Entre Barra do Piraí e a
vila de Juparanã, no Estado do Rio, Claudino Dias, denodado seareiro espírita
barrense, havia plantado grande milharal de parceria com um amigo. O sócio,
lavrador de prol, cuidava da gleba, e Claudino, que aceitara o negócio na intenção
de ajudar uma instituição de caridade, financiava o cometimento.
De vez em vez, os dois,
juntos, iam namorar a cultura viçosa de que as águas do Paraíba eram farto
sustento.
Surgindo a época das
espigas iniciantes, mãos anônimas começaram talando a roça.
– Sr. Claudino – vinha
José, o sócio, notificar, dia a dia –, o produto está sendo surrupiado. Alguém
está fazendo comércio de milho verde, à nossa custa.
– José – recomendava o
amigo –, vigie com critério. Se apanhar o responsável, não faça violência, dê
conselhos...
E na manhã seguinte, José
aparecia, renovando a denúncia.
Porque o resto do milho
amadurecesse e o furto continuasse, numa noite de luar Claudino resolveu
inspecionar a roça, ele mesmo. Caminhou, em silêncio, quase uma hora, até que
atingiu a margem do rio. Alguns momentos depois de zero hora, descansou, em
prece, sob copada árvore. Decorridos alguns minutos, notou que alguém quebrava
o milho com discrição.
Tac... tac... tac... tac…
Recordou o Evangelho e
mentalizou as palavras que iria dizer. Não feriria o irmão que aproveitava a
noite para roubar. Avançou devagarinho... Mas, a poucos metros, vê o intruso. É
o próprio parceiro da lavoura, arrancando espigas, despreocupado.
Claudino recua. Ele, que
desejava surpreender, não quer ser agora surpreendido. Compadece-se do amigo e
afasta-se em silêncio.
No dia seguinte, o sócio
vem de novo comunicar-lhe que a roça estava sumindo...
– José – diz o companheiro,
em tom paternal –, realmente a lavoura tem dado a você muitos problemas e
prejuízos, mas desejo ajudá-lo. Não precisa pensar em mim. A plantação é toda
sua. De hoje em diante, você é o dono. Pode agir à vontade...
– Oh! Oh! Muito obrigado. O
senhor é um santo... – falou o amigo.
E continuou:
– Agradeço muito, mas
queria convidar o senhor para plantarmos dois alqueires de amendoim.
Claudino sorriu e
respondeu:
– Muito grato pelo convite,
mas agora não posso. Meus deveres são muitos.
E ante o amigo desapontado,
concluiu:
– Mas Deus é sócio de todos
nós e estará com você...
Do livro A Vida Escreve,
obra psicografada pelos médiuns Francisco Cândido Xavier e Waldo Vieira.
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