sábado, 7 de fevereiro de 2015

Promessa e realidade


JORGE LEITE DE OLIVEIRA
jojorgeleite@gmail.com
De Brasília-DF

A última semana acabou com uma triste notícia. Sabeis que foi a execução do Marco Archer. Comoção nacional, hipócritas e outros adjetivos foram citados na mídia sobre o caso.
Após clamar inutilmente por clemência ao Governo da Indonésia, Archer deixa seu alerta, que aproveita a algumas pessoas de bom-senso e juízo: "A droga só tem dois caminhos: prisão e morte".
Lembrou-me a crônica que escrevi alhures sobre Tomás Coelho, um dos brasileiros mais ilustres da última geração do Império, falecido em 22 de setembro de 1895, publicada em A semana. No mundo econômico, exerceu análoga influência que tinha no mundo político. Em sua memória, foi fundado o bairro Tomás Coelho, no Rio de Janeiro, em 1981.
Alguém se lembra dele? Assim é a vida. Assim como nosso nobre político foi quase chefe de governo, o que só não se deu devido à queda do Império, também em alguns dias mais Archer será esquecido, inclusive pela mandatária de nossa nação, que já "não se lembra" das promessas de campanha. Afinal, "numa campanha, faz-se o diabo". E foram tantas...
Vejamos algumas promessas eleitorais publicadas nesta semana por alguns órgãos da Imprensa, e o que de fato vem ocorrendo:

                     Promessa
             Realidade
1. Não haverá tarifaço.
2. Não haverá aumento dos juros.
3. Não mudam os direitos trabalhistas.
4. Ampliação do "mais médicos".
5. "Brasil, pátria educadora."
1. Previstos aumentos de tarifas em até 30%.
2. O BC aumentou os juros.
3. Cinco direitos trabalhistas foram alterados.
4. A "saúde pública" no Brasil está um caos.
5. O MEC foi quem teve maior corte de verbas.

E estamos apenas no início do seu segundo mandato.
"No mundo infernal há cinco terrores e tormentos: amargura moral, uivos terríveis, trevas horríveis, calor inextinguível, sede insaciável e penetrante mau-cheiro", dizia John Heydon. Infelizmente, em nossos dias, tais "ameaças" não mais assustam ninguém. Que pena!
Falta-nos refletir sobre o que Jung denominou de predomínio do inconsciente. Disse ele que "A aparição dos ditadores e de toda a miséria que eles trouxeram provém de que os homens foram despojados de todo o sentido do além, pela visão curta de seres que se acreditavam muito inteligentes." (In: Memórias, sonhos, reflexões. Ed. Nova Fronteira, 1986, p. 82).
Eu, se pudesse modificar a legislação eleitoral, proporia um artigo que impusesse a "lei de responsabilidade verbal". Tudo o que o político prometesse em campanha teria de ser obrigado a cumprir. Duela a quien le duela.
Lembrando o alerta de Archer, parodio a estrofe do poema O tempo, do nosso Olavo Bilac:
Trabalhai, porque a vida é eterna,
E não há moratória pras cocas,
Não viveis muito tempo na Terra,
Não façais nenhum uso das drogas.
Mas não falemos mais sobre política e economia. Deixemos "aos mortos o cuidado de enterrar os seus mortos".
Vamos cantar com https://www.youtube.com/watch… e esquecer as mágoas, pois vivemos para ser felizes e não para ser os profetas do caos.

Visite, quando puder: www.jojorgeleite.blogspot.com





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