quarta-feira, 30 de abril de 2025

 


Revista Espírita de 1868

 

Allan Kardec

 

Parte 10

 

Continuamos o estudo metódico e sequencial da Revista Espírita do ano de 1868, periódico editado e dirigido por Allan Kardec. 

O estudo baseia-se na tradução feita por Júlio Abreu Filho publicada pela EDICEL.

A coleção do ano de 1868 pertence a uma série iniciada em janeiro de 1858 por Allan Kardec, que a dirigiu até 31 de março de 1869, quando desencarnou.

Cada parte do estudo, que é apresentado às quartas-feiras, compõe-se de:

a) questões preliminares;

b) texto para leitura.

As respostas às questões propostas encontram-se no final do texto abaixo. 

 

Questões preliminares

 

A. Em que época viveu Lao-Tseu?

B. Que recado formulou Victor Hugo a propósito do falecimento de sua esposa?

C. A máxima “A gente é sempre punido por onde pecou” pode ser considerada uma ideia espírita?

 

Texto para leitura

 

119. Após transcrever uma comunicação mediúnica publicada no jornal espírita Le Salut, de New Orléans, de junho de 1868, Kardec fez o seguinte comentário: “Pode ver-se que as instruções dadas na América sobre a caridade e a fraternidade não cedem em nada às que são dadas na Europa”. Esse é o elo que, segundo o Codificador, “unirá os habitantes dos dois mundos”. (Págs. 283 a 285.)

120. O número de setembro traz, fechando a edição, duas notas. A primeira refere-se à Liga Internacional da Paz, uma associação que tinha por objetivo eliminar da Terra o flagelo da guerra. A Revista fornece os endereços dos locais onde os interessados poderiam aderir à Liga. A nota seguinte anuncia a obra O Espiritismo na Bíblia, ensaio sobre as ideias psicológicas entre os antigos hebreus, de autoria de Henri Stecki, de São Petersburgo. (Pág. 285.)

121. Um artigo assinado por W. Foelkner, de São Petersburgo, analisa o livro Horas de Piedade, escrito por C. Tschokke, distinto escritor suíço e autor de várias obras literárias muito apreciadas na Alemanha. O livro objeto do artigo havia tido desde 1815 mais de quarenta edições e, embora escrito cinquenta e três anos atrás, apresenta ideias nitidamente espíritas sobre vários assuntos, como a reencarnação e o corpo espiritual ou perispírito. Na Revista são transcritas do livro citado a 141a. Meditação – que fala do nascimento e da morte – e a 143a. Meditação – que explica o que ocorre com as pessoas depois da morte corporal. (Págs. 287 a 290.)

122. Eis, de forma resumida, alguns trechos da 143a. Meditação: I – A doutrina da ressurreição dos corpos era uma das mais antigas da religião judaica. Mas eles interpretavam tal ideia de forma errônea imaginando que os corpos materiais já sepultados é que um dia deveriam ressuscitar. II – Paulo corrigiu esse equívoco, que era partilhado também pelos discípulos de Jesus, esclarecendo que, da mesma maneira que há um corpo animal, há também um corpo espiritual e é este que brilha e brilhará sempre. III – Diz-se muitas vezes que o sono é o irmão da morte, e assim o é. O sono é a retirada do Espírito ou alma, o abandono provisório feito por ela das partes mais grosseiras do corpo. A mesma coisa ocorre no momento da morte. IV – No sono, a vida vegetativa, abandonada a si mesma e deixada em repouso pelo Espírito, pode continuar a trabalhar sem entraves na sua restauração, conforme as leis de sua natureza. Eis por que, depois de um sono em estado de saúde, sentimos nosso corpo repousado, com que se alegra o nosso Espírito. V – O sono é o alimento da força vital. O estado de vigília é um consumo de força vital. VI – O sono compõe-se sempre de visões, de desejos e de sentimentos, que se formam de uma maneira independente dos sentidos exteriores do homem, que naquele momento se encontram inativos. É por isso que raramente deixam uma impressão viva e durável na memória. VII – Os sonhos são outras tantas provas da continuação da atividade do Espírito. Um outro estado que nos dá a prova dessa atividade é o estado de sonambulismo. VIII – Como explicar esse fenômeno? Como é que um homem que dorme pode ver e ouvir, mais perfeitamente do que em vigília? A resposta é simples: o corpo não é senão o envoltório da alma e sem ela nada pode experimentar, porque é a alma que sente, vê e ouve o que se passa ao seu redor. IX – Ao perder o corpo material com o fenômeno da morte, é fácil compreender que o Espírito imortal conserva a consciência e o sentimento de sua existência e – por meio do corpo espiritual de que fala o apóstolo Paulo –   pode continuar a agir. (Págs. 290 a 297.)

123. Um dos correspondentes da Revista em Saigon, na Cochinchina (hoje Vietnã), enviou a Kardec um longo artigo sobre o pensamento de Lao-Tseu, um dos maiores filósofos da Antiguidade, que nasceu no ano 604 a.C., mais ou menos na época em que viveu Pitágoras e dois séculos antes de Sócrates e Platão. De origem humilde, Lao-Tseu não teve outros meios de se instruir senão a reflexão e numerosas viagens. Com a idade de cinquenta anos, escreveu o livro A razão suprema e virtude, obra considerada autêntica pelos historiadores chineses de todas as seitas. (Págs. 297 e 298.)

124. Eis, extraídos do artigo citado, algumas reflexões atribuídas ao grande filósofo: I – A natureza espiritual é a natureza perfeita; dela é que emanou o homem, e é a ela que ele deve voltar, desprendendo-se dos laços materiais do corpo. O aniquilamento de todas as paixões materiais e o afastamento dos prazeres mundanos são meios eficazes de se tornar digno de a ela retornar. II – Todos os seres aparecem na vida e realizam os seus destinos; contemplamos as suas renovações sucessivas. Esses seres materiais se mostram incessantemente com novas formas exteriores. III – Aquele que conhece os homens é instruído; aquele que conhece a si mesmo é verdadeiramente esclarecido. IV – Aquele que subjuga os homens é poderoso; aquele que domina a si mesmo é verdadeiramente forte. V – É preciso esforçar-se para chegar ao último degrau da incorporeidade, a fim de poder conservar a maior imutabilidade possível. VI – O homem virtuoso devemos tratá-lo como um homem virtuoso; o homem vicioso devemos igualmente tratá-lo como um homem virtuoso. Eis a sabedoria e a virtude. VII – Aquele que realiza obras difíceis e meritórias deixa uma lembrança durável na memória dos homens. VIII – Aquele que não dissipa a sua vida é imperecível; aquele que morre e não é esquecido tem uma vida eterna. (Págs. 298 a 300.)

125. Como observa o eminente tradutor da obra de Lao-Tseu, não encontramos na Grécia, antes de Aristóteles, uma série de sorites, isto é, silogismos tão logicamente encadeados. Quanto ao seu conteúdo, é fácil verificar que aí se enfileiram princípios semelhantes aos que servem de base ao Espiritismo, salvo um único ponto de inspiração panteísta em que Lao-Tseu parece identificar a criatura santificada com o Criador. (Págs. 301 e 302.)

126. A Revista noticia o sepultamento em Villèquiers, Seine-Inferieur, da esposa de Victor Hugo, morta em Bruxelas. Impedido de entrar em seu país, Victor Hugo acompanhou o corpo até a fronteira, onde pediu a seu amigo Paul Meurice: “Dizei a minha filha que, esperando, sempre lhe envio sua mãe”. Paul recordou esse pedido ao pronunciar, à beira do túmulo, palavras de adeus à falecida. O recado do grande escritor é comentado por Kardec em nota posta em seguida à notícia, na qual informa que a mulher de Victor Hugo foi sepultada ao lado do túmulo onde haviam sido enterrados 25 anos antes sua filha e seu genro, vítimas de um naufrágio. Ao dizer aquelas palavras, Victor Hugo demonstrava mais uma vez sua convicção imortalista e a certeza de que a filha, falecida em 1943, receberia sua mãe no seu retorno à pátria espiritual. (Págs. 302 a 304.)

127. Evocando as palavras do romancista e amigo, afirmou Allan Kardec: “Quem quer que tenha chegado a isto é espírita; porque, se quiser refletir seriamente, não pode escapar a todas as consequências lógicas do Espiritismo. Os que repelem essa classificação é que, não conhecendo do Espiritismo senão os quadros ridículos da crítica trocista, dele fazem uma ideia falsa. Se se dessem ao trabalho de o estudar, de o analisar, de sondar o seu alcance, ao contrário sentir-se-iam felizes por encontrar nas ideias que constituem a sua felicidade uma sanção capaz de firmar a sua fé”. (Pág. 304.)

128. O jornal Figaro de 5 de abril de 1868 publicou um artigo em que seu autor revelou que o compositor E... acreditava firmemente na doutrina da reencarnação e até mesmo dizia que em séculos anteriores tinha sido escravo na Grécia, depois um histrião e, mais tarde, um célebre compositor italiano que, invejoso, impedia seus confrades de produzir. “Hoje sou punido por isto”, reconhecia ele; “é a minha vez de ser sacrificado aos outros e me ver barrados os caminhos.” (Págs. 304 e 305.)

129. Tal ideia, observa Kardec, é puro Espiritismo porque, não só é o princípio da pluralidade das existências, mas o da expiação do passado, pela pena de Talião, nas existências sucessivas, segundo a máxima: “A gente é sempre punido por onde pecou”. Essa crença é, portanto, uma causa poderosa e muito natural de moralização. Não há ninguém que não compreenda que se pode já ter vivido, e que, se já se viveu, pode-se reviver ainda. Ora, desde que não é o corpo que pode reviver, esse pensamento é a sanção mais patente da existência da alma, de sua individualidade e de sua imortalidade.

 

Respostas às questões propostas

 

A. Em que época viveu Lao-Tseu?

Lao-Tseu, um dos maiores filósofos da Antiguidade, nasceu no ano 604 a.C., mais ou menos na época em que viveu Pitágoras e dois séculos antes de Sócrates e Platão. De origem humilde, Lao-Tseu não teve outros meios de se instruir senão a reflexão e numerosas viagens. Com a idade de cinquenta anos, escreveu o livro A razão suprema e virtude, obra considerada autêntica pelos historiadores chineses de todas as seitas. (Revista Espírita de 1868, pp. 297 e 298.)

B. Que recado formulou Victor Hugo a propósito do falecimento de sua esposa?

Impedido de entrar em seu país, Victor Hugo pediu a seu amigo Paul Meurice: “Dizei a minha filha que, esperando, sempre lhe envio sua mãe”. Paul recordou esse pedido ao pronunciar, à beira do túmulo, palavras de adeus à falecida. O recado do grande escritor é comentado por Kardec em nota posta em seguida à notícia, na qual informa que a mulher de Victor Hugo foi sepultada ao lado do túmulo onde haviam sido enterrados 25 anos antes sua filha e seu genro, vítimas de um naufrágio. (Obra citada, pág. 302 a 304.)

C. A máxima “A gente é sempre punido por onde pecou” pode ser considerada uma ideia espírita?

Evidentemente. Essa ideia, observa Kardec, é puro Espiritismo porque não só é o princípio da pluralidade das existências, mas igualmente da expiação do passado, pela pena de Talião, nas existências sucessivas. (Obra citada, pág. 305.)

 

 

 

Observação:

Para acessar a Parte 9 deste estudo, publicada na semana passada, clique aqui: https://espiritismo-seculoxxi.blogspot.com/2025/04/revista-espirita-de-1868-allan-kardec_23.html

 

 

 

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terça-feira, 29 de abril de 2025

 



As crianças ensinam

 

CÍNTHIA CORTEGOSO

cinthiacortegoso@gmail.com

 

Regularmente devemos voltar a ser crianças. Sim, pois a presença do sentimento lúdico, criativo, otimista, leve e encantador cura doenças do corpo e da alma, e o sentimento indiferente, pessimista, que muitos adultos sentem em relação aos dias da vida, não cura enfermidade alguma, apenas desencadeia novas doenças e fortalece as existentes.

As crianças fazem de simples coisas uma rica história com personagens felizes, desfecho carinhoso e um sorriso brilhante de alegria. Os adultos, com tudo o que têm, não encontram quase nada que os contente e passam mais amargurados, críticos e sozinhos o tempo que poderia ser mais agradável.

Se passarmos a uma criança duas pequenas varetinhas de madeira, uma bolinha e qualquer outro objeto, elas os transformarão em componentes importantes e cheios de vida de um rico cenário com uma história colorida contada ou intensamente vivenciada. Quando entregarmos a um adulto os mesmos itens, de duas uma, ou ele jogará no lixo ainda quebrando as varetinhas ao meio, ou então, não fará questão de pegá-los e sairá com olhar de desdém. Precisamos, mais continuamente, voltar a ser crianças.

A vida é tão maravilhosa, próspera, linda e perfeita que é somente o próprio universo pessoal, particular, que a diminui e a torna gris e limitada. O olhar adulto é que deve amadurecer para voltar a compreender e a valorizar a eterna riqueza que é a vida, a nobre simplicidade, sem contar que o adulto maçante ficará ainda mais solitário vivendo a sua própria chateação. Os adultos que já compreenderam a importância de manter o coração aquecido com o olhar mais terno, e as crianças que ainda o são de verdade, ah, essas são felizes, aliás, seus espíritos são leves e agradecidos.

O comportamento é o espelho do estágio do espírito, se há doçura, respeito, amor, bondade, otimismo, de fato, já são todas características espirituais, da mesma maneira, todo o seu contrário é o reflexo natural do desenvolvimento espiritual. Trazemos as nossas conquistas e atrasos estritamente na maneira de nosso verdadeiro comportamento.

Notavelmente melhor resgatar o olhar doce e esperançoso para viver, pois momentos sequiosos são tristes demais para serem vivenciados todos os dias. E quando menos se percebe, outros adultos, adolescentes, crianças e até animais começam a se afastar. E a imposta solidão começa a ser desagradável, porque um coração amargurado apenas em sua própria companhia tende a tornar-se enfermo e mais infeliz.

Enquanto isso, o olhar de criança atrai, aproxima infinitos outros olhares já que eles demonstram a esperança, o amor e uma completude abençoada para a fase na qual ainda nos encontramos. Tomara que sejamos lembrados mais por nossa existência de olhar e coração mais pueris.

Quando os adultos têm tanto, não valorizam nada. Enquanto aos olhos humanos as crianças parecem ter pouco, elas têm tudo e a felicidade.

 

Visite o blog Conto, crônica, poesia… minha literatura: http://contoecronica.wordpress.com/

 

 

 

 


 

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segunda-feira, 28 de abril de 2025

 



Claudino e a lavoura

 

Hilário Silva (Espírito)

 

Entre Barra do Piraí e a vila de Juparanã, no Estado do Rio, Claudino Dias, denodado seareiro espírita barrense, havia plantado grande milharal de parceria com um amigo. O sócio, lavrador de prol, cuidava da gleba, e Claudino, que aceitara o negócio na intenção de ajudar uma instituição de caridade, financiava o cometimento.

De vez em vez, os dois, juntos, iam namorar a cultura viçosa de que as águas do Paraíba eram farto sustento.

Surgindo a época das espigas iniciantes, mãos anônimas começaram talando a roça.

– Sr. Claudino – vinha José, o sócio, notificar, dia a dia –, o produto está sendo surrupiado. Alguém está fazendo comércio de milho verde, à nossa custa.

– José – recomendava o amigo –, vigie com critério. Se apanhar o responsável, não faça violência, dê conselhos...

E na manhã seguinte, José aparecia, renovando a denúncia.

Porque o resto do milho amadurecesse e o furto continuasse, numa noite de luar Claudino resolveu inspecionar a roça, ele mesmo. Caminhou, em silêncio, quase uma hora, até que atingiu a margem do rio. Alguns momentos depois de zero hora, descansou, em prece, sob copada árvore. Decorridos alguns minutos, notou que alguém quebrava o milho com discrição.

Tac... tac... tac... tac…

Recordou o Evangelho e mentalizou as palavras que iria dizer. Não feriria o irmão que aproveitava a noite para roubar. Avançou devagarinho... Mas, a poucos metros, vê o intruso. É o próprio parceiro da lavoura, arrancando espigas, despreocupado.

Claudino recua. Ele, que desejava surpreender, não quer ser agora surpreendido. Compadece-se do amigo e afasta-se em silêncio.

No dia seguinte, o sócio vem de novo comunicar-lhe que a roça estava sumindo...

– José – diz o companheiro, em tom paternal –, realmente a lavoura tem dado a você muitos problemas e prejuízos, mas desejo ajudá-lo. Não precisa pensar em mim. A plantação é toda sua. De hoje em diante, você é o dono. Pode agir à vontade...

– Oh! Oh! Muito obrigado. O senhor é um santo... – falou o amigo.

E continuou:

– Agradeço muito, mas queria convidar o senhor para plantarmos dois alqueires de amendoim.

Claudino sorriu e respondeu:

– Muito grato pelo convite, mas agora não posso. Meus deveres são muitos.

E ante o amigo desapontado, concluiu:

– Mas Deus é sócio de todos nós e estará com você...

 

Do livro A Vida Escreve, obra psicografada pelos médiuns Francisco Cândido Xavier e Waldo Vieira.

 

 

 

 

 

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domingo, 27 de abril de 2025

 



Os anjos da guarda se afligem com os nossos males?

 

ASTOLFO O. DE OLIVEIRA FILHO

aoofilho@gmail.com

 

Uma pessoa nos perguntou certa vez se o Espiritismo admite a existência dos anjos da guarda. E, complementando a pergunta, acrescentou: - Se, de fato, existem os anjos da guarda, que tipo de mal que nos acomete mais os aflige?

Sim, eis a resposta à primeira pergunta; os anjos da guarda existem, como é dito com toda a clareza nas questões 489 a 492 d’ O Livro dos Espíritos, a principal obra da doutrina espírita:

 

489. Há Espíritos que se ligam a um indivíduo, em particular, para o proteger?

“Sim, o irmão espiritual; é o que chamais o bom Espírito ou o bom gênio.”

490. Que se deve entender por anjo da guarda?

“O Espírito protetor de uma ordem elevada.”

491. Qual a missão do Espírito protetor?

“A de um pai para com os filhos: conduzir o seu protegido pelo bom caminho, ajudá-lo com os seus conselhos, consolá-lo nas suas aflições, sustentar sua coragem nas provas da vida.”

492. O Espírito protetor é ligado ao indivíduo desde o seu nascimento?

“Desde o nascimento até à morte, e frequentemente o segue depois da morte, na vida espírita, e mesmo através de numerosas existências corpóreas, porque essas existências não são mais do que fases bem curtas da vida do Espírito.”

 

Quanto à segunda pergunta – que tipo de mal que nos acomete mais os aflige? – lembremos que o Espiritismo nos ensina que os bons Espíritos se preocupam com os nossos males, do mesmo jeito que compartilham as nossas alegrias.

Procurando fazer-nos todo o bem que lhes seja possível, é natural que se sintam ditosos com a nossa felicidade e os nossos momentos de alegria. Contudo, sabendo ser transitória a existência corporal e cientes de que as tribulações a ela inerentes constituem meios de alcançarmos uma situação melhor, os bons Espíritos se afligem mais com os males que tenham origem em causas de ordem moral do que com nossos sofrimentos físicos, todos passageiros.

Assim, eles pouco se incomodam com as desgraças que atingem nossas ideias e preocupações mundanas, do mesmo modo como, aliás, agimos com relação às mágoas pueris das crianças.

Vendo nas amarguras da vida um meio de nos adiantarmos, eles as consideram como uma crise ocasional de que resultará a salvação do doente. Compadecem-se dos nossos sofrimentos, como nos compadecemos dos sofrimentos de um amigo. Entretanto, enxergando as coisas de um ponto de vista mais justo, apreciam-nos de um modo diverso do nosso.

Em momentos assim, os bons Espíritos procuram levantar-nos o ânimo no interesse do nosso futuro, enquanto os Espíritos inferiores, com o objetivo de comprometer-nos, nos impelem ao desespero.

Podemos, portanto, à vista dos ensinamentos espíritas, deduzir na forma seguinte nossas conclusões em torno do assunto examinado:

1 - Os bons Espíritos se afligem quando nós, diante de um mal qualquer, não sabemos suportá-lo com resignação. Os inferiores, no entanto, se rejubilam com nossa postura negativa.

2 - Os males morais que mais preocupam os Benfeitores Espirituais são o nosso egoísmo e a dureza dos nossos corações, do que, ensina o Espiritismo, decorre tudo o mais. Nossos adversários desencarnados e os maus Espíritos, porém, adoram tal comportamento.

3 - Os bons Espíritos se riem de todos os males imaginários que nascem do nosso orgulho e da nossa ambição. Os inferiores, contudo, valem-se deles para, se for possível, afundar-nos mais ainda no fosso da amargura.

Finalizando, lembremos que os bons Espíritos não interferem em nosso livre-arbítrio. Orientam, inspiram, auxiliam, mas a decisão final cabe sempre a nós, tanto quanto as consequências.

 

Nota do Autor:

Para ler o texto publicado no domingo anterior, clique em: https://espiritismo-seculoxxi.blogspot.com/2025/04/como-os-espiritas-veem-pascoa-astolfo-o.html

 

 

 

 

 

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