quarta-feira, 24 de abril de 2013

Duas gerações dependentes entre si


CÍNTHIA CORTEGOSO
cinthiacortegoso@hotmail.com
De Londrina-PR

Como o olhar de um idoso e o de uma criança são capazes tanto de nos sensibilizar! E quando esses olhares estão de mãos dadas, muito mais o coração se enternece.
Numa tarde dessas, o sol não estava tão quente, e avô e neto saíram para passear um pouco, esticar as pernas. Uma mão pequenina, toda novinha, agarrava-se à mão mais velha, mais áspera, mais marcada pela vida. Mãos entrelaçadas e amigas.
A criança nos faz brotar um sorriso verdadeiro; o idoso, com sua experiência, nos desperta respeito e admiração pelo tempo conquistado.
Lá iam os dois. Para o pequeno, todas as coisas eram novidade; para o mais vivido, era necessária a explicação dos tantos porquês. Uma florzinha, à beira do muro, era atraente ao neto, mas o avô, experiente, explicou que um “au-au” já poderia ter feito xixi e por isso não deveria pegá-la. O senhor estava certo, pois, antes de passarem, um cão, desses de apartamento, havia aguado a pequenina.
E no decorrer dessa volta pelo quarteirão, quantas ocorrências, quantas respostas foram precisas para a sede do saber.
O avô já não era mais jovem, no entanto, com paciência e amor, esclarecia ao seu netinho as mais simples coisas daquele caminho.
O neto, para seu avô, doava a graça e a vitalidade, recheava todos aqueles anos com a leveza, simplesmente, do puro amor.
Se o avô soltava um pouquinho a mão do pequeno, este logo buscava os olhos do vovô querido e, com carinha brava, dizia:
– Não me deixe, preciso de você – e procurava o amparo novamente.
Depois de uma volta completa, voltaram ao lar, ao pouso feliz, porém, em novo estado: o da plenitude de doar... receber... viver.

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