Revista Espírita de 1869
Allan Kardec
Parte 3
Damos sequência ao estudo metódico e sequencial da Revista Espírita do ano de 1869, periódico editado e dirigido por Allan Kardec. O estudo é baseado na tradução feita por Júlio Abreu Filho publicada pela EDICEL.
A coleção do ano de 1869 pertence a uma série iniciada em
janeiro de 1858 por Allan Kardec, que a dirigiu até 31 de março de 1869, quando
desencarnou.
Cada parte do estudo, que é apresentado às
quartas-feiras, compõe-se de:
a) questões preliminares;
b) texto para leitura.
As respostas às questões propostas encontram-se no final
do texto abaixo.
Questões
preliminares
A. Onde está a força do Espiritismo?
B. Pode o desespero causar a loucura?
C. Por que há Espíritos que ignoram a própria morte do
corpo e, por isso, se julgam encarnados?
Texto para leitura
22. Segundo o jornal La Solidarité, se pelo termo
espírita se entendem as pessoas que creem na vida de além-túmulo e nas relações
dos vivos com as almas das pessoas mortas, há que contá-los por centenas de
milhões, visto que os seguidores do budismo, de Confúcio e de Lao-Tseu também
creem na existência dos Espíritos. Kardec concordou com as observações feitas
pelo periódico francês e acrescentou ao assunto outras considerações. (Págs. 34
a 38)
23. O Espírito de Sonnet, em mensagem transmitida em
Paris, a 6 de janeiro de 1869, revela o que, em sua opinião, leva certas
pessoas a se tornarem espíritas. “São as mil perseguições que sofrem em suas
profissões.” (Págs. 38 e 39)
24. O poder destruidor do ridículo é o título de um
artigo que Kardec escreveu ao ler esta frase publicada num jornal francês: “Na
França o ridículo sempre mata”. O Codificador, não concordando com a frase,
disse que, para que o adágio referido fosse verdadeiro, seria preciso dizer:
“Na França o ridículo sempre mata o que é ridículo”. O que realmente é
verdadeiro, bom e belo jamais é ridículo, o que explica por que o ridículo,
derramado em profusão sobre o Espiritismo, não o matou. (Págs. 39 a 41)
25. Ao combater o charlatanismo e a exploração da
mediunidade, a doutrina ficou preservada de um perigo maior que a má vontade de
seus antagonistas confessos, porque, se agisse de modo diferente, ela lhes
teria apresentado um lado vulnerável, ao passo que eles se detiveram ante a
pureza dos seus princípios. (Págs. 41 e 42)
26. O Espiritismo nada tem a ganhar, e só poderia perder,
apoiando-se na exploração. Sua força está no seu caráter moral. É necessário,
pois, que seja forte por si mesmo e, para isso, é preciso que seja respeitável.
Cabe aos seus adeptos dedicados fazê-lo respeitar, inicialmente, pregando-o
pela palavra e pelo exemplo, e depois, em nome da doutrina, desaprovando tudo
quanto possa prejudicar a consideração de que deve ser rodeado. (Pág. 43)
27. Num lugar da Borgonha, uma jovem viúva, mãe de várias
crianças, ao perder o marido, a quem adorava, perdeu por completo a razão. Um
espírita da região, vendo aquela família lançada à miséria, condoeu-se da sua
situação e procurou ajudá-la. A consolação que lhe foi dada pela doutrina
espírita, acrescida das mensagens do falecido, que o citado confrade
psicografava, levou-a, em poucos meses, a uma cura completa. A pobre viúva pôde
então entregar-se ao trabalho e, dessa maneira, alimentar a si e aos filhos.
(Págs. 43 e 44)
28. O padre da região, inconformado com o rumo dessa
história, fez a viúva ir à sacristia e começou a lançar a dúvida à sua alma, a
ponto de dizer que o confrade era um súdito de Satã e que agia em nome deste. O
sacerdote agiu tão bem que a pobre mulher, enfraquecida por tantas emoções,
recaiu num estado pior que da primeira vez. Sua loucura era completa e seu
destino, um hospital de alienados. (Págs. 44 e 45)
29. Comentando o caso, observa Kardec: “O que havia
causado a primeira loucura daquela mulher? O desespero. O que lhe havia
restaurado a razão? As consolações do Espiritismo. O que a fez recair numa
loucura incurável? O fanatismo, o medo do diabo e do inferno”. É triste,
conclui o Codificador, “ver a Igreja fazer dessa crença uma pedra angular da
fé”. (Pág. 45)
30. Várias vezes, diz Kardec, têm sido vistos Espíritos
que ainda se julgam encarnados, porque seu corpo fluídico lhes parece tangível
como o corpo físico. O fato é bastante comum. A Revista apresenta, no entanto,
um caso bastante curioso de um Espírito profundamente materialista, em crença e
em gênero de vida, que julgava estar sonhando. Ao comunicar-se na Sociedade de
Paris, ele insistiu nessa ideia e pretendeu explicar pelo estado de sonho todas
as objeções e perguntas que lhe foram feitas. Uma única pergunta o embaraçou:
Se ele usava o corpo de um médium, bem mais magro que ele, onde estava o seu
verdadeiro corpo? (Págs. 45 a 49)
31. Não é raro – ensina Kardec – que um Espírito atue e
fale pelo corpo de um outro. Não é difícil entender o fenômeno quando se sabe
que o Espírito pode retirar-se com o seu perispírito para longe de seu corpo
material. Quando isto se dá, sem que nenhum desencarnado o aproveite, ocorre
catalepsia. Quando o Espírito deseja aí entrar para agir e tomar por um
instante sua parte na encarnação, une o seu perispírito ao corpo adormecido,
desperta-o e desse modo dá movimento à máquina corpórea. Os movimentos e a voz
não são os mesmos, porque os fluidos perispirituais não mais afetam o sistema
nervoso da mesma maneira que o verdadeiro ocupante. (Págs. 48 e 49)
Respostas às
questões propostas
A. Onde está a força do Espiritismo?
Sua força está no seu caráter moral. Eis por que o
Espiritismo só teria a perder caso apoiasse a exploração da mediunidade. Ao
combatê-la, a doutrina ficou preservada de um perigo maior que a má vontade de
seus antagonistas confessos, porque, se agisse de modo diferente, ela lhes teria
apresentado um lado vulnerável, ao passo que eles se detiveram ante a pureza
dos seus princípios. (Revista Espírita de 1869, pp. 41 a 43.)
B. Pode o desespero causar a loucura?
Sim. Foi o que aconteceu na Borgonha, onde uma jovem
viúva, mãe de várias crianças, ao perder o marido, a quem adorava, perdeu por
completo a razão. Um espírita da região, vendo aquela família lançada à
miséria, condoeu-se da sua situação e procurou ajudá-la. A consolação que lhe
foi dada pela doutrina espírita, acrescida das mensagens do falecido, que o
citado confrade psicografava, levou-a, em poucos meses, a uma cura completa. A
pobre viúva pôde então entregar-se ao trabalho e, dessa maneira, alimentar a si
e aos filhos. Comentando o caso, disse Kardec: “O que havia causado a loucura
daquela mulher? O desespero. O que lhe havia restaurado a razão? As consolações
do Espiritismo”. (Obra citada, pp. 43 a 45.)
C. Por que há Espíritos que ignoram a própria morte do
corpo e, por isso, se julgam encarnados?
O fato, diz Kardec, é bastante comum. Espíritos há que se
julgam encarnados porque seu corpo fluídico lhes parece tangível como o corpo
físico. Esse seria um dos motivos. (Obra citada, pp. 45 a 49.)
Observação:
Para acessar a parte 2 deste estudo,
publicada na semana passada, clique aqui: https://espiritismo-seculoxxi.blogspot.com/2025/06/revista-espirita-de-1869-allan-kardec.html
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