uma vez sonambulizado, ele se recorda não só dos seus estados sonambúlicos transatos, como dos pertinentes ao estado de vigília. A exatidão da primeira proposição pôde ser verificada por todos os experimentadores e assistentes, embora, a rigor, o esquecimento não constitua regra absoluta. Pode dar-se então que, sendo breve o transe, o paciente desperto se recorde de uns tantos episódios sonambúlicos. Seja como for, o esquecimento constitui a regra geral. (Pág. 172) 

124. Por muito tempo se acreditou que havia uma única espécie de sonambulismo. A escola de Salpêtrière demonstrou, porém, que podem distinguir-se no estado hipnótico três fases:  a letárgica, a cataléptica e a sonambúlica, cada qual assinalada por caracteres físicos próprios e uma mnemônica peculiar. (Pág. 173) 

125. O coronel de Rochas, no seu livro “As Forças Não Definidas”, distingue quatro estados: de credulidade, de catalepsia, de sonambulismo e de relação, todos eles separados por uma fase letárgica e caracterizando-se por uma lembrança peculiar. O caso Lúcia, referido por Pierre Janet, ilustra bem esses estados. Lúcia 3 lembrava-se perfeitamente da sua existência normal, bem como dos estados sonambúlicos provocados anteriormente e de tudo quanto Lúcia 2 houvera dito, enquanto Lúcia 2 não podia dizer o que se passara com Lúcia 3.  (Págs. 174 e 175) 

126. Conclusão de Delanne: As modificações produzidas pela vontade do operador sobre o perispírito do paciente resultam na formação de várias zonas ou camadas perispirituais, cada qual caracterizada por um movimento vibratório especial, à medida que a ação se prolongue. A alma registra em cada uma dessas camadas fluídicas as sensações percebidas nesse estado. Como o último estado é superior ao antecedente, em movimento vibratório, poderá conhecer a todos eles. Cessada a ação magnética, a vibração nervosa e perispiritual diminui, uma zona mergulha no inconsciente e sucessivamente outra e outra, até que se reintegre no estado normal. Sempre que uma causa qualquer acarrete um estado vibratório já produzido, as lembranças desse estado reaparecerão, assim como as das zonas menos vibrantes, obnubilando a memória dos estados superiores. (Pág. 175) 

127. Esquecimento de existências passadas – Pode-se compreender a impossibilidade de recordar as existências anteriores, quando se sabe que o perispírito, conjugado à força vital, tomou ao encarnar um movimento vibratório bastante fraco para que o mínimo de intensidade necessário à renovação de suas lembranças possa ser atingido. (Pág. 175) 

128. Para que isso ocorra, é preciso que o ser encarnado se separe do corpo físico, isto é, que este morra. Nesse caso, retoma ele a sua vida própria, o perispírito passa a irradiar com a sua tonalidade vibratória natural e a memória pode abranger o panorama imenso das pregressas existências. O poder de evocação do passado depende da elevação do Espírito, uma vez que a potência vibratória do perispírito é sempre proporcional ao progresso moral e intelectual do ser. (Pág. 176) 

129. Entre os encarnados é possível desdobrar a memória do sonâmbulo atuando sobre ele pela vontade. Na vida espiritual, os Espíritos superiores têm a mesma prerrogativa e podem, para a melhora de um Espírito atrasado, despertar nele temporariamente a lembrança de suas existências anteriores, atuando sobre o seu invólucro perispiritual. (Pág. 176) 

130. Não é por indução – lembra Delanne – que se admite a conservação indefinida no perispírito de todas as sensações e atos de nossa vida. É a experiência que no-lo prova. Há depoimentos diversos de criaturas afogadas e salvas in extremis perfeitamente concordes quanto ao fato de terem visto desdobrar-se em sucessão progressiva os mais insignificantes incidentes de sua existência, não como simples esboço, mas com pormenores bastante nítidos, formando um panorama completo dessa existência, mesmo porque todo ato era acompanhado de um sentimento de bem ou de mal-estar. Todas as comunicações concernentes à passagem da alma para a vida espiritual estabelecem que, no momento da morte, se dá uma revivescência dos acontecimentos da existência terrena, como Kardec ensina em “O Céu e o Inferno”. (Págs. 176 e 177) 

131. Se colocarmos um paciente, por meio da sugestão, nas condições de determinada época, veremos que lhe renascem os acontecimentos passados, suscitados por associações de ideias formadas nessa época e que vivem eternamente conosco, ainda quando pareçam desaparecidas para sempre nas brumas do esquecimento. Nessas condições, ao reviver nele uma época do seu passado, a lembrança do eu atual se lhe desvanece, assim como todos os conhecimentos adquiridos posteriormente à data fixada pela sugestão. Verifica-se, pois, uma separação entre o estado atual e o estado sugerido. (Pág. 178)

132. Para levar o paciente a uma fase anterior de sua existência, os srs. Bourru e Burot socorreram-se de dois processos: um, simplíssimo, consiste em sugestionar o paciente, persuadindo-o de que ele vive em tal idade, ou de que nos encontramos no ano tal; o segundo, mais complexo, é a invocação direta de um estado psicológico antigo, em data determinada. Uma vez emergente, esse estado suscita, por associação de ideias, toda uma série de fenômenos coetâneos. Delanne relata o caso Joana R..., levada à regressão da memória pelos srs. Bourru e Burot. (Pág. 178 a 180) (Continua no próximo número.)

 

Respostas às questões preliminares

 

A. No sonambulismo o esquecimento do que nele ocorre é regra geral?

Sim. O paciente no estado de vigília não se recorda do que se passou no estado sonambúlico. Esse fato foi verificado por vários experimentadores e assistentes, embora, a rigor, o esquecimento não constitua regra absoluta. Pode ser que, sendo breve o transe, o paciente desperto se recorde de uns tantos episódios sonambúlicos. Mas, seja como for, o esquecimento constitui a regra geral. (A Evolução Anímica, pág. 172.)

B. Por que nos é impossível recordar as existências anteriores?

O motivo disso é que o perispírito, conjugado à força vital, tomou ao encarnar um movimento vibratório bastante fraco para que o mínimo de intensidade necessário à renovação de suas lembranças possa ser atingido. Para que isso ocorra, é preciso que o ser encarnado se separe do corpo físico, isto é, que este morra. Nesse caso, o perispírito passa a irradiar com sua tonalidade vibratória natural e a memória pode abranger o panorama imenso das pregressas existências. (Obra citada, pp. 175 e 176.)

C. Foi por indução que se admitiu a conservação indefinida no perispírito de todas as sensações e atos de nossa vida?

Não. Foi a experiência que o comprovou. Depoimentos diversos de criaturas afogadas e salvas in extremis são concordes quanto ao fato de terem visto desdobrar-se em sucessão progressiva os mais insignificantes incidentes de sua existência, com pormenores bastante nítidos, formando um panorama completo dessa existência. Todas as comunicações concernentes à passagem da alma para a vida espiritual estabelecem que, no momento da morte, se dá uma revivescência dos acontecimentos da existência terrena, como Kardec ensina em “O Céu e o Inferno”. (Obra citada, pp. 176 e 177.) 

 

 

Observação:

Para acessar a Parte 11 deste estudo, publicada na semana passada, clique aqui: https://espiritismo-seculoxxi.blogspot.com/2022/10/blog-post_28.html

 

 

 

 

 

 

 

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