domingo, 14 de abril de 2013

Onde estava Deus naqueles dias?


A pergunta que dá título a este texto foi feita pelo papa Bento XVI em Auschwitz (Polônia), por ocasião de uma visita ao antigo campo de concentração de tão funesta lembrança, em que morreu mais de um milhão de pessoas, a maioria de origem judia.
“Por que, Deus, o senhor permaneceu em silêncio? Como pôde tolerar tudo isso?”, completou o papa, que se comportava, diante de uma tragédia, como se comportam geralmente as pessoas que ignoram as leis de Deus e a finalidade de nossa presença no mundo.
Teria Bento XVI vacilado em sua fé?
A repercussão das dúvidas papais foi imediata. Na revista VEJA, em que a declaração do papa foi noticiada, três depoimentos diferentes foram reproduzidos na seção de cartas da edição seguinte.
No primeiro, diz o leitor “que o Deus que procuro não é o mesmo que ele conhece”. “O meu Deus, magnânimo e justo, fala ao homem por meio de suas leis, expressas em tudo o que Ele criou.” E acrescenta que Bento XVI parecia ignorar o que Homero intuiu há 3.000 anos: as desventuras que assolam a Humanidade são consequência dos nossos próprios erros, das faltas e imprudências que nós mesmos cometemos.
O segundo depoimento veio de um ateu: “Deus não poderia fazer nada. Quem nunca existiu não pode em momento algum dar sua contribuição. Já o homem, sim, poderia, e muito, evitar uma das maiores barbáries de nossa história”.
O terceiro foi assinado por um religioso, que entende que o papa não vacilou em sua fé, mas deu, sim, uma bela manifestação de humildade e humanidade ao citar o Salmo 22:1: “Deus meu, Deus meu, por que me desamparaste?” Essas palavras, aduziu o leitor, também “foram usadas por Jesus quando de seu sofrimento na cruz, ao carregar os pecados de toda a humanidade”.
Na edição seguinte àquela em que foram publicados os depoimentos citados, VEJA transcreveu a carta enviada por Suzel Tunes, assessor de comunicação da Igreja Metodista, o qual, baseando suas ideias no pensamento do teólogo inglês John Wesley, fundador do movimento que deu origem à referida igreja, disse que cabe ao homem restaurar a harmonia divina por meio do relacionamento responsável e amoroso com a natureza e com o seu semelhante. Assim, na perspectiva wesleyana, “era o homem que estava distante de Deus em Auschwitz, e não o contrário”.

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Diante de tantas e tão diferentes ideias, que podemos dizer, à luz do Espiritismo?
O mundo em que vivemos é, como sabemos, uma escola bastante acanhada, na qual a maioria de seus habitantes é formada por Espíritos semicivilizados ou bárbaros. Pelo menos é isso que Frederico Figner revelou no livro Voltei, psicografado por Chico Xavier em 1948, pouco tempo depois do término da 2ª Guerra Mundial.
Mundo de provas e expiações, não admira, pois, que nele ocorram tantas tragédias e tantos sofrimentos, o que Jesus conseguiu sintetizar com impressionante clareza nos ensinamentos que se seguem:
•    “Ai do mundo, por causa dos escândalos; porque é mister que venham escândalos, mas ai daquele homem por quem o escândalo vem!” (Mateus, 18:7.)
•    “Então Jesus disse-lhe: Mete no seu lugar a tua espada; porque todos os que lançarem mão da espada, à espada morrerão.” (Mateus, 26:52.)
Com respeito à pergunta que dá título a este texto, não há dúvida de que o assessor da Igreja Metodista está corretíssimo, visto que, de fato, “era o homem que estava distante de Deus em Auschwitz, e não o contrário”.


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