JORGE LEITE DE OLIVEIRA
jojorgeleite@gmail.com
De Brasília-DF
Acabamos de ler, no facebook, que "A gente
ama não é a pessoa que fala bonito, é a pessoa que escuta bonito".
Discordo, pois tenho um amigo que não ouve bem e, em consequência... Trocaria ,
de início, o final da frase por: "é a pessoa que faz bonito".
Veja, leitor, se não fica melhor assim: "A
gente ama não é a pessoa que fala bonito, é a pessoa que faz bonito".
Escutar bonito é entender o que ouve até o fim
da emissão sonora. Imagine, leitora, como seu interlocutor não ficará feliz se
estiver falando, falando e você só ouvindo, escutando...
Fazer bonito, entretanto, é pôr em prática o que
se lê, se vê, se escuta e se fala de bom e de útil.
É cumprir bem todos os nossos deveres e, em vez
de estar sempre apenas visando direitos, realizar, antes, nossas obrigações de
cidadão e cidadã com responsabilidade.
Fazer bonito é não mentir em discursos de bela
aparência, mas que são como sepulcros caiados por fora e cheios de ossos podres
por dentro, como já dizia o Mestre.
É ser tolerante com os erros alheios, mas não
conivente com eles. É feio dizer, sem palavras: "faça o que eu digo, mas
não faça o que eu faço". O honesto é dizer: "faça o que eu digo, mas
principalmente o que eu faço" e, em seguida, só fazer bonito.
Fazer bonito é amar a todas as criaturas de
Deus, seres humanos e animais, sem lhes exigir o que estes não nos podem dar,
mas procurando auxiliá-los em sua evolução espiritual. Ninguém mais do que o
Cristo exemplificou o bem como Ele. Isso está na questão número 625 d'O Livro
dos Espíritos, escrito por Allan Kardec, que sempre se esforçou em escutar,
ler, escrever e fazer bonito.
Fazer bonito é ter atitude e não se calar ante
as injustiças sociais e abusos de autoridades, combatendo o nepotismo e o
despotismo cínicos, hipocrisia de quem deseja o poder principalmente para si e
benesses espúrias para seus familiares.
É se preparar para uma competição em nosso país,
ainda que não a conquistemos, mas não correr o risco de ser desmoralizado por
não se concentrar no principal: a competição... Esse é o fazer bonito
politicamente correto. De que nos adianta arrumar nossa casa para os outros
apenas se divertirem? Divirtamo-nos juntos.
Há muita gente que fala bonito e escuta bonito,
mas faz muito feio, pois só faz isso por cálculo em benefício próprio. Parece
político, antes das eleições, aperta a mão de todo o mundo. Eleito, porém, não
está nem aí para o povo e suas necessidades.
Não devemos impor nossa ideologia a outrem e,
sim, respeitar as convicções religiosas, políticas e sociais alheias sem abrir
mão de nossas crenças sinceras. Por isso, fazer bonito é tratar com urbanidade
e respeito a todas as pessoas, ainda que discordemos de suas ideias e
independentemente de serem ou não religiosas.
Conclusão: fazer bonito é cultivar as duas
principais virtudes humanas: o amor e a humildade. Amor ao bem, à verdade, a
Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a nós mesmos. Humildade para
reconhecer que não somos melhores do que alguém, ainda que não tenha as mesmas
crenças que nós, ainda que seja ateu, pois conforme diz Jesus: "Deus criou
o Sol e a chuva para todos, justos e injustos" (Mateus, 5:45).
É, enfim, ser úteis à sociedade sem
discriminação nenhuma. O que as pessoas fazem no cotidiano repercute mais do
que suas crenças e promessas vãs.
Desse modo, retificamos nossa frase inicial,
substituindo-a por esta: "a gente deve amar as pessoas incondicionalmente,
mas admirar e se emocionar é para as que não somente escrevem, dizem e escutam
bem, como igualmente fazem o bem desinteressado".
Isso, sim, é fazer bonito!
Acesse o blog: www.jojorgeleite.blogspot.com
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