Revista Espírita de 1864
Allan Kardec
Parte 2
Damos prosseguimento ao estudo metódico e sequencial da Revista Espírita do ano de 1864, periódico editado e dirigido por Allan Kardec. O estudo é baseado na tradução feita por Júlio Abreu Filho publicada pela EDICEL.
A coleção do ano de
1864 pertence a uma série iniciada em janeiro de 1858 por Allan Kardec, que a
dirigiu até 31 de março de 1869, quando desencarnou.
Cada parte do estudo,
que é apresentado às quartas-feiras, compõe-se de:
a) questões
preliminares;
b) texto para
leitura.
As respostas às
questões propostas encontram-se no final do texto abaixo.
Questões preliminares
A. Por que os médiuns
passistas têm necessidade de trabalhar seu melhoramento moral?
B. Na desobsessão é
suficiente a ação magnética?
C. A caridade é
requisito importante numa reunião espírita?
Texto para leitura
14. Prosseguindo seus
comentários sobre a ação magnética e seus resultados, Kardec escreveu:
I) Para curar pela
ação fluídica, os fluidos mais depurados são os mais saudáveis.
II) Ora, desde que
esses fluidos benéficos são dos Espíritos superiores, então é o concurso destes
que é preciso obter.
III) Por isto, a
prece e a invocação são necessárias, mas, para orar com fervor, é preciso fé.
IV) Para que a prece
seja escutada, é preciso seja feita com humildade e dilatada por um real
sentimento de benevolência e de caridade. Ora, não há verdadeira caridade sem
devotamento, nem devotamento sem desinteresse.
V) Sem estas
condições, o magnetizador - privado da assistência dos bons Espíritos - fica
reduzido às próprias forças. Daí, para os médiuns dedicados a essa tarefa, a
necessidade de trabalhar o seu melhoramento moral. (P. 9)
15. Os médiuns
curadores tendem a multiplicar-se, com o objetivo de propagar o Espiritismo,
pela impressão de que esta nova ordem de fenômenos não deixará de produzir nas
massas, porque não há quem não ligue para sua saúde. (P. 10) (N.R.: Vê-se que
Kardec chamava de “médiuns curadores” aos que hoje, usualmente, chamamos de
“médiuns passistas”.)
16. Ao concluir seu
relato a respeito do caso de possessão da srta. Júlia, Kardec afirma que, se há
um gênero de mediunidade que exija uma superioridade moral, é, sem contradita,
o trato da obsessão, pois é preciso ter o direito de impor sua autoridade ao
Espírito. (P. 11)
17. No caso de Júlia
e em todos os casos análogos, o magnetismo simples, por mais enérgico que
fosse, seria insuficiente. Era preciso agir sobre o Espírito obsessor, para o
dominar, e sobre o moral da doente. (P. 12)
18. Constitui também
erro dos mais graves não ver na ação magnética mais que simples emissão
fluídica, sem levar em conta a qualidade íntima dos fluidos. Na maioria dos
casos, o sucesso repousa inteiramente nestas qualidades. (P. 13)
19. A magnetização
pode, em certos casos, ser até mesmo funesta, como Hahnemann disse a Kardec no
caso da srta. Júlia. Erasto confirmou o ensinamento, reafirmando que, naquela
circunstância, era necessária uma ação material e moral e, ainda, uma ação
puramente espiritual. (P. 16)
20. Asseverou Erasto:
“Isto vos demonstra o que deveis fazer d’agora em diante, nos casos de
possessão manifesta. É indispensável chamar em vossa ajuda o concurso de um
Espírito elevado, gozando ao mesmo tempo de força moral e fluídica, como o
excelente cura d’Ars”. (P. 16)
21. O ponto
essencial, como observa Kardec, era levar o Espírito obsessor a emendar-se, o
que necessariamente deveria facilitar a cura. E foi o que se fez, evocando-o e
lhe dando conselhos. (PP. 16 e 17)
22. Dois diálogos
mantidos com o Espírito de Fredegunda mostram como a oração, quando feita pelo
próprio Espírito, auxilia o tratamento espiritual. Em nota aposta no final do
segundo diálogo, Kardec afirma que nos casos de fascinação a dificuldade do
tratamento é muito maior do que na subjugação. (P. 20)
23. Aludindo a mais
um grupo espírita constituído em Lyon, a Revista informa que ele surgiu com um
duplo objetivo: a instrução e a beneficência. Relativamente à instrução, o
grupo se propõe consagrar uma parte menor às comunicações mediúnicas, dedicando
mais tempo às instruções orais, com vistas a desenvolver e explicar os
princípios espíritas. No tocante à beneficência, a sociedade se propõe a
auxiliar pessoas necessitadas, por meio de dádivas in natura e visitas
domiciliares aos pobres doentes. (P. 24)
24. A caridade e a
fraternidade - lembra Kardec - se reconhecem pelas obras e não pelas palavras.
Pedra de toque do Espiritismo, quando se fala de caridade, sabe-se que não se
fala apenas daquela que dá, mas também da que esquece e perdoa, que é benevolente
e indulgente e que repudia todo sentimento de ciúme e rancor. “Toda reunião
espírita que não se fundar sobre o princípio da verdadeira caridade, será mais
prejudicial que útil à causa, porque tenderá a dividir, em vez de unir”,
acrescenta o Codificador. (P. 25)
25. Falando sobre as
primeiras encarnações dos Espíritos, Kardec diz que os próprios Espíritos
ignoram as condições em que elas ocorrem. Sabe-se apenas que as almas são
criadas simples e ignorantes, tendo todas o mesmo ponto de partida, e que o livre-arbítrio
se desenvolve pouco a pouco, após numerosas evoluções na vida corpórea. (P. 26)
26. É um erro admitir
que as primeiras encarnações humanas ocorram na Terra. “A Terra foi, mas não é
mais, um mundo primitivo; os mais atrasados seres humanos encontrados na sua
superfície já se despojaram dos primeiros cueiros da encarnação e os nossos
selvagens estão em progresso”, afirma Kardec. (PP. 26 e 27)
Respostas às questões propostas
A. Por que os médiuns
passistas têm necessidade de trabalhar seu melhoramento moral?
A razão é simples.
Sem determinadas qualidades, como a humildade, a benevolência e a caridade, o
magnetizador – privado da assistência dos bons Espíritos – fica reduzido às
próprias forças, o que torna necessário para esses médiuns trabalhar seu
melhoramento moral. (Revista Espírita de 1864, pág. 9.)
B. Na desobsessão é
suficiente a ação magnética?
Não. Reportando-se ao
caso da possessão da srta. Júlia e a todos os casos análogos, Kardec diz que o
magnetismo simples, por mais enérgico que seja, é insuficiente para a obtenção
da cura. É preciso agir sobre o Espírito obsessor, para o dominar, e sobre o
moral da doente. A propósito do assunto, asseverou Erasto: “Isto vos demonstra
o que deveis fazer d’agora em diante, nos casos de possessão manifesta. É
indispensável chamar em vossa ajuda o concurso de um Espírito elevado, gozando
ao mesmo tempo de força moral e fluídica, como o excelente cura d’Ars”. O ponto
essencial em casos assim, segundo Kardec, é levar o Espírito obsessor a
emendar-se, o que necessariamente facilita a cura. E foi o que se fez,
evocando-o e lhe dando conselhos. (Obra citada, págs. 12 a 17.)
C. A caridade é requisito importante numa reunião espírita?
Sim. Pedra de toque do Espiritismo, quando se fala de
caridade, não se fala apenas daquela que dá, mas também da que esquece e
perdoa, que é benevolente e indulgente e que repudia todo sentimento de ciúme e
rancor. “Toda
reunião espírita que não se fundar sobre o princípio da verdadeira caridade,
será mais prejudicial que útil à causa, porque tenderá a dividir, em vez de
unir”, ensina o Codificador. (Obra citada, pág. 25.)
Observação:
Para
acessar a 1ª parte deste estudo, publicada na semana passada, clique aqui: https://espiritismo-seculoxxi.blogspot.com/2023/08/revista-espirita-de-1864-allan-kardec.html
Como consultar as matérias deste
blog? Se você não o conhece, clique em Espiritismo Século
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