CÍNTHIA CORTEGOSO
cinthiacortegoso@hotmail.com
De Londrina-PR
Algo começou a descer do alto
morro descampado... e bem rápido. Eram o menino e o seu cão.
Josué, naquele mês, faria nove
anos e seu cãozinho, fiel companheiro, dois; fora presente de aniversário.
Nessa data, há dois anos, o menino chorava de imensa alegria e o animalzinho...
“do que seria de mim”.
Na verdade, criou-se um laço
maravilhoso de amor e cumplicidade. O cãozinho só se separava do menino quando
este estava na escola. E do momento que Josué ia para a escola rural, perto do
sítio onde morava, o animalzinho Sol, era seu nome, de pelagem curta e cor
caramelo, deitava-se no tapete da varanda da frente da casa, de onde tinha toda
a vista da estrada e não arredava as patinhas enquanto Josué não chegasse.
E os dois em segundos desceram o
morro e estavam próximos do terreno mais plano que os levaria ao quintal da
casa. Os dois ainda curtiam as férias. Brincavam de folguedos variados, pareciam
dois meninos.
Com todas as gracinhas, girando
com os braços abertos e o Sol atrás, foram se distanciando do quintal da casa e
se aproximaram rapidamente de uma pequena gruta com nascente de água que a mãe
de Josué, todos os dias pela manhã, permanecia alguns minutos em prece. Era um lugar
pequenino e acolhedor. Quando os avós do menino compraram o sítio, essa gruta
já existia.
E os dois, um pouco tontos de
tanto rodarem, caíram para descansar bem pertinho desse local. Sol parecia dar
gargalhadas tal qual Josué; era muito amor e companheirismo.
Quando foram se acalmando e o
silêncio começou a estar entre os dois, puderam ouvir um choro fino. O menino
se levantou e procurou atentar-se ao som.
– Fique quietinho, Sol.
O cão imediatamente engoliu sua
euforia e ergueu as orelhas, pois também estava ouvindo. Olharam para um lado,
depois para outro, nada visível por enquanto. O choro cessou. Novamente
iniciou.
Josué estava em pé; Sol, também.
Com muita atenção seguiram o som.
– Vem da gruta – o menino falou
para o cãozinho que compreendia perfeitamente.
Acompanharam o choro e logo
estavam à entrada da gruta.
Por ser um local mais escuro,
não foi possível, de imediato, ver onde o pequeno chorãozinho estava, ainda
mais identificar o que seria; poderia ser um gatinho, cãozinho... até um bebê.
Sol, com suas orelhas erguidas e
muito cuidado, pois o desconhecido gera uma certa apreensão... um medinho,
cheirava incessantemente para descobrir o que poderia ser. Josué, ansioso,
queria logo saber o que era. Bem àquela hora, começou uma forte chuva, o que
colaborou para o suspense e mais escuro ficou.
Um pouco tateando e se guiando
pelo som do choro, Josué, finalmente, tocara algo que se mexeu. De susto,
recolheu a mão.
– Sol, toquei alguma coisa.
O cão, como se compreendesse,
latiu.
– Meu Deus, o que será? – o
menino perguntou, um pouco nervoso. – Preciso ter coragem. Senhor Deus,
ajude-me!
Assim que o menino pediu ajuda,
uma leve luz se fez presente iluminando o local. Ele viu o cãozinho ao seu
lado, viu uma imagem esculpida do rosto de Jesus que sempre esteve na gruta e
encontrou de relance uma caixa com algo embrulhado que agora, estava um pouco
mais calmo; o choro estava menos nervoso e estridente.
– Olhe, Sol. Aqui tem uma
caixinha... tem alguma coisa chorando e se mexendo.
O cão olhava como se quisesse
averiguar o que era e por que estava lá.
Josué se aproximou e com receio
do que pudesse ser, com muito cuidado, pegou a pontinha do pano que o envolvera
a fim de retirar e ver. Devagar, puxou e conseguiu tirar o pano e...
– Ai, meu Deus! O que é isso?
Tanto o menino quanto o seu
cãozinho afastaram-se de súbito. E a chuva continuava um pouco mais mansa quase
parando.
Os dois respiraram fundo e o
menino precisava saber o que era. Aproximou-se, mas com muito medo, pois o momento
e o local eram propícios à surpresa emoção. Aproximou-se mais um pouquinho até
chegar bem perto da caixa e poder ter a certeza do que era. A chuva havia
parado e um feixe de luz iluminou o interior da gruta.
Sim. Os olhos de Josué se
iluminaram quando encontraram os dois olhinhos. Sol também veio ver.
– É um bebê... – o menino,
encantado, falou.
Sol abanou o rabo, ficara feliz,
queria cheirar o pequeno bebê que sorria e se mexia mais aliviado, “ainda bem,
fui encontrado”.
Um pouco desajeitado, Josué pegou
o pequeno, embrulhou-o no pano que estava na caixa e com seu amigo Sol seguiram
para casa.
– Vou levá-lo para a mamãe...
ela cuidará de você – Josué falou e o pequeno o ouvia.
Os três seguiram para casa. Na
gruta, dois protetores ainda se encontravam e outros dois acompanhavam as duas
crianças e o animalzinho.
Por razões maiores e
desconhecidas, o bebê foi para o lar onde deveria crescer, viver com outros
espíritos encarnados que lhe propiciariam a formação em um dos maiores
educadores do século XXI; seria conhecido como o restaurador amoroso das almas
juvenis.
Tudo tem o seu tempo, o seu
lugar, os espíritos envolvidos, os seus propósitos, os acontecimentos e sua
duração, ou seja, sempre haverá um motivo para algo se cumprir. O mais
importante na vida é poder realizar da melhor maneira os projetos da caminhada.
Dificilmente se saberá de forma prévia, no entanto, com amor, todos os
objetivos se encaminharão para o seu propósito, desenvolvimento e realização.
Visite o blog Conto, crônica, poesia… minha literatura:
http://contoecronica.wordpress.com/
Nenhum comentário:
Postar um comentário