As rosas de santa Isabel
JORGE LEITE DE OLIVEIRA
jojorgeleite@gmail.com
De Brasília-DF
Uma das mulheres mais extraordinárias
que já houve na Terra é santa Isabel. Ela viveu nos séculos XIII e XIV d.C. e
sua história é narrada em Isabel de
Aragão, a rainha médium, publicada pela editora O Clarim, de São Paulo.
Essa obra foi psicografada por Valter Turini e ditada pelo espírito Monsenhor
Eusébio Sintra. Recomendo aos teóricos literatos esse romance mediúnico com
fulcro em fatos históricos registrados nos arquivos da Igreja Católica.
Vou comentar um pouco sobre a vida
dessa rainha, que sempre afirmava ter recebido de Deus um trono para fazer
caridade, mas o bom mesmo é ler o livro que citei acima.
Não relatarei todos os fatos
extraordinários manifestados por Isabel, pois os céticos rir-se-ão disso, como
ocorre com tudo aquilo que não presenciaram nem compreendem. Mas o fenômeno
Isabel de Aragão está registrado nos arquivos da Santa Sé. Isabel era católica
e passava grande parte de seu dia orando no oratório do castelo de São Jorge,
em Portugal, onde a família real residia. Para a Igreja, seus dons mediúnicos
eram milagres de uma santa.
A rainha era riquíssima e doava
verdadeiras fortunas à Igreja e conventos no seu reinado. Casou-se com Dom
Dinis, o rei poeta cujas composições literárias fazem parte do cancioneiro
trovadoresco medieval.
No capítulo 23 do citado livro, Isabel
diz a sua dama de honra, Ximena, que certas “situações [...] esbarram no
sentido lógico das coisas”. Ao que esta lhe pergunta: “— O quê, por exemplo,
senhora?”
A resposta foi a seguinte: “— As
gritantes diferenças a ocorrerem entre as condições das criaturas neste mundo
[...]. Por que uns poucos tão ricos, a deterem todas as facilidades deste
mundo, enquanto outros nascem para penar, a chafurdarem na mais negra
miséria?... Ou ainda, a inteligência brilhante, perante a idiotia mais
consistente?”.
A rainha faz ainda algumas
considerações, concluindo que um “pai justo e bom”, como Deus, não discrimina
seus filhos, favorecendo mais a um do que a outro. Tal modo de pensar é
perfeitamente coerente com a lucidez racional de Isabel, que conhecia e
praticava os ensinamentos de Jesus como ninguém, em sua época.
No capítulo anterior aos nossos
comentários acima, aconselhando Dom Dinis, que se encontrava em disputa pelo
poder com seu filho Afonso, a rainha diz-lhe, com profunda sabedoria: “A
prática do mal exaure-nos, mina-nos as forças!... A vivência do amor,
entretanto, fortalece-nos!... Pena a humanidade ainda desconhecer tal
procedimento!...”
Tendo o poder mediúnico da
materialização, Isabel de Aragão estava sendo vigiada por Dom Dinis, que sempre
fora condescendente com sua prática da caridade, mas, então idoso, proibira-a
de sair pelas ruas do reino distribuindo pães e dinheiro, o que Isabel sempre
fizera, mesmo porque ela era herdeira de grande fortuna. Desse modo, toda a
caridade feita pela rainha tinha por base seus próprios recursos.
Certo dia, pela manhã, quando não era
tempo de rosas, Isabel, ao sair em socorro dos pobres, foi surpreendida pelo
esposo, que lhe perguntou o que ela levava sobre o manto. Sua resposta foi de
que se tratava de rosas, embora todas as suas damas de companhia soubessem que
ela levava pães, às ocultas do rei, para distribuição aos pobres do local.
Dom Dinis então pede-lhe: “— Deixe-me
vê-las”.
Para espanto do rei e de todos que a
acompanhavam, Isabel abre seu manto e dali sai grande quantidade de rosas.
Apenas rosas.
Pena que nossa sociedade, em especial,
políticos, gestores públicos e privados só tardiamente percebam a atuação
inexorável da lei de causa e efeito. E esta materializará, sob o manto da
consciência culpada, em vez de rosas, apenas espinhos.
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