Continuamos a
publicar o roteiro e o texto que serviram de base aos estudos que fazemos
semanalmente no Centro Espírita Nosso Lar (Londrina, PR), relativamente ao livro
Ação e Reação, de André Luiz, obra
mediúnica psicografada pelo médium Francisco Cândido Xavier e publicada em 1957
pela Federação Espírita Brasileira.
A seguir, o
texto desta semana:
Questões para debate
A. Que
características comuns apresentavam os desencarnados asilados na Mansão Paz?
B. Por que
motivo eram tão dolorosas as vicissitudes enfrentadas por Leo?
C. Leo se
arrependera das maldades cometidas no passado?
Texto para leitura
113. Um caso de débito expirante –
Hilário, que ardia de curiosidade, perguntou a Silas: "Em que ponto será
lícito considerar a presente desencarnação de Leo como débito expirante?"
Para responder à questão, Silas recapitulou, em ligeiras palavras, as
peripécias que motivaram o sofrimento de Leo na presente existência: "Em
princípios do século passado, era ele filho de abastados fidalgos citadinos
que, desencarnados muito cedo, lhe confiaram o próprio irmão doente, o jovem
Fernando, cuja existência fora marcada por incurável idiotia. Ernesto, no
entanto – pois era esse o nome de nosso Leo, na existência última –, tão logo
se viu sem a presença dos genitores, deu-se pressa em alijar o irmão do seu
convívio, cioso do governo total sobre a avantajada fortuna de que ambos se
faziam herdeiros. Além disso, moço habituado aos saraus do seu tempo, estimava
as recepções esmeradas, nas quais o palacete da família descerrava as portas
brasonadas às relações elegantes, e, orgulhoso da paisagem doméstica,
envergonhava-se de ombrear com o irmão, por ele proibido de comparecer aos seus
ágapes sociais". Tendo em vista que Fernando não lhe atendia às ordens,
por ser incapaz de compreendê-las, Ernesto o aprisionou em uma prisão gradeada,
ao fundo da casa, onde Fernando passou a viver engaiolado, qual se fora um
animal. (Obra citada, cap. 17, pp. 234 a 236.)
114. O passado de Leo – Enquanto
Fernando vivia engaiolado em sua própria casa, Ernesto – o mesmo Leo de agora
–, já casado, dava largas aos caprichos da mulher, em extensas viagens de
recreio, nas quais desperdiçava seus bens em jogatinas e extravagâncias. Após
algum tempo, esgotado nas finanças de que podia dispor, apenas conseguiria
reequilibrar-se com a morte do irmão retardado, que dava, porém, mostras de
grande fortaleza física, não obstante certa bronquite crônica que muito o
incomodava. Observando-lhe o desequilíbrio respiratório, Ernesto planejou
levá-lo a moléstia mais grave, no intuito de remetê-lo mais cedo à sepultura.
Para isso, recomendou aos servos que libertassem o irmão, todas as noites, num
grande pátio, de modo que Fernando repousasse ao relento. Este denotou,
contudo, grande resistência e, embora sofresse consecutivas crises, exposto à
intempérie, superou durante quase dois anos a provação a que fora submetido.
Nesse tempo, a situação financeira de Ernesto tornou-se insustentável e somente
o quinhão pertencente a Fernando – entregue aos cuidados de velhos amigos,
conforme vontade paterna – podia remediá-la. Ernesto não teve dúvidas: certa
noite liberou dois escravos delinquentes, algemados em sua casa, sob a condição
de se exilarem em terras distantes e, após vê-los partir, buscou o leito do
irmão, enterrando-lhe um punhal no peito inerme... Na manhã seguinte, ante o
choro dos servos que lhe mostravam o cadáver, fê-los admitir que os fujões
teriam sido os autores do crime e entrou na posse dos bens do irmão, com plena
aprovação da justiça terrena. Foi assim que, apesar de regalada existência na
carne, ao aportar no além-túmulo, atravessou extensa faixa de expiações, embora
Fernando houvesse esquecido suas ofensas. Vergastado pelos remorsos, Ernesto
entrou em comunhão com impassíveis agentes da sombra, que o fizeram presa de
inomináveis torturas, por se recusar a segui-los nas práticas infernais.
Conservando no imo d'alma a lembrança da vítima, através da percussão mental do
arrependimento sobre os centros perispiríticos, enlouqueceu de dor e vagueou
por vários lustros, em tenebrosas paisagens, até que, recolhido à Mansão Paz,
foi convenientemente tratado para o reajuste preciso. Recuperado, as
reminiscências do crime absorviam-lhe o espírito de tal sorte que, para o
retorno à marcha evolutiva normal, implorou o regresso à carne, a fim de
experimentar a mesma vergonha, a mesma penúria e as mesmas provas por ele
infligidas ao irmão indefeso, pacificando, assim, a consciência intranquila. (Obra citada, cap. 17, pp. 236 e 237.)
Respostas às questões propostas
A. Que características comuns apresentavam
os desencarnados asilados na Mansão Paz?
Segundo
Silas, os desencarnados asilados na Mansão constituíam grande ajuntamento de
criminosos e viciados, como ele mesmo o fora um dia. "Ali recebemos
atenção e carinho, assistência e bondade, reeducando-nos, às vezes, por muitos
anos”, explicou Silas. Para habilitar-se, porém, às tarefas do bem genuíno, é
preciso purgar a condição inferior, agravada na culpa, visto que o conhecimento
elevado, adquirido na Mansão, vale mais como teoria nobilitante, que cabe a
cada um substancializar na prática correspondente, para que se incorpore, em
definitivo, ao patrimônio moral do servidor. É por isso que, depois do
aprendizado, são tais Espíritos novamente internados na esfera carnal, onde
sofrem a aproximação dos antigos comparsas, para demonstrarem aproveitamento e
assimilação do amparo recebido. (Ação e
Reação, cap. 17, pp. 232 a
234.)
B. Por que motivo eram tão dolorosas as
vicissitudes enfrentadas por Leo?
O motivo
estava numa anterior existência, em
que Leo , também movido pela ganância, fez a um irmão algo bem
parecido com o que lhe ocorreu na existência atual. (Obra citada, cap. 17, pp. 234 a 236.)
C. Leo se arrependera das maldades
cometidas no passado?
Sim.
Conservando no imo d'alma a lembrança da vítima, através da percussão mental do
arrependimento sobre os centros perispiríticos, enlouqueceu de dor e vagueou
por vários lustros, em tenebrosas paisagens, até que, recolhido à Mansão Paz,
foi convenientemente tratado para o reajuste preciso. Recuperado, as
reminiscências do crime absorviam-lhe o espírito de tal sorte que, para o
retorno à marcha evolutiva normal, implorou o regresso à carne, a fim de
experimentar a mesma vergonha, a mesma penúria e as mesmas provas por ele
infligidas ao irmão indefeso, pacificando, assim, a consciência intranquila. (Obra citada, cap. 17, pp. 236 e 237.)
N.R. - Para
acessar e ler o texto da semana passada, clique em http://espiritismo-seculoxxi.blogspot.com.br/2014/12/o-amor-cobre-sem-duvida-multidao-dos.html
Nenhum comentário:
Postar um comentário