A Crise da Morte
Ernesto Bozzano
Parte 7
Damos continuidade ao estudo do clássico A Crise da Morte, de Ernesto Bozzano,
conforme tradução de Guillon Ribeiro publicada em 1926 pela editora da Federação
Espírita Brasileira.
Esperamos que este estudo constitua para o leitor
uma forma de iniciação aos chamados Clássicos do Espiritismo.
Cada parte compõe-se de:
1) questões preliminares;
2) texto para leitura.
As respostas correspondentes às
questões apresentadas encontram-se no final do texto indicado para leitura.
Questões preliminares
A. Que informações podemos extrair das
comunicações de Rodolfo Valentino?
B. Que diz Bozzano sobre a solidez das
construções espirituais?
C. Que nos revela o décimo sexto caso
deste livro?
D. Que finalidade tem a crise de
remorsos que acomete os chamados réprobos do plano espiritual?
Texto para leitura
98. Décimo quinto caso – A narrativa que se segue foi extraída do livro
Rudy, em que a Sra. Natacha Rambova
narra a vida de seu marido, Rodolfo Valentino, acrescentando-lhe algumas
mensagens mediúnicas obtidas do defunto. (P. 135)
99. Pela leitura do livro vem-se a
saber que Rodolfo Valentino ocupava-se, em vida, com experiências mediúnicas,
sendo ele próprio notável médium escrevente e vidente. As mensagens mediúnicas
foram obtidas nos arredores de Nice, com o auxílio do médium americano Jorge
Benjamim Wehner, que servia também à Sra. H. P. Blavatski, fundadora da
Sociedade Teosófica, a qual acabou tornando-se "guia espiritual" do
grande artista. (P. 136)
100. Um incidente inicial destacado
por Bozzano se deu quando Valentino se achava em estado desesperador, em Nova
York. Na mesma noite, manifestou-se no grupo familiar em Nice o Espírito de uma
mulher que se chamara "Jeny" e fora grande amiga de Rodolfo e de sua
esposa Rambova. Jeny informou então que estava constantemente à cabeceira do
moribundo e viu quando ele foi levado para a Casa de Saúde. (P. 136)
101. Uma semana depois da morte de
Valentino, sua esposa recebeu de uma irmã residente em Nova York uma carta em
que ela informava, entre outras coisas, que Valentino vira "Jeny" e a
chamara pelo nome, quando fora transportado para a Casa de Saúde. A informação
seria confirmada depois pelo próprio defunto numa de suas primeiras mensagens
mediúnicas. (PP. 136 e 137)
102. Eis os detalhes contidos nas
mensagens enviadas pelo notável artista: a) a intuição de que a morte se
aproximara e o pavor de morrer, tendo de deixar tantas coisas, que ele julgava
preciosas, para trás; b) a "visão panorâmica" dos acontecimentos de
sua existência terrestre; c) o sono reparador; d) o encontro com Jeny, com seu
Espírito-guia e com Gabriela, sua mãe; e) a ajuda recebida da Sra. H. P.
Blavatski, que o conduziu até à vivenda do tio Dick; f) a notícia sobre as
habitações existentes no mundo espiritual, construídas por Espíritos que se
especializaram em modelar, pelo pensamento, a matéria espiritual. (PP. 137 a
143)
103. Tendo em vista que Valentino se
referiu à "solidez" da substância sobre que se exerce a força do
pensamento, no mundo espiritual, Bozzano lembra que ninguém deve admirar-se da
observação do Espírito relativamente à aparência sólida das construções
psíquicas por ele descritas. A Ciência, assevera Bozzano, já demonstrou que a
solidez da matéria é pura aparência: o atributo "solidez" não
constitui mais que uma questão de "relação" entre o indivíduo e o
objeto. (P. 144)
104. Para nós, seres formados de
matéria igual à constitutiva do meio em que vivemos, esse meio tem,
necessariamente, que parecer sólido. O mesmo se dá com os Espíritos e as
moradas espirituais. Em compensação, eles devem perceber como sombras
evanescentes as pessoas vivas e o meio terrestre, devido à falta de relação
entre as condições em que eles existem e operam e as condições em que existem e
operam os vivos. Eis por que o Espírito pode atravessar uma parede, como se
esta não existisse. (P. 144)
105. A informação acerca dos Espíritos
que se especializaram na arte de modelar a substância espiritual está de
perfeito acordo com o que afirmara outra entidade. (Veja o 13º caso, item 85 deste resumo.) (P. 145)
106. Rodolfo Valentino informa ainda
que muitos Espíritos não resistem ao abalo mental causado pela mudança que se
produz com a morte física. Por efeito, então, da ignorância em que se acham e
do medo que os assalta, passam o tempo a frequentar, e mesmo a assombrar, o
meio onde viveram e ao qual se veem psiquicamente presos. Essa informação
coincide com o já descrito por outra personalidade mediúnica. (Veja o 8º caso, item 53 deste resumo.) (P. 145)
107. Décimo sexto caso – Até aqui, diz Bozzano, os casos citados foram
de defuntos que se encontravam nas mais diversas regiões ou "estados"
do "plano astral", onde – de acordo com a lei de afinidade – gravitam
e permanecem, durante um período de tempo mais ou menos longo, todos os
Espíritos de mortos que viveram na Terra de maneira moralmente normal. (P. 148)
108. Resta referir, portanto, alguns
casos em que se encontram envolvidos os Espíritos dos "réprobos",
constrangidos a gravitar, pela lei de afinidade, nas "esferas de
provação", correspondentes ao inferno dos cristãos, sem contudo as
torturas físicas e onde os sofrimentos morais não são eternos, mas
transitórios. (PP. 148 e 149)
109. A dificuldade, neste caso, está
na inexistência de comunicações continuadas em que o defunto caído nas esferas
infernais tenha vindo transmitir a sua aventura. Conhecem-se, pois, as
condições de tais esferas, pelas descrições que numerosas personalidades
mediúnicas têm feito. (P. 149)
110. Pelo que toca aos Espíritos
situados em esferas de provação "intermediárias" e pouco inferiores
ao "plano astral", alguns deles têm descrito as suas vicissitudes,
como o famoso escritor inglês Oscar Wilde. (P. 149)
111. Um caso que se enquadra na
situação acima se deu com as médiuns psicógrafas Miss Aimée Earle e Miss
Florence Dismore, a quem um Espírito ditou sua história mundana, as
circunstâncias de sua morte e várias peripécias de sua vida post mortem,
descritas no livro The Progression of
Marmaduke. (PP. 149 a 151)
112. Eis os detalhes contidos nas
mensagens desse Espírito: a) o seu mergulho nas mais profundas trevas, onde
imperava um silêncio mortal; b) a ignorância acerca da própria morte corpórea;
c) a não percepção da presença de Espíritos hierarquicamente superiores, até
que, tendo ciência de estar morto, alguns Espíritos o ajudaram, a pedido de um
amigo que ele traíra na existência terrena; d) a informação de que no mundo
espiritual o pensamento é tudo, não só para a comunicação uns com os outros, mas
para a criação das coisas de que os Espíritos têm necessidade. (PP. 152 a 157)
113. Bozzano, comentando as mensagens
referidas, diz que, conforme outros Espíritos têm dito, os sofrimentos
expiatórios que atingem os "réprobos" seriam, principalmente, de natureza
moral e consistiriam, inicialmente, em toda sorte de saudades e de desejos
insatisfeitos e impossíveis de terem satisfação, e depois em toda sorte de
remorsos dilacerantes. Parece igualmente que, quando um Espírito de
"réprobo" começa a crise dos remorsos, tem ele dado o seu primeiro
passo no caminho da redenção. (P. 154)
114. Dessa crise, longa por vezes e
terrível, ninguém pode poupar o Espírito, porquanto somente passando por ela
chegará o seu "corpo etéreo" a expungir-se dos "fluidos
impuros", de que se maculou e carregou, fluidos esses que sobre ele se
acumularam em consequência da repercussão "vibratória" que sobre o
seu organismo muito delicado exerceu o seu procedimento ignóbil ou indigno, no
curso da existência terrestre. (PP. 154 e 155)
115. Do mesmo modo que esses
"fluidos impuros" haviam, por virtude da lei de afinidade, obrigado o
Espírito a gravitar para as regiões infernais – em consequência da purificação
operada pela crise dos remorsos, seu "corpo etéreo", tornado mais
leve, se elevaria e gravitaria para a esfera espiritual imediatamente superior.
(P. 155)
116. Os Espíritos de
"réprobos" endurecidos, incapazes de sentir remorsos, permaneceriam
assim na região infernal, imersos em trevas mais ou menos profundas, muitas
vezes na solidão, outras em companhia de Espíritos da mesma categoria, até que
a hora do arrependimento para eles soe, porque ninguém se encontra abandonado a
si mesmo. (P. 155)
117. No caso em estudo, o Espírito
disse ter ignorado quanto tempo ficou a errar nas trevas e no insulamento. A
mesma coisa se dá com os pacientes postos, por indução hipnótica, em estado de
"sonambulismo vígil", para os quais o tempo deixa de existir. É por
isso que respondem ao experimentador, quando este os desperta ao cabo de vinte e
quatro horas, que dormiram apenas um minuto. (PP. 155 e 156)
118. Bozzano cita, a propósito disso,
o fato ocorrido com um Espírito obsidente, ao qual o Dr. Wickland perguntou em
que ano supunha que ele estivesse. O Espírito disse: 1902. Mas estava enganado,
visto que corria o ano de 1919. Havendo errado nas trevas durante dezessete
anos, ele julgava ter estado naquela situação apenas por alguns dias. (P. 156)
119. A respeito do poder do pensamento
no meio espiritual, o Espírito trouxe uma informação adicional: para criar os
objetos de que necessita não basta pensar na "coisa" desejada; é
preciso uma concentração firme do pensamento sobre esse objeto, pensando em
todos os seus detalhes. É por isso que, exercitando-se nas criações do
pensamento, os Espíritos chegam a pensar com uma nitidez cada vez maior e a
concentrar a vontade com uma eficácia sempre mais intensa. Não sendo assim,
formar-se-á tão somente um esboço mais ou menos confuso e informe do objeto
desejado. (P. 157)
Respostas às questões preliminares
A. Que informações podemos extrair das comunicações de Rodolfo
Valentino?
Ei-las: a) a intuição de que a morte se aproximara
e o pavor de morrer, tendo de deixar tantas coisas, que ele julgava preciosas,
para trás; b) a "visão panorâmica" dos acontecimentos de sua
existência terrestre; c) o sono reparador; d) o encontro com Jeny, com seu
Espírito-guia e com Gabriela, sua mãe; e) a ajuda recebida da Sra. H. P.
Blavatski, que o conduziu até à vivenda do tio Dick; f) a notícia sobre as
habitações existentes no mundo espiritual, construídas por Espíritos que se
especializaram em modelar, pelo pensamento, a matéria espiritual. Rodolfo
Valentino informou ainda que muitos Espíritos não resistem ao abalo mental
causado pela mudança que se produz com a morte física. Por efeito, então, da
ignorância em que se acham e do medo que os assalta, passam o tempo a frequentar,
e mesmo a assombrar, o meio onde viveram e ao qual se veem psiquicamente
presos. (A Crise da Morte, pp. 135 a
145.)
B. Que diz Bozzano sobre a solidez das construções espirituais?
Bozzano assevera que ninguém deve admirar-se da
observação de Rodolfo Valentino relativamente à aparência sólida das
construções psíquicas por ele descritas. A Ciência, lembra ele, já demonstrou
que a solidez da matéria é pura aparência, ou seja, o atributo
"solidez" não constitui mais que uma questão de "relação"
entre o indivíduo e o objeto. Para nós, seres formados de matéria igual à
constitutiva do meio em que vivemos, esse meio tem, necessariamente, que
parecer sólido. O mesmo se dá com os Espíritos e as moradas espirituais. Em
compensação, eles devem perceber como sombras evanescentes as pessoas vivas e o
meio terrestre, devido à falta de relação entre as condições em que eles
existem e operam e as condições em que existem e operam os vivos. Eis por que o
Espírito pode atravessar uma parede, como se esta não existisse. (Obra citada,
pp. 144 e 145.)
C. Que nos revela o décimo sexto caso deste livro?
Eis os detalhes contidos nas mensagens que compõem
este caso: a) o mergulho do Espírito comunicante nas mais profundas trevas,
onde imperava um silêncio mortal; b) a ignorância acerca de sua morte corpórea;
c) a não percepção da presença de Espíritos hierarquicamente superiores, até
que, tendo ciência de estar morto, alguns Espíritos o ajudaram, a pedido de um
amigo que ele traíra na existência terrena; d) a informação de que no mundo
espiritual o pensamento é tudo, não só para a comunicação uns com os outros,
mas para a criação das coisas de que os Espíritos têm necessidade. (Obra
citada, pp. 148 a 157.)
D. Que finalidade tem a crise de remorsos que acomete os chamados
réprobos do plano espiritual?
Os sofrimentos expiatórios que atingem os
"réprobos" são, segundo Bozzano, principalmente de natureza moral e
consistem, inicialmente, em toda sorte de saudades e de desejos insatisfeitos e
impossíveis de terem satisfação, e depois em toda sorte de remorsos
dilacerantes. Parece, no entanto, que quando um Espírito de "réprobo"
começa a crise dos remorsos tem ele dado o primeiro passo no caminho da redenção.
Dessa crise, longa por vezes e terrível, ninguém pode poupar o Espírito,
porquanto somente passando por ela chegará seu "corpo etéreo" a
expungir-se dos "fluidos impuros", de que se maculou e carregou,
fluidos esses que sobre ele se acumularam em consequência da repercussão
"vibratória" que sobre seu organismo muito delicado exerceu seu
procedimento ignóbil ou indigno, no curso da existência terrestre. Do mesmo
modo que esses "fluidos impuros" haviam, por virtude da lei de
afinidade, obrigado o Espírito a gravitar para as regiões infernais, em consequência
da purificação operada pela crise dos remorsos seu "corpo etéreo",
tornado mais leve, se eleva e gravita para a esfera espiritual imediatamente
superior. Os Espíritos de "réprobos" endurecidos, incapazes de sentir
remorsos, permanecem assim na região infernal, imersos em trevas mais ou menos
profundas, muitas vezes na solidão, outras em companhia de Espíritos da mesma
categoria, até que a hora do arrependimento para eles soe, porque ninguém se encontra
abandonado a si mesmo. (Obra citada, pp. 154 a 157.)
Nota:
Links que remetem aos 3 textos anteriores:
Parte 4 - https://espiritismo-seculoxxi.blogspot.com.br/2017/07/iniciacao-aos-classicos-espiritas_21.html
Parte 5 - https://espiritismo-seculoxxi.blogspot.com.br/2017/07/iniciacao-aos-classicos-espiritas_28.html
Parte 6 - https://espiritismo-seculoxxi.blogspot.com.br/2017/08/iniciacao-aos-classicos-espiritas.html
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