Dúvidas e explicações a respeito do
passe espírita
ASTOLFO O. DE OLIVEIRA FILHO
aoofilho@gmail.com
Reportando-se
a dúvidas que ainda existem com relação ao mecanismo do passe, um amigo
enviou-nos as seguintes perguntas:
1ª - O fluido
magnético ou vital transmitido pelo chamado médium passista é direcionado pela
mente ou pelas mãos de quem administra o passe?
2ª - Para a
eficácia do passe magnético é necessário que o médium passista toque no paciente?
Já nos referimos ao assunto em mais de uma
oportunidade.
Quanto à primeira pergunta, a resposta nos foi dada
em 1861 na obra de Kardec O Livro dos Médiuns, cap. XIV, item 176,
adiante reproduzido:
176. Eis aqui
as respostas que nos deram os Espíritos às perguntas que lhes dirigimos sobre
este assunto:
1ª - Podem
considerar-se as pessoas dotadas de força magnética como formando uma variedade
de médiuns?
"Não há
que duvidar."
2ª - Entretanto,
o médium é um intermediário entre os Espíritos e o homem; ora, o magnetizador,
haurindo em si mesmo a força de que se utiliza, não parece que seja
intermediário de nenhuma potência estranha.
"É um
erro; a força magnética reside, sem dúvida, no homem, mas é aumentada pela ação
dos Espíritos que ele chama em seu auxilio. Se magnetizas com o propósito de
curar, por exemplo, e invocas um bom Espírito que se interessa por ti e pelo
teu doente, ele aumenta a tua força e a
tua vontade, dirige o teu fluido e lhe dá as qualidades necessárias." (Grifamos.)
Reforçando a ideia de que é o Espírito o elemento
fundamental no mecanismo do passe magnético, José Herculano Pires escreveu:
"O passe espírita é simplesmente a imposição das mãos, usada e
ensinada por Jesus, como se vê nos Evangelhos. Origina-se das práticas de cura
do Cristianismo Primitivo. Sua fonte humana e divina são as mãos de Jesus. O
passe espírita não comporta as encenações e gesticulações em que hoje o
envolveram alguns teóricos improvisados, geralmente ligados a antigas correntes
espiritualistas de origem mágica ou feiticista. Todo o poder e toda a eficácia
do passe espírita dependem do Espírito e
não da matéria, da assistência espiritual do médium passista e não dele mesmo.
Os passes padronizados e classificados derivam de teorias e práticas
mesméricas, magnéticas e hipnóticas de um passado há muito superado. Os
Espíritos realmente elevados não aprovam nem ensinam essas coisas, mas apenas a
prece e a imposição das mãos. Toda a beleza espiritual do passe espírita, que
provém da fé racional no poder espiritual, desaparece ante as ginásticas
pretensiosas e ridículas gesticulações”. (Obsessão, o passe, a doutrinação,
editora Paideia, págs.
Fica, à vista dos textos acima transcritos, mais do que evidente que não
são as mãos do médium passista que dão direção ao fluido magnético ou vital,
mas sim o Espírito que com ele atua no processo.
Quanto à segunda questão, cremos que os textos
abaixo reproduzidos respondem perfeitamente à indagação do leitor:
1
Como deve ser recebido e dado o passe?
- O
passe poderá obedecer à fórmula que forneça maior porcentagem de confiança, não
só a quem o dá, como a quem o recebe. Devemos esclarecer, todavia, que o passe
é a transmissão de uma força psíquica e espiritual, dispensando qualquer contacto físico na sua aplicação. (O Consolador,
de Emmanuel, obra psicografada por Chico Xavier, pergunta 99.) (Grifamos.)
2
Há necessidade de o médium tocar ou encostar as
mãos na pessoa que recebe o passe?
Divaldo – Desde que se trata de permuta de
energias, deve-se mesmo, por medida de cautela e de zelo ao próprio bom nome e
ao do Espiritismo, evitar tudo aquilo que possa comprometer, como toques físicos, abraços, etc. (Diretrizes
de Segurança, de autoria de Divaldo Franco e J. Raul Teixeira, pergunta
75.) (Grifamos.)
3
Os estalidos dos dedos ajudam, de algum modo, na
aplicação dos passes?
Raul – Não. Tudo isso faz parte dos hábitos
incorporados pelas pessoas que passam a admitir que seus trejeitos e tiques são
parte da tarefa dos passes ou da mediunidade. Os estalidos e outros maneirismos
com as mãos, indicando força ou energia, são perfeitamente dispensáveis,
devendo o médium educar-se, procurando aperfeiçoar suas possibilidades de
trabalho. Nenhum estalo, nenhuma
fungação, nenhum toque corporal
ou puxadas de dedos, de braços, de cabelos, têm quaisquer utilidades na prática dos passes. Deveremos, assim,
evitá-los. (Diretrizes de Segurança, de autoria de Divaldo Franco e J.
Raul Teixeira, pergunta 77.) (Grifamos.)
4
Qual o papel dos centros vitais no intercâmbio
mediúnico?
Raul – Encontramos os centros vitais como sendo
representações do corpo psicossomático ou perispírito, correspondendo aos
plexos no corpo físico. São verdadeiras subestações energéticas.
À proporção que encontramos no mapa fisiológico do
indivíduo os diversos entroncamentos nervosos, de vasos, de veias, temos aí um
foco de expansão de energia.
O nosso centro coronário, que é a porta que se abre
para o cosmo, é a “esponja” que absorve o influxo de energia e o distribui para
o centro cerebral, para o centro laríngeo, e, respectivamente, para outros
centros que se distribuem com maior ou menor intensidade, através do corpo.
Sabemos que tais energias, antes de atingir o corpo físico, abrigam-se no corpo
espiritual.
(...)
Porque as energias penetram o centro coronário e
são distribuídas por essas “linhas de força”, à semelhança de qualquer
medicamento, elas vão atingir as áreas carentes. Se estivermos com uma
problemática cardíaca, por exemplo, não
haverá necessidade de aplicarmos as energias sobre o músculo cardíaco, porque
em penetrando nossa intimidade energética, aquele centro lesado vai absorver a
quantidade, a parcela de recursos fluídicos de que necessita. Do mesmo modo, se
temos uma dor na ponta do pé e tomamos um analgésico, que vai para o estômago,
a dor na ponta do pé logo passa. Então, o nosso cosmo energético está, como diz
a Doutrina Espírita, ligado célula por célula ao nosso corpo somático. Por
isso, os centros de força do perispírito têm seus correspondentes materiais nos
plexos do corpo carnal, ou, diríamos de melhor maneira, os plexos do corpo
carnal são representantes materiais, são a expressão materializada dos fulcros
energéticos ou dos centros de força, ou, ainda, dos centros vitais do nosso
perispírito. (Diretrizes de Segurança, de autoria de Divaldo Franco e J.
Raul Teixeira, pergunta 28.) (Grifamos.)
À vista de explicações tão claras, não há por que
adotar na Casa espírita procedimentos que contrariem as orientações aqui
reproduzidas.
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