quarta-feira, 30 de agosto de 2023

 


 Revista Espírita de 1864


Allan Kardec

 

Parte 2

 

Damos prosseguimento ao estudo metódico e sequencial da Revista Espírita do ano de 1864, periódico editado e dirigido por Allan Kardec. O estudo é baseado na tradução feita por Júlio Abreu Filho publicada pela EDICEL.

A coleção do ano de 1864 pertence a uma série iniciada em janeiro de 1858 por Allan Kardec, que a dirigiu até 31 de março de 1869, quando desencarnou.

Cada parte do estudo, que é apresentado às quartas-feiras, compõe-se de:

a) questões preliminares;

b) texto para leitura.

As respostas às questões propostas encontram-se no final do texto abaixo. 

 

Questões preliminares

 

A. Por que os médiuns passistas têm necessidade de trabalhar seu melhoramento moral?

B. Na desobsessão é suficiente a ação magnética?

C. A caridade é requisito importante numa reunião espírita?

 

Texto para leitura

 

14. Prosseguindo seus comentários sobre a ação magnética e seus resultados, Kardec escreveu:

I) Para curar pela ação fluídica, os fluidos mais depurados são os mais saudáveis.

II) Ora, desde que esses fluidos benéficos são dos Espíritos superiores, então é o concurso destes que é preciso obter.

III) Por isto, a prece e a invocação são necessárias, mas, para orar com fervor, é preciso fé.

IV) Para que a prece seja escutada, é preciso seja feita com humildade e dilatada por um real sentimento de benevolência e de caridade. Ora, não há verdadeira caridade sem devotamento, nem devotamento sem desinteresse.

V) Sem estas condições, o magnetizador - privado da assistência dos bons Espíritos - fica reduzido às próprias forças. Daí, para os médiuns dedicados a essa tarefa, a necessidade de trabalhar o seu melhoramento moral. (P. 9)

15. Os médiuns curadores tendem a multiplicar-se, com o objetivo de propagar o Espiritismo, pela impressão de que esta nova ordem de fenômenos não deixará de produzir nas massas, porque não há quem não ligue para sua saúde. (P. 10) (N.R.: Vê-se que Kardec chamava de “médiuns curadores” aos que hoje, usualmente, chamamos de “médiuns passistas”.)

16. Ao concluir seu relato a respeito do caso de possessão da srta. Júlia, Kardec afirma que, se há um gênero de mediunidade que exija uma superioridade moral, é, sem contradita, o trato da obsessão, pois é preciso ter o direito de impor sua autoridade ao Espírito. (P. 11)

17. No caso de Júlia e em todos os casos análogos, o magnetismo simples, por mais enérgico que fosse, seria insuficiente. Era preciso agir sobre o Espírito obsessor, para o dominar, e sobre o moral da doente. (P. 12)

18. Constitui também erro dos mais graves não ver na ação magnética mais que simples emissão fluídica, sem levar em conta a qualidade íntima dos fluidos. Na maioria dos casos, o sucesso repousa inteiramente nestas qualidades. (P. 13)

19. A magnetização pode, em certos casos, ser até mesmo funesta, como Hahnemann disse a Kardec no caso da srta. Júlia. Erasto confirmou o ensinamento, reafirmando que, naquela circunstância, era necessária uma ação material e moral e, ainda, uma ação puramente espiritual. (P. 16)

20. Asseverou Erasto: “Isto vos demonstra o que deveis fazer d’agora em diante, nos casos de possessão manifesta. É indispensável chamar em vossa ajuda o concurso de um Espírito elevado, gozando ao mesmo tempo de força moral e fluídica, como o excelente cura d’Ars”. (P. 16)

21. O ponto essencial, como observa Kardec, era levar o Espírito obsessor a emendar-se, o que necessariamente deveria facilitar a cura. E foi o que se fez, evocando-o e lhe dando conselhos. (PP. 16 e 17)

22. Dois diálogos mantidos com o Espírito de Fredegunda mostram como a oração, quando feita pelo próprio Espírito, auxilia o tratamento espiritual. Em nota aposta no final do segundo diálogo, Kardec afirma que nos casos de fascinação a dificuldade do tratamento é muito maior do que na subjugação. (P. 20)

23. Aludindo a mais um grupo espírita constituído em Lyon, a Revista informa que ele surgiu com um duplo objetivo: a instrução e a beneficência. Relativamente à instrução, o grupo se propõe consagrar uma parte menor às comunicações mediúnicas, dedicando mais tempo às instruções orais, com vistas a desenvolver e explicar os princípios espíritas. No tocante à beneficência, a sociedade se propõe a auxiliar pessoas necessitadas, por meio de dádivas in natura e visitas domiciliares aos pobres doentes. (P. 24)

24. A caridade e a fraternidade - lembra Kardec - se reconhecem pelas obras e não pelas palavras. Pedra de toque do Espiritismo, quando se fala de caridade, sabe-se que não se fala apenas daquela que dá, mas também da que esquece e perdoa, que é benevolente e indulgente e que repudia todo sentimento de ciúme e rancor. “Toda reunião espírita que não se fundar sobre o princípio da verdadeira caridade, será mais prejudicial que útil à causa, porque tenderá a dividir, em vez de unir”, acrescenta o Codificador. (P. 25)

25. Falando sobre as primeiras encarnações dos Espíritos, Kardec diz que os próprios Espíritos ignoram as condições em que elas ocorrem. Sabe-se apenas que as almas são criadas simples e ignorantes, tendo todas o mesmo ponto de partida, e que o livre-arbítrio se desenvolve pouco a pouco, após numerosas evoluções na vida corpórea. (P. 26)

26. É um erro admitir que as primeiras encarnações humanas ocorram na Terra. “A Terra foi, mas não é mais, um mundo primitivo; os mais atrasados seres humanos encontrados na sua superfície já se despojaram dos primeiros cueiros da encarnação e os nossos selvagens estão em progresso”, afirma Kardec. (PP. 26 e 27)

 

Respostas às questões propostas

 

A. Por que os médiuns passistas têm necessidade de trabalhar seu melhoramento moral?

A razão é simples. Sem determinadas qualidades, como a humildade, a benevolência e a caridade, o magnetizador – privado da assistência dos bons Espíritos – fica reduzido às próprias forças, o que torna necessário para esses médiuns trabalhar seu melhoramento moral. (Revista Espírita de 1864, pág. 9.)

B. Na desobsessão é suficiente a ação magnética?

Não. Reportando-se ao caso da possessão da srta. Júlia e a todos os casos análogos, Kardec diz que o magnetismo simples, por mais enérgico que seja, é insuficiente para a obtenção da cura. É preciso agir sobre o Espírito obsessor, para o dominar, e sobre o moral da doente. A propósito do assunto, asseverou Erasto: “Isto vos demonstra o que deveis fazer d’agora em diante, nos casos de possessão manifesta. É indispensável chamar em vossa ajuda o concurso de um Espírito elevado, gozando ao mesmo tempo de força moral e fluídica, como o excelente cura d’Ars”. O ponto essencial em casos assim, segundo Kardec, é levar o Espírito obsessor a emendar-se, o que necessariamente facilita a cura. E foi o que se fez, evocando-o e lhe dando conselhos. (Obra citada, págs. 12 a 17.)

C. A caridade é requisito importante numa reunião espírita?

Sim. Pedra de toque do Espiritismo, quando se fala de caridade, não se fala apenas daquela que dá, mas também da que esquece e perdoa, que é benevolente e indulgente e que repudia todo sentimento de ciúme e rancor. “Toda reunião espírita que não se fundar sobre o princípio da verdadeira caridade, será mais prejudicial que útil à causa, porque tenderá a dividir, em vez de unir”, ensina o Codificador. (Obra citada, pág. 25.)

 

 

Observação:

Para acessar a 1ª parte deste estudo, publicada na semana passada, clique aqui: https://espiritismo-seculoxxi.blogspot.com/2023/08/revista-espirita-de-1864-allan-kardec.html

 

 

 




 

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