Deus pune? Deus é justo? Deus perdoa?
ASTOLFO O. DE OLIVEIRA FILHO
aoofilho@gmail.com
Segundo os ensinamentos espíritas, podemos
afirmar com toda a segurança: Deus não pune, Deus é justo e, por isso, Deus
perdoa as faltas que cometemos. Aliás, não é isso que Jesus colocou na Oração
Dominical: “Pai, perdoa as
nossas faltas, assim como perdoamos aos nossos devedores”?
O Criador, é
óbvio, estabeleceu leis que regem a vida em todo o Universo. Se as infligimos,
devemos sofrer-lhes a consequência. Foi o que levou Jesus dizer a Pedro: “Todo
aquele que usa a espada para matar morrerá sob a espada”.
Uma criança que reencarne,
por exemplo, com deficiência, submetida portanto a necessidades especiais, não
é vítima de um suposto castigo divino, porque em muitos casos ela já se
encontrava assim na pátria espiritual, muitas vezes por causa de um equívoco,
de um ato desesperado, como um tiro desferido contra a própria cabeça. Nascer
com deficiência não significa que ela esteja sendo punida. Digamos que esteja
colhendo o fruto do que semeou, tal como aprendemos nas lições evangélicas, que
nos mostram que na vida a semeadura é livre, mas a colheita é compulsória.
Certa vez, numa
das reuniões realizadas por Chico Xavier, apareceu um senhor trazendo nos
braços uma filhinha nas condições que mencionamos. Ele estava a caminho de São
Paulo para tentar-lhe o tratamento, mas viera à casa espírita a fim de orar e
pedir para a pequenina o auxílio dos benfeitores espirituais. O fato é relatado
no cap. 8 do livro Astronautas do Além, obra de autoria de Francisco
Cândido Xavier, J. Herculano Pires e Espíritos diversos.
Segundo o médium,
comoveu a todos o carinho e o cuidado do pai para com a filhinha que lhe
choramingava nos braços, agitada e inconsciente. Diante do quadro enternecedor,
Chico observou que todos certamente refletiam sobre os princípios da
reencarnação, tema que foi em seguida objeto da preleção da noite.
No final da
reunião, Emmanuel escreveu alguns comentários sobre a lei da reencarnação e, depois
dele, comunicou-se o poeta Silva Ramos, que escreveu por intermédio de Chico
Xavier o soneto Vinculação redentora, que resumiu em poucos versos o
drama que havia unido, na presente existência, o pai e sua querida filha:
Vinculação
redentora
(Silva Ramos)
O fidalgo, ao partir, diz à jovem senhora:
“Eu sou teu, tu és
minha!… Espera-me, querida!…”
Longe, ergue outro
lar… Vence, altera-se, olvida…
Ela afoga em
suicídio a mágoa que a devora.
Falece o castelão… Vê a noiva esquecida…
Desencarnada e
aflita, é uma sombra que chora…
Ele pede outro
berço e quer trazê-la agora
Em braços
paternais ao campo de outra vida!…
O século avançou… Ei-los de novo em cena…
Ele o progenitor;
ela, a filha pequena
A crescer
retardada, abatida, insegura…
Hoje, ele, em tudo, é sempre o doce pajem
dela
E a noiva de outro
tempo é a filha triste e bela
Agarrando-se ao
pai nos traumas da loucura.
Deus é justo e
bom. Tais atributos, ensinados pela filosofia clássica, são confirmados pelo
Espiritismo, e é por isso que Ele nos perdoa, embora seu perdão não consista na
anulação do que fizemos, mas sim na oportunidade que o Criador nos concede de
repararmos os erros cometidos. Disso advém a necessidade das existências
sucessivas, bendita reencarnação, lei divina que nos dá os meios de fazermos
aos outros o que deveríamos ter feito e não fizemos e, ainda, reparar os danos
que causamos.
Nota do Autor:
Para ler o texto
publicado no domingo anterior, clique em: https://espiritismo-seculoxxi.blogspot.com/2025/05/o-intercambio-entre-os-mundos-e-um-fato.html
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