CINCO-MARIAS
EUGÊNIA PICKINA
eugeniapickina@gmail.com
Os educadores precisam compreender que ajudar as pessoas a se tornarem pessoas
é muito mais importante do que ajudá-las a tornarem-se matemáticas, poliglotas
ou coisa que o valha. Carl Rogers
Demonstrar amor ou
proteger é distinto de superproteger. Certas atitudes, aparentemente
inofensivas, prejudicam o desenvolvimento dos filhos. Por exemplo, quando
fazemos pelo filho a tarefa que ele já tem capacidade de fazer sozinho – comer,
vestir-se etc. – postergamos o desenvolvimento da maturidade e da independência.
É certo que os pais
não querem que os filhos sofram. No entanto, superproteção e facilidade
constante não implicam felicidade, não são garantia de bem-estar. Ao contrário.
As crianças
necessitam, e desde cedo, fazer escolhas, cometer erros, enfrentar desafios,
experimentar frustração. Quando não permitimos que os filhos façam as coisas
por si mesmos, que não exercitem suas habilidades e competências, interferimos
de modo negativo em seu crescimento e, também por isso, não é sem motivo que
filhos superprotegidos sofram por falta de confiança ou se tornem tiranos…
Muitos familiares
cercam a criança de proteção com medo de que se machuquem – fazendo coisas ou
brincando. Com essa atitude, acabam por impedi-la de correr riscos, de
desvendar as coisas por si mesma.
Quando há
superproteção, ao invés de buscar as próprias respostas, a criança é ‘treinada’
para crescer esperando que seus problemas sejam resolvidos pelos outros e isso,
na realidade, é guiar o filho rumo a uma fantasia… Mais tarde, sofrimentos diversos
serão suportados por conta desse engodo básico e produzido nos anos iniciais…
E, ainda, superproteção não é só impedir que algo aconteça, como o filho
pequeno cair da bicicleta ou se machucar, mas também não deixá-lo ter contato
com limites, descobertas, dilemas, frustrações. Aliás, é nos momentos de
frustração que as crianças aprendem a encarar seus desafios, solucionar
problemas e ter responsabilidade diante da vida.
Ao fazer tudo pelos
filhos, resolvendo suas questões, antecipando suas ações, os pais, na
realidade, acabam desorientando os filhos, pois crianças superprotegidas tendem
a tornar-se pessoas mais inseguras, dependentes e com baixa tolerância às
críticas. Além disso, filhos superprotegidos correm mais risco de na
adolescência (e na vida adulta) se refugiarem nos mundos ‘alternativos‘ – os
videogames e a internet, apresentando, não raramente, dificuldades de
comunicação/socialização.
Reflita sempre sobre
a maneira como se porta em relação ao seu filho pequeno, e procure, no dia a
dia, manter um equilíbrio entre a proteção e o desenvolvimento de sua
autonomia. Certamente, é importantíssimo cuidar, dar carinho, ouvir, conversar,
dar afeto para os filhos, mas sem esquecer de ensiná-los também a cuidarem de
si mesmos...
Notinhas
Superproteção é distinto
de proteção. Superproteger é viver pelo filho, anular sua autonomia, torná-lo
prisioneiro de escolhas que não sejam as dele. Superproteção é privação do
crescimento. São implicações da superproteção: atraso no desenvolvimento;
dependência emocional; isolamento social; dificuldade de lidar com frustrações.
São sinais de pais
superprotetores: medo excessivo que o filho se machuque (brincando ou fazendo
coisas); falar de maneira infantilizada com o filho ou a filha; tratar o filho
de uma maneira que não corresponde com a sua idade – a criança tem 8 anos, mas
o pai/mãe, responsável, a trata como se tivesse 5 anos.
Pais superprotetores
infelizmente criam filhos dependentes e incapazes. Além disso, crianças
superprotegidas estão mais sujeitas à ansiedade/depressão.
*
Eugênia
Pickina é educadora ambiental e terapeuta floral e membro da Asociación Terapia
Floral Integrativa (ATFI), situada em Madri, Espanha. Escritora, tem livros
infantis publicados pelo Instituto Plantarum, colaborando com o despertar da consciência
ambiental junto ao Jardim Botânico Plantarum (Nova Odessa-SP).
Especialista
em Filosofia (UEL-PR) e mestre em Direito Político e Econômico (Mackenzie-SP), ministra
cursos e palestras sobre educação ambiental em empresas e escolas no estado de São
Paulo e no Paraná, onde vive.
Seu
contato no Instagram é @eugeniapickina
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