Hilário
Silva
Aquela preocupação por fortuna fácil já era mania do irmão Teodoro
Pancrácio.
Experimentava a loteria, topava grandes
apostas, frequentava leilões de antiguidades e, entre amigos, confessava-se
apaixonado por moeda grande.
Por isso mesmo, fitou com avidez a
maleta encastoada de prata que, naquela manhã, alguém esquecera num dos bancos
da Praça da República, em São Paulo. Um pequeno esforço e sentou-se junto do
achado. Queria que os transeuntes tivessem a impressão de que ele era o dono do
objeto que lhe conquistara o irresistível interesse.
Transcorridos alguns minutos, empalmou
a maleta com naturalidade e tomou o ônibus, no qual iniciaria a viagem de
retorno à própria residência. Acomodou sobre as próprias pernas aquela caixa
esculpida em madeira, com a chave dependurada num dos bordos e passou a
fantasiar altas perguntas...
Que conteria aquele estojo de que se
apropriara?
Respondia a si mesmo, excitado e
otimista... Possivelmente, estaria conduzindo um tesouro de joias ou, quem
sabe, ali estariam encerrados milhares de cruzeiros?
Trocando várias conduções, chegou à
periferia onde morava. Dirigiu-se a um terreno baldio, quase rente à própria
casa, já que se sabia aguardado pela família. Ansioso, manobrou a chave, no
entanto, apavorado, notou que, de dentro da mala pequena, saltou uma grande
cascavel que, de imediato, se armou contra ele, agitando o chocalho.
Teodoro Pancrácio clamou por socorro e
chegou muita gente. Os vizinhos auxiliaram-no a recolocar a serpente enorme no
recinto da caixa, que foi novamente fechada.
E, depois de muitas providências,
apareceu no dia seguinte a informação exata em torno da curiosa surpresa. O ofídio
pertencia a um fazendeiro de Minas que se aproveitara da visita a São Paulo, a
fim de oferecê-lo para estudos no Instituto Butantã.
Do
livro Juntos Venceremos, obra psicografada pelo médium Francisco Cândido
Xavier.
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