CINCO-MARIAS
Errar e pedir
desculpa
EUGÊNIA PICKINA
Mesmo que custe
muito,
ao teu orgulho e
vaidade.” Cora Coralina
Erramos. Pais e
filhos, todos nós erramos.
Reconhecer o pai ou a
mãe que errou é uma estratégia importante para ajudar o filho pouco a pouco a
compreender suas responsabilidades e impactos no mundo. Ou seja, uma criança criada a partir da
premissa de que todos nós estamos sujeitos a errar, a falhar, pois somos
imperfeitos, permeados por fragilidades, terá mais facilidade em se tornar uma
pessoa capaz de calibrar as expectativas sobre si mesma e sobre os outros ao
longo da sua vida. Ainda, ela conseguirá compreender com mais clareza que os
erros dos outros não implicam necessariamente rompimento de vínculos, mas sim
elementos que também fazem parte das circunstâncias da vida.
Em casa, com minhas filhas, nunca tive
medo de mostrar minhas próprias fragilidades, falhas e equívocos. Quando
errava, pedia desculpas e tentava melhorar, me corrigir. Hoje, se erro,
continuo a pedir desculpas e a refletir maneiras de melhorar nosso
relacionamento. De outro lado, por força do exemplo, espero que elas possam
replicar isso um dia com a família delas.
Infelizmente, para algumas famílias,
não há espaço para os pais admitirem erros, pois isso implicaria a quebra da
autoridade “perfeita”. Contudo, essa expectativa de autoridade, além de pesar
sobre os pais, é ilusória, fonte de rigidez e de uma performance humanamente
impossível de ser praticada… O encorajamento para a honestidade fica
prejudicado, à medida que os pais têm dificuldade em assumir seus erros perante
os filhos. Ainda, pais autoritários tendem a estimular nos filhos o hábito da
mentira, pois desde pequenos, eles, os filhos, são invadidos pelo medo da
punição.
O que realmente importa no dia a dia
familiar?
Pais que erram podem, sim, pedir
desculpas. Por sua vez, pedir desculpas pressupõe o reconhecimento do erro e o
compromisso de fazer diferente. Isso retira dos pais a expectativa de serem
perfeitos e proporciona, no ambiente de relações familiares, espaço para a
responsabilização sobre os próprios atos. E isso, sem dúvida, favorecerá uma
convivência mais aberta e sincera no futuro, quando os filhos crescerem.
*
Eugênia
Pickina é educadora ambiental e terapeuta floral e membro da Asociación Terapia
Floral Integrativa (ATFI), situada em Madri, Espanha. Escritora, tem livros
infantis publicados pelo Instituto Plantarum, colaborando com o despertar da
consciência ambiental junto ao Jardim Botânico Plantarum (Nova Odessa-SP).
Especialista
em Filosofia (UEL-PR) e mestre em Direito Político e Econômico (Mackenzie-SP),
ministra cursos e palestras sobre educação ambiental em empresas e escolas no
estado de São Paulo e no Paraná, onde vive.
Seu
contato no Instagram é @eugeniapickina
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