quarta-feira, 4 de junho de 2025

 



Revista Espírita de 1869

 

Allan Kardec

 

Parte 2

 

Damos sequência ao estudo metódico e sequencial da Revista Espírita do ano de 1869, periódico editado e dirigido por Allan Kardec. O estudo é baseado na tradução feita por Júlio Abreu Filho publicada pela EDICEL.

A coleção do ano de 1869 pertence a uma série iniciada em janeiro de 1858 por Allan Kardec, que a dirigiu até 31 de março de 1869, quando desencarnou.

Cada parte do estudo, que é apresentado às quartas-feiras, compõe-se de:

a) questões preliminares;

b) texto para leitura.

As respostas às questões propostas encontram-se no final do texto abaixo. 

 

Questões preliminares

 

A. A moralização de uma pessoa é tão importante quanto a sua instrução?

B. A lei de talião é realmente aplicada?

C. Pode um indivíduo, devido à ação de um obsessor, ser levado ao suicídio?

 

Texto para leitura

 

12. Depois de rememorar casos diversos em que religiosos, como o padre Verger, e médicos ilustres, como o Dr. Lapommeraie, embora fossem pessoas bastante instruídas, acabaram matando pessoas, Kardec adverte: “A instrução é indispensável, ninguém o contesta; mas sem a moralização não é senão um instrumento, muitas vezes improdutivo para aquele que não sabe regular o seu uso para o bem”. “Instruir as massas sem as moralizar é pôr em suas mãos uma ferramenta sem ensinar a utilizá-la, porque a moralização que se dirige ao coração não segue necessariamente a instrução que só se dirige à inteligência.” (Págs. 19 a 21)

13. A Revista reproduz versos de Lamartine, publicados no jornal Le Siècle de 20 de maio de 1868, a propósito da crise comercial que se verificava na França. No poema, diz o poeta que “o Homem dobra um Cabo das Tormentas, e passa, no negror da noite em tempestade, o trópico agitado de outra Humanidade”. Comentando o assunto, Kardec afirma que Lamartine disse, sob outra forma, o que os Espíritos têm dito sobre o futuro que se prepara na Terra e as convulsões que a Humanidade terá de sofrer para a sua regeneração. As preliminares dessas modificações, diz Kardec, já se faziam sentir. O que Lamartine fez foi uma verdadeira profecia, cuja realização já começara. (Págs. 21 e 22)

14. O tomo XVI das Obras Completas do Sr. Etienne de Jouy, da Academia Francesa, publicadas em 1823, reproduz um diálogo entre Madame de Stäel, já falecida, e o Duque de Broglie, no qual o Espírito da conhecida escritora, diante do espanto do Duque, lhe diz que “há laços que a morte mesma não poderia partir”. “A suave concordância de sentimentos, de vistas, de opiniões forma a cadeia que liga a vida perecível à vida imortal e que impede que o que esteve longamente unido seja separado para sempre.” Kardec tinha 19 anos quando foi divulgado esse diálogo. (Págs. 22 e 23)

15. Em mensagem dada a 18 de outubro de 1867 na Sociedade de Paris, o Espírito de Sílvio Pellico diz que as leis do Eterno ferem de maneira inexorável o culpado, conforme a natureza das faltas cometidas e proporcionalmente a essas faltas. A lei de talião é um fato e cumpre-se com todo o seu rigor. O orgulhoso não é apenas humilhado, mas ferido em seu orgulho da maneira por que feriu os outros. “Sim, diz o Espírito, governei os homens; fi-los dobrar-se sob um jugo de ferro; eu os feri em suas afeições e em sua liberdade; e mais tarde, por minha vez, tive que me dobrar ao opressor, fui privado de minhas afeições e de minha liberdade!” (Págs. 23 a 25.)

16. Sílvio Pellico informa ainda, em sua mensagem, que geralmente os que são, em aparência, os mais convictos liberais, foram no passado os mais ardentes partidários do poder, fato compreensível porque é lógico que os que longamente estavam habituados a reinar sem contestação e a satisfazer os seus menores caprichos, sejam os que mais sofram a opressão e, por isso, os mais ardentes na luta para sacudir esse jugo. (Pág. 25)

17. Depois de ter vivido miseravelmente, envolto em privações de todo o gênero, conquanto fosse dotado de uma verdadeira fortuna em dinheiro, ações e valores diversos, um Espírito que se intitulou “O Avarento da Rua do Forno” manifestou-se a 20-11-1868 na Sociedade de Paris, ocasião em que revelou ter escolhido como provação naquela existência ser sóbrio, moderado nos gastos e caridoso com os pobres e deserdados. Ele, porém, não manteve a palavra, porquanto, embora tivesse sido sóbrio e temperante, não ajudou a ninguém e deixara de praticar a caridade. (Págs. 25 a 27.)

18. A Revista transcreve do jornal Droit o caso do jovem Paul D..., 22 anos, morador de Paris, que se suicidou jogando-se nas águas do Marne. Em carta dirigida a seu pai, o rapaz explicou que era dominado, havia dois anos, por uma ideia terrível, por uma irresistível vontade de se destruir, proveniente de uma voz que lhe parecia ouvir e que o chamava sem descanso. Louis Nivard (Espírito) esclarece o caso em mensagem dada em Paris a 20-12-1868. Paul fora vítima de uma obsessão provocada pelo Espírito de sua própria esposa na existência precedente, a qual sofrera consideravelmente com o deboche e as brutalidades do marido, a ponto de procurar na morte o fim dos seus males. (Págs. 27 e 28)

19. Três dissertações mediúnicas fecham a edição de janeiro de 1869. Na primeira, o artista Ducornet, valendo-se da mediunidade do Sr. Desliens, fala sobre o marasmo que se observava nas artes daqueles anos e afirma que a literatura, a pintura, a arquitetura e a história iriam receber do aguilhão espírita um novo batismo de sangue, necessário para dar energia e vitalidade à sociedade expirante. Na segunda mensagem, o Espírito de Rossini disserta sobre a música celeste e diz ser-lhe preciso um pouco mais de tempo para expor as transformações que o Espiritismo certamente introduzirá na música do futuro. Na derradeira mensagem, o doutor Demeure diz que a piedade pelos que sofrem não deve excluir a prudência e adverte que há indivíduos que enviam aos espíritas pessoas simuladamente obsidiadas com o propósito de enganá-los e eventualmente levá-los ao ridículo. (Págs. 28 a 32)

20. Em nota à observação do doutor Demeure, Kardec escreveu: “Não é só contra as obsessões simuladas que é prudente se pôr em guarda, mas contra os pedidos de comunicações de toda a natureza, evocações, conselhos de saúde, etc., que poderiam ser armadilhas feitas à boa fé, de que poderia servir-se a malevolência”. (Pág. 32)

21. Abrindo o número de fevereiro, a Revista reproduz o comentário feito pelo jornal La Solidarité de 15-1-1869 a propósito da estatística do Espiritismo publicada no mês anterior. Aquele periódico concordou plenamente com várias ideias expostas por Kardec na aludida matéria e diz até que a estimativa do número de espíritas estava aquém da verdade, porquanto fora ali esquecida a Ásia. (Págs. 33 e 34)

 

Respostas às questões propostas

 

A. A moralização de uma pessoa é tão importante quanto a sua instrução?

Sim. Depois de rememorar alguns casos em que religiosos e médicos ilustres, embora fossem pessoas bastante instruídas, acabaram matando pessoas, Kardec escreveu: “A instrução é indispensável, ninguém o contesta; mas sem a moralização não é senão um instrumento, muitas vezes improdutivo para aquele que não sabe regular o seu uso para o bem”. “Instruir as massas sem as moralizar é pôr em suas mãos uma ferramenta sem ensinar a utilizá-la, porque a moralização que se dirige ao coração não segue necessariamente a instrução, que só se dirige à inteligência.” (Revista Espírita de 1869, págs. 19 a 21.)

B. A lei de talião é realmente aplicada?

Sim. Segundo o Espírito de Sílvio Pellico, a lei de talião é um fato e cumpre-se com todo o seu rigor. O orgulhoso não é apenas humilhado, mas ferido em seu orgulho da maneira por que feriu os outros. Contou esse Espírito: “Sim, governei os homens; fi-los dobrar-se sob um jugo de ferro; eu os feri em suas afeições e em sua liberdade; e mais tarde, por minha vez, tive que me dobrar ao opressor, fui privado de minhas afeições e de minha liberdade!” (Obra citada, págs. 23 a 25.)

C. Pode um indivíduo, devido à ação de um obsessor, ser levado ao suicídio?

Pode. Foi o caso do jovem Paul D..., 22 anos, morador de Paris, que se suicidou jogando-se nas águas do Marne. Em carta dirigida a seu pai, o rapaz explicou que era dominado, havia dois anos, por uma ideia terrível, por uma irresistível vontade de se destruir, proveniente de uma voz que lhe parecia ouvir e que o chamava sem descanso. Louis Nivard (Espírito) esclareceu o caso em mensagem dada em Paris a 20-12-1868. Segundo ele, Paul fora vítima de uma obsessão provocada pelo Espírito de sua própria esposa na existência precedente, a qual sofrera consideravelmente com o deboche e as brutalidades do marido, a ponto de procurar na morte o fim dos seus males. (Obra citada, págs. 27 e 28.) 

 

Observação:

Para acessar a 1ª parte deste estudo, publicada na semana passada, clique aqui: https://espiritismo-seculoxxi.blogspot.com/2025/05/revista-espirita-de-1869-allan-kardec.html

 

 

 

 

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