sábado, 31 de janeiro de 2015

Atraso de pagamento


JORGE LEITE DE OLIVEIRA
jojorgeleite@gmail.com
De Brasília-DF

Mal convalescia o público espírito do abalo que lhe proporcionou a notícia dos escândalos da Petrobras e de outras empresas públicas, surgia, no Distrito Federal, a notícia de que o dinheiro dos salários de professores, segurança e saúde fora retido para fazer caixa nas contas públicas federais. Para o leitor ou a leitora de outros estados, esclareço que essa verba é constitucionalmente repassada ao governo local de Brasília pela Administração Federal.
Nem bem o povo candango (nome originariamente atribuído aos operários que vieram do Nordeste para construir Brasília ou aos primeiros habitantes da Capital Federal) ruminou as primeiras informações de jogadas político-econômicas para livrar da acusação de improbidade a Administradora suprema da nação, eis que a imprensa brasileira denuncia rombos rotundos nas contas do ex-governador, aliado do Governo petista, disfarçados em tentativas de corromper o atual governador com gastos milionários destinados à sua residência oficial em Águas Claras, prontamente rechaçadas pelo nobre Rodrigo Rollemberg, atual Governador.
Cuidado, Governador, as ciladas e os amigos da onça multiplicar-se-ão em teu Governo de tal forma que, se não te apegares a Deus de toda a tua alma e de todo o teu coração, serás mais um defenestrado do cargo, como já virou moda no DF. Cerca-te de administradores e servidores que sejam altamente honestos, competentes e que não apenas finjam ser tais, para que a má fama da Capital Federal seja definitivamente separada do currículo dos políticos corruptos que para cá venham.
A coisa está cinza. Atualíssima, minha crônica de 21 de julho de 1878 prediz: "Nas Câmaras, os deputados deixarão o recinto quando se discutirem os projetos, e entrarão unicamente para votá-los [... ]". Que "Deus não permita, ao menos nestes séculos mais próximos".
Por via das dúvidas, alerto à amiga leitora e ao não menos amigo leitor para não fazerem o que o Governo Federal, os Governos estaduais e as Câmaras municipais vêm fazendo: superfaturando contratos, corrompendo aliados, enviando mares de dinheiros para o exterior e queimando oceanos de petróleo sob as nossas ventas, entre outras mil estrepolias.
 Ah, você quer imitar o que eles fazem, pois isto é Brasil? Não é não. Pelo menos agora que "nunca como antes neste país" a presidenta e seus ministros se comprometem tanto a prender corrompedores e corrompidos. Se ainda duvida, leia o singelo poema em redondilha maior que este seu amigo Machado, por intermédio da intuição a seu secretário lhes envia, intitulado:

Atraso de pagamento

Na vida tudo tem tempo
Há tempo de receber
Como há tempo de pagar,
Só não posso me esquecer...

Pois senão vou me lascar
E ainda dou mau exemplo
Se não pago meus impostos
Como o dízimo do templo...

Mas o governo, porém,
Mexe até com caixa dois...
Prende o salário do povo
Que promete pra depois...

Depois de fingir que tem
Dinheiro do proletário
E superávit em contas,
Adia o nosso salário...

Mas vai pagar com atraso
A conta de outro domínio,
Como a da luz ou do gás...
Não pagues teu condomínio

E te verás em perigo.
Apenas de uma tacada,
Ficarás sem gás em casa,
Tua luz será cortada...

A taxa de condomínio,
Nem penses em atrasá-la,
Pois terás como inimigo
O SPC ou a Serasa.

Entretanto, meu amigo
E amiga do coração,
Ao teu salário atrasado,
Nem um "p" de correção!

Despeço-me com a frase lapidar que a Excelentíssima Presidenta da República Federativa do Brasil atirou sobre um atônito e tonto país: "Brasil, pátria da educação!"

P.s.: Acaba de ser divulgado que, no exame do Enem deste ano, mais de 500.000 redações alcançaram a nota zero. Quanta imparcialidade na correção feita por esses desalmados professores. Seria tão simples aprovar esses textos; bastaria que atribuíssem um pontinho a quem soubesse escrever, pelo menos, o título da redação.
Parabéns, presidenta!...

Leia, quando puder, o blog www.jojorgeleite.blogspot.com


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