Comunicações
mediúnicas entre vivos
Ernesto
Bozzano
Parte
26
Damos
prosseguimento ao estudo do clássico Comunicações mediúnicas entre vivos,
de autoria de Ernesto Bozzano, traduzido para o idioma português por J.
Herculano Pires e publicado pela Edicel.
Esperamos
que este estudo sirva para o leitor como uma forma de iniciação aos chamados
Clássicos do Espiritismo.
Cada
parte do estudo compõe-se de:
a)
questões preliminares;
b)
texto para leitura.
As
respostas às questões propostas encontram-se no final do texto indicado para
leitura.
Este
estudo é publicado sempre às sextas-feiras.
Questões
preliminares
A. Por que a leitura do pensamento a distância
(“clarividência telepática”) não consegue abarcar as recordações remotas de
incidentes insignificantes e já esquecidos?
B.
Pode-se afirmar que os fenômenos de “clarividência telepática” são governados
por leis indispensáveis que os circunscrevem em limites bem definidos e
relativamente estreitos?
C.
As manifestações mediúnicas entre vivos podem constituir-se em uma base
inabalável e formidável em favor da existência e sobrevivência da alma?
Texto
para leitura
352.
Isto posto, querendo tirar-se as conclusões que os fenômenos da “leitura do
pensamento nas subconsciências alheias” necessariamente encerram, dever-se-á
reconhecer, em primeiro lugar, que, se os fenômenos em exame, que se realizam
com o sensitivo e as pessoas juntas umas das outras, podem ser cientificamente
demonstrados, contudo isto se refere, limitadamente, a incidentes ainda frescos
na mente, consciente e subconsciente, da pessoa. (2ª Categoria: Mensagens
mediúnicas entre vivos e à distância. Subgrupo F)
353.
Fica entendido que um incidente pode conservar-se vivo por efeito de sua
realização recente, ou porque tenha ficado assinalado numa data marcante na
mente, consciente e subconsciente, da pessoa. (2ª Categoria: Mensagens
mediúnicas entre vivos e à distância. Subgrupo F)
354. Repito que os fenômenos da natureza em
questão não vão além de tais condições mnemônicas que predispõem a pessoa, isto
é, que nunca se deu o caso de um sensitivo ter livremente retirado informes
insignificantes e totalmente esquecidos na memória subconsciente de um
consultante e ainda menos que da subconsciência do consultante tenha tirado
informes insignificantes e totalmente esquecidos referentes a terceiras pessoas
por ele conhecidas em épocas remotas, como pressupõem, constantemente, os
opositores da hipótese espírita. (2ª Categoria: Mensagens mediúnicas entre
vivos e à distância. Subgrupo F)
355.
Tal impossibilidade seria de presumir-se mesmo a priori, visto que somente as
coisas pessoais podem constituir, na subconsciência, uma série sistematizada de
recordações latentes, com uma “tonalidade vibratória”, para assim nos
expressarmos, suficientemente viva para ser perceptível aos sensitivos. As
simples recordações longínquas de incidentes insignificantes e totalmente
esquecidos, sucedidos a terceiras pessoas conhecidas do consulente, não
poderiam ter essa “tonalidade vibratória”. (2ª Categoria: Mensagens mediúnicas
entre vivos e à distância. Subgrupo F)
356. Em segundo lugar, deve-se afirmar o
mesmo, e com maior razão, a respeito dos fenômenos de leitura do pensamento a
distância (clarividência telepática), fenômenos que, por sua vez, podem ser
considerados cientificamente averiguados, conquanto se realizem raramente em
comparação com os primeiros, em que o sensitivo e a pessoa estão juntos. (2ª
Categoria: Mensagens mediúnicas entre vivos e à distância. Subgrupo F)
357.
Ademais, compreende-se, como mais do que nunca se deve observar a respeito, que
não se conhecem exemplos em que um sensitivo tenha retirado, das
subconsciências de pessoas distantes, informes insignificantes e esquecidos,
ocorridos à pessoa em épocas remotas e muito menos ainda informes
insignificantes e totalmente esquecidos referentes a terceiros conhecidos no
passado pela pessoa. (2ª Categoria: Mensagens mediúnicas entre vivos e à
distância. Subgrupo F)
358.
À vista do exposto, mais do que nunca se deve repetir agora que os fenômenos de
“clarividência telepática” são governados por leis indispensáveis que os
circunscrevem em limites bem definidos e relativamente estreitos. (2ª
Categoria: Mensagens mediúnicas entre vivos e à distância. Subgrupo F)
359. A propósito, relembro que, nos
comentários aos casos expostos no subgrupo C, ficou demonstrado que, de
qualquer modo, nas comunicações mediúnicas entre vivos, não se trata
absolutamente de “clarividência telepática” em que o médium surrupiasse
informes às subconsciências alheias, mas sim de verdadeiras e próprias
conversações entre duas personalidades integrais subconscientes. (2ª Categoria:
Mensagens mediúnicas entre vivos e à distância. Subgrupo F)
360. Depois disso, nos mesmos comentários,
foram comparadas as comunicações mediúnicas entre vivos com as comunicações
análogas obtidas dos mortos, fazendo salientar a absoluta identidade delas,
visto que estas últimas são obtidas, na sua imensa maioria, com o auxílio da
“psicografia” e sob a forma de conversação, do mesmo modo que as comunicações
entre vivos. (2ª Categoria: Mensagens mediúnicas entre vivos e à distância.
Subgrupo F)
361. Resulta daí que, se no primeiro caso se
chega à certeza científica com relação ao fato de que as manifestações de
vivos, longe de consistirem em efêmeras personalidades sonambúlicas, são
autênticas personalidades de vivos, então deve-se concluir em sentido idêntico,
nas manifestações de mortos que provem as suas identidades, fornecendo informes
pessoais ignorados por todos os presentes. (2ª Categoria: Mensagens mediúnicas
entre vivos e à distância. Subgrupo F)
362. Chegados a este ponto, fizemos notar que
aos opositores restava uma única argumentação para confirmarem e era a de que,
se as comunicações mediúnicas entre vivos se realizavam em forma de conversação
entre duas personalidades subconscientes, isto não excluía que os médiuns
pudessem igualmente retirar de terceiras pessoas afastadas, sob essa forma,
informes que forneciam em nome dos supostos espíritos. (2ª Categoria: Mensagens
mediúnicas entre vivos e à distância. Subgrupo F)
363. A tal argumentação, respondemos
observando que a ela se opunha, acima de tudo, a grande lei da “relação
psíquica”, que é impossível de ser estabelecida com pessoas afastadas e
desconhecidas do médium e dos presentes, o que fica provado pelos processos da
análise comparada aplicados às manifestações telepáticas e clarividentes,
impossibilidade essa que deveria ser considerada, ao contrário, muitíssimo
possível, a fim de chegar a explicar, de algum modo, o montante de casos de
identificação pessoal de mortos, sem admitir a hipótese espírita. (2ª
Categoria: Mensagens mediúnicas entre vivos e à distância. Subgrupo F)
364.
Depois acrescentemos que a ela se contrastava o outro fato de que, se a objeção
em exame tivesse fundamento, então o automatismo psicográfico, no que tem de
automatismo, deveria transcrever, inevitavelmente, as respostas obtidas das
personalidades que dão os informes aos vivos distantes, visto que as
manifestações mediúnico-psicográficas consistem nisso e em nada mais do que
isso e, portanto, deveriam trair a origem “telemnésica” dos presumidos
episódios de identificação espírita. (2ª Categoria: Mensagens mediúnicas entre
vivos e à distância. Subgrupo F)
365. Estas observações chegam a condições
resolutivas a cujas consequências os opositores não têm meios de subtrair-se,
levando-se em conta que, se os casos de identificação pessoal dos vivos, em sua
grande maioria, são obtidos por meio da “psicografia” e da “tiptologia”, do
mesmo modo que nos casos de identificação pessoal dos vivos, então o que fica
cientificamente demonstrado com respeito às manifestações dos vivos deve estar
cientificamente demonstrado com respeito às manifestações dos mortos. (2ª
Categoria: Mensagens mediúnicas entre vivos e à distância. Subgrupo F)
366. Depois do que fica dito acima, é quase
inútil observar que, do ponto de vista científico, deve ser excluída, de modo
absoluto, a possibilidade teórica de explicar, pela clarividência telepática,
entrando pela telemnesia, os casos em que as personalidades dos mortos
comunicantes fornecem informes insignificantes e ignorados sobre a sua vida
térrea, possibilidade teórica que deve ser excluída porque não existem
manifestações supranormais que a confirmem, enquanto que existem numerosas
manifestações de ordem análoga que a contradizem. (2ª Categoria: Mensagens
mediúnicas entre vivos e à distância. Subgrupo F)
367.
Além disso, deve ser excluída porque se revela inconciliável com as modalidades
de realização das manifestações em exame e, finalmente, deve ser excluída
porque é igualmente inconciliável com a lei fatal da “relação psíquica”. E tudo
isto basta para a demolição de qualquer hipótese. (2ª Categoria: Mensagens
mediúnicas entre vivos e à distância. Subgrupo F)
368.
Uma vez desocupado o terreno com a retirada das hipóteses insustentáveis, então
surge, em toda a sua evidência, o grande valor teórico das “comunicações
mediúnicas entre vivos”, as quais apresentam sobre as comunicações análogas dos
mortos, a imensa vantagem de se prestarem a fornecer inferências teóricas
incontestáveis, porquanto são baseadas em dados de fatos verídicos e completos,
fornecendo a possibilidade de edificar, sobre fundamentos solidíssimos, a nova
Ciência da alma. (2ª Categoria: Mensagens mediúnicas entre vivos e à distância.
Subgrupo F)
369.
Ora, se pela força das manifestações mediúnicas entre vivos somos forçados a
admitir que, entre duas personalidades integrais subconscientes, podem
desenrolar-se conversações espirituais a qualquer distância, então com isto
vem-se a criar uma base inabalável e formidável em favor da existência e
sobrevivência da alma. (2ª Categoria: Mensagens mediúnicas entre vivos e à
distância. Subgrupo F)
370.
Digo inabalável porque os fatos, sobre os quais se funda, são verificáveis não
só nos seus efeitos, mas igualmente nas suas causas, e formidável, porque
apenas encontrado um fundamento teórico de tanta solidez, então a inferência de
que as manifestações mediúnicas entre vivos subentendem a existência subconsciente
de uma personalidade integral, ou espiritual, independente das leis biológicas
que governam o corpo somático, torna-se a dita inferência uma necessidade
lógica igualmente irrefutável, tanto mais quando se considerem as manifestações
em exame cumulativamente com as outras manifestações inerentes à subconsciência
humana, como a “clarividência no tempo e no espaço”, os fenômenos de
“bilocação”, as criações “ideoplásticas” e a “visão panorâmica” no momento da
morte. (2ª Categoria: Mensagens mediúnicas entre vivos e à distância. Subgrupo
F)
371.
Uma vez admitida a existência subconsciente de uma entidade espiritual e
integral, capaz de existir, de agir e de pensar independentemente dos laços da
matéria, deste ponto até admitir-se-lhe a sobrevivência à morte do corpo não há
senão um breve passo, inspirado antes de tudo pelo complexo das manifestações
indicadas, mas depois tornado necessário pela existência das correspondentes
manifestações de mortos que fornecem informes pessoais em tudo conformes com os
fornecidos pelos vivos. (2ª Categoria: Mensagens mediúnicas entre vivos e à
distância. Subgrupo F)
372.
Em outras palavras, uma vez provado que as personalidades dos vivos que se
comunicam mediunicamente, longe de serem personificações efêmeras de ordem
onírico-sonambúlica, são os espíritos dos vivos em cujo nome se manifestam, e
uma vez demonstrado que a “telemnesia” não existe, então dever-se-á concluir em
igual sentido quanto aos espíritos de mortos, toda vez que provem, com fatos, a
sua identidade pessoal. (2ª Categoria: Mensagens mediúnicas entre vivos e à
distância. Subgrupo F)
373.
Conclusões – Chegados ao fim desta longa classificação, convém lançar um
olhar retrospectivo às etapas ascensionais percorridas, para depois nos
determos a discutir as questões teóricas de ordem particular e geral que
derivam da mesma classificação. Vimos que os fenômenos das “manifestações
mediúnicas entre vivos” se dividem em duas grandes categorias, na primeira das
quais figuram as mensagens obtidas quando o agente e o percipiente estão longe
um do outro. (Conclusões)
374.
A primeira categoria, que é análoga, quanto aos fatos, aos fenômenos de
“leitura de pensamento”, salvo a circunstância de que as manifestações do
gênero se realizam mediunicamente, varia muito pouco nas modalidades pelas
quais se manifesta, de sorte que bem pouco tivemos que observar a respeito,
porquanto os referidos casos apresentaram ocasião para formular considerações
importantes sobre a gênese presumível de algumas mistificações anímicas que se
dão nas comunicações mediúnicas entre vivos, como também sobre a natureza
presumível do “controle mediúnico”, o qual consistiria, quase sempre, na
transmissão telepática do pensamento e não em uma posse temporária do organismo
do médium pelo espírito comunicante. (Conclusões)
375.
Conclui-se, portanto, que os fenômenos examinados trazem uma primeira indução a
favor da autenticidade das comunicações mediúnicas com os mortos, pois que, se
a vontade de um vivo chega a ditar mentalmente uma carta inteira, palavra por
palavra, servindo-se do cérebro e da mão de outrem (caso 3), então não se pode
mais negar a possibilidade de que as personalidades dos mortos transmitam as
suas mensagens, exercendo telepaticamente a vontade sobre o cérebro e a mão do
médium. (Conclusões)
376.
Enquanto os fenômenos de tal natureza abalavam os fundamentos da hipótese das
“personificações subconscientes”, pela qual todas as personalidades que se
manifestam no domínio mediúnico não seriam mais do que efêmeras personificações,
ou mistificações onírico-sonambúlicas da subconsciência, casos como estes em
exame demonstram a origem positivamente extrínseca das manifestações de mortos.
(Conclusões) (Continua no próximo número.)
Respostas
às questões preliminares
A. Por que a leitura do pensamento a distância
(“clarividência telepática”) não consegue abarcar as recordações remotas de
incidentes insignificantes e já esquecidos?
Segundo
o entendimento de Bozzano, somente as coisas pessoais podem constituir, na
subconsciência, uma série sistematizada de recordações latentes, com uma
“tonalidade vibratória” suficientemente viva para ser perceptível aos
sensitivos. As simples recordações longínquas de incidentes insignificantes e
totalmente esquecidos, sucedidos a terceiras pessoas conhecidas do consulente,
não teriam essa “tonalidade vibratória”. Estaria aí a resposta à pergunta
proposta. (2ª Categoria: Mensagens mediúnicas entre vivos e à distância.
Subgrupo F)
B.
Pode-se afirmar que os fenômenos de “clarividência telepática” são governados
por leis indispensáveis que os circunscrevem em limites bem definidos e
relativamente estreitos?
Sim.
Mas Bozzano reitera sua posição de que – nos comentários feitos acerca dos
casos expostos no subgrupo C – ficou demonstrado que nas comunicações
mediúnicas entre vivos não se trata absolutamente de “clarividência telepática”
em que o médium surrupiasse informes às subconsciências alheias, mas sim de
verdadeiras e próprias conversações entre duas personalidades integrais
subconscientes. (2ª Categoria: Mensagens mediúnicas entre vivos e à distância.
Subgrupo F)
C.
As manifestações mediúnicas entre vivos podem constituir-se em uma base
inabalável e formidável em favor da existência e sobrevivência da alma?
Sim.
Inabalável porque os fatos, sobre os quais se funda, são verificáveis não só
nos seus efeitos, mas igualmente nas suas causas, e formidável porque as
manifestações mediúnicas entre vivos subentendem a existência subconsciente de
uma personalidade integral, ou espiritual, independente das leis biológicas que
governam o corpo somático, inferência que mais se fortalece quando se
consideram as manifestações em exame cumulativamente com as outras
manifestações inerentes à subconsciência humana, como a “clarividência no tempo
e no espaço”, os fenômenos de “bilocação”, as criações “ideoplásticas” e a
“visão panorâmica” no momento da morte. (2ª Categoria: Mensagens mediúnicas
entre vivos e à distância. Subgrupo F)
Observação:
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