Tempo e morte
Juvêncio de Araújo
Figueredo
Sim!... Minha alma
partira e os Espaços buscara,
Lá onde esplende a Luz
em perenal transporte,
E viu que Alguém pintou
na imensa tela clara,
Sem pincel e sem tinta, o
Amor de norte a norte.
Hoje sei que, na Terra,
a quem não se prepara
Na oficina do Bem que
instrua e reconforte,
Abre-se a escarpa hostil
de nova senda ignara
Em que a Vida ressurge
atormentando a Morte.
Foge o Tempo, a sumir
sorrateiro e calado...
No ergástulo de carne o
Espírito enlanguesce
Entre o sol do Porvir e
as brumas do Passado.
A idear no Infinito
amplas visões sonoras,
Quisera, transfundindo o
coração em prece,
Exaltar para o Mundo a
grandeza das horas!...
Juvêncio de Araújo Figueredo nasceu em
Desterro, atual Florianópolis, Santa Catarina, em 27 de setembro de 1864 e
faleceu na mesma cidade em 6 de Abril de 1927. Grande amigo e discípulo de Cruz
e Souza, foi membro da Academia Catarinense de Letras e do Centro Catarinense
de Letras. Segundo Osvaldo F. de Melo. (Int. Hist. Lit. Cat., pág. 119), Araújo
Figueredo, na última década de sua vida, encontrou na filosofia espírita um
porto para seus anseios místicos e um céu para seus voos metafísicos. O soneto
acima faz parte do livro Antologia dos
Imortais, obra psicografada pelos médiuns Francisco Cândido Xavier e Waldo
Vieira.
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