Teria sido planejada a tragédia do Gólgota?
ASTOLFO O. DE OLIVEIRA FILHO
aoofilho@gmail.com
No
próximo domingo os cristãos de todo o mundo comemoram a Páscoa da ressurreição.
Não existe, pois, ocasião melhor para que tratemos de um tema que ainda intriga
as pessoas, ou seja, qual teria sido o real motivo da prisão e morte de Jesus nas
condições em que o fato se deu. Afinal, por que Jesus aceitou morrer assim?
Pelo que lemos até
hoje, não há nas obras de Allan Kardec nenhum texto que nos permita responder
objetivamente a essa indagação. Assim, o que ora escrevemos baseia-se em deduções
fundamentadas, evidentemente, em variados textos que lemos acerca da missão que
Jesus veio desempenhar na Terra, um orbe que se encontrava sob sua direção
espiritual desde a sua criação. Pelo menos é isso que está gravado no livro A
Caminho da Luz, de Emmanuel, psicografado em 1939 pelo médium Francisco
Cândido Xavier.
Com efeito, diz
Emmanuel no capítulo inicial da mencionada obra:
“Rezam as
tradições do mundo espiritual que na direção de todos os fenômenos, do nosso
sistema, existe uma Comunidade de Espíritos Puros e Eleitos pelo Senhor Supremo
do Universo, em cujas mãos se conservam as rédeas diretoras da vida de todas as
coletividades planetárias. Essa Comunidade de seres angélicos e perfeitos, da
qual é Jesus um dos membros divinos, ao que nos foi dado saber, apenas já se
reuniu, nas proximidades da Terra, para a solução de problemas decisivos da
organização e da direção do nosso planeta, por duas vezes no curso dos milênios
conhecidos.
A primeira
verificou-se quando o orbe terrestre se desprendia da nebulosa solar, a fim de
que se lançassem, no Tempo e no Espaço, as balizas do nosso sistema cosmogônico
e os pródromos da vida na matéria em ignição, do planeta, e a segunda, quando
se decidiu a vinda do Senhor à face da Terra, trazendo à família humana a lição
imortal do seu Evangelho de amor e redenção.”
O caráter
missionário do advento do Cristo ressalta com toda a clareza no texto acima. É
de admitir, portanto, que todas as condições dessa missão, tal como ocorre na
chamada programação reencarnatória dos Espíritos de evolução mediana, hajam
sido previamente fixadas, não só no tocante ao seu nascimento, mas igualmente
com relação à época e à forma da morte do seu corpo físico.
Os textos dos
evangelistas são muito claros quando informam que Jesus sabia que Judas iria
traí-lo, que ele pereceria em razão dessa traição e logo em seguida voltaria ao
seio dos seus discípulos. Aliás, no Antigo Testamento, muito antes do advento
do Cristo, profetas referiram-se a esses episódios, sendo de ressaltar ainda a visita
que Jesus recebeu, na véspera de sua prisão, dos Espíritos de Elias e Moisés,
como é narrado pelos evangelistas.
É senso comum,
pois, no meio espírita, que a tragédia do Gólgota foi planejada com bastante
antecedência, antes mesmo de Jesus surgir em terras da Judeia. Ciente do que
ocorrera com os grandes profetas do passado, quase todos vitimados pela
intolerância de seus contemporâneos, não era difícil para Jesus prever que algo
parecido ocorreria com ele em sua passagem pela Terra.
Um pormenor que não
deve passar despercebido foi o que ocorreu dias antes da Páscoa, no episódio da
chamada ressurreição de Lázaro, descrita por João Evangelista. Naquela
oportunidade, Jesus demorou muito além do normal para acudir ao chamado da
família de Lázaro. Ele sabia, obviamente, que Lázaro não estava morto. “Lázaro
dorme”, disse aos seus companheiros. A demora foi claramente premeditada,
porque, quando Jesus chegou a Betânia, uma multidão de pessoas e figuras
importantes do clero se encontravam a postos e puderam assistir ao fenômeno do
despertamento de seu amigo.
Eis o que João
Evangelista relatou:
“Muitos, pois,
dentre os judeus que tinham vindo a Maria, e que tinham visto o que Jesus
fizera, creram nele. Mas alguns deles foram ter com os fariseus, e disseram-lhes
o que Jesus tinha feito. Depois os principais dos sacerdotes e os fariseus
formaram conselho, e diziam: Que faremos? porquanto este homem faz muitos
sinais. Se o deixamos assim, todos crerão nele, e virão os romanos, e
tirar-nos-ão o nosso lugar e a nação. E Caifás, um deles que era sumo sacerdote
naquele ano, lhes disse: Vós nada sabeis, nem considerais que nos convém que um
homem morra pelo povo, e que não pereça toda a nação. Ora ele não disse isto de
si mesmo, mas, sendo o sumo sacerdote naquele ano, profetizou que Jesus devia
morrer pela nação. E não somente pela nação, mas também para reunir em um corpo
os filhos de Deus que andavam dispersos. Desde aquele dia, pois, consultavam-se
para o matarem.” (João, 11:45-53.)
O que ocorreu em
Betânia determinou o destino de Jesus, o que nos leva a deduzir que o Mestre
escolheu o cenário ideal – o período da Páscoa judaica – para que fosse preso,
acusado, julgado, condenado e morto, para, apenas dois dias depois, ressurgir
vivo, fato que para todas as pessoas, amigos e inimigos, constituiria uma prova
incontestável da imortalidade e de sua alta estirpe.
Digamos que a
ressurreição de Lázaro constituiu a penúltima cena de uma história que se
encerraria no Gólgota, mas recomeçaria no domingo imediato, o mesmo domingo que
os cristãos comemoram como a Páscoa da ressurreição, um fato inegavelmente tão
importante que muitos estudiosos afirmam, com razão, que caso não houvesse a
ressurreição não existiria Cristianismo.
Comprovava-se ali
de modo incontestável, não somente em teoria, que a vida persiste além da
morte, que as pessoas são, em verdade, imortais, que Jesus venceu a morte e que
nós, obviamente, poderemos também vencê-la.
Nota do Autor:
Para ler o texto
publicado no domingo anterior, clique em: https://espiritismo-seculoxxi.blogspot.com/2025/04/que-significa-o-titulo-filho-do-homem.html
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Em Animismo e Espiritismo Bozzano demonstra q a morte de Geley em um acidente aéreo 1m 1924 começou a ser vaticinada 3 anos antes
ResponderExcluirPerfeito. E por 2 mediuns desconhecidos entre si
ResponderExcluirASTOLFO, BOA NOITE, EXISTE UMA PEQUENA CONTRADICAO OU NAO ESTA BEM CLARO ESTE RELATO SOBRE JUDAS, EM ATOS 1:18 DIZ QUE O SUICIDIO SE DEU NA PROPRIEDADE (CAMPO SAMGUE) ADIQUIRIDA COM O SALARIO DA INIQUIDADE, EM MATEUS 27:5 JUDAS JOGOU AS MOEDAS DE PRATA NO TEMPLO, RETIROU SE E FOI SE ENFORCAR, QUER DIZER NAO COMPROU O CAMPO.
ResponderExcluirSUA OBSERVACAO SOBRE A PREVISAO DAS POSSIBILIDADES DESTE DESFECHO SAO BEM SOLIDAS, OU SEJA ERA PREVISTO QUE ISTO ACONTECERIA DEVIDO AS INCLINACOES DE JUDAS. ISTO SE VE EM PAO NOSSO - EMANUEL - CHICO XAVIER - 164 - O DIABO: RESPONDEU LHE JESUS: NAO VOS ESCOLHI A VOS, OS DOZE... E UM DE VOZ E DIABO (ESPIRITO COMUM COM SUAS IMPERFEICOES). JOAO, 6:70.