quarta-feira, 16 de agosto de 2017

Pílulas gramaticais (270)





Veja o leitor a seguinte construção:
“João lutou muito na vida e alfim conseguiu vencer”.
Algumas pessoas, lendo o texto acima, por certo dirão que existe nele um erro absurdo: não é “alfim”, mas “ao fim”. Então o texto correto seria: “João lutou muito na vida e ao fim conseguiu vencer”.
De fato, modernamente, a segunda construção é mais frequente, mas a primeira está igualmente correta e é abonada por ninguém menos que Camilo Castelo Branco. O escritor Fernando do Ó também a utilizou várias vezes no seu excelente romance Alguém chorou por mim, publicado pela editora da FEB.
A palavra alfim tem duplo significado.
Como advérbio, significa: ao fim, afinal, finalmente, ao cabo.
Exemplo:
“Sobreviveram com instâncias muito afetuosas, e alfim conseguiram removê-lo.” (Camilo Castelo Branco, A Enjeitada, p. 15.)
Alfim pode exercer também a função de substantivo e como tal significa, no jogo de xadrez, a peça que representa o elefante, equivalente ao bispo na forma ocidental moderna do jogo. [Variantes: alfil, alfir, arfil, arfir.]

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As pessoas, sobretudo o pessoal da imprensa, utilizam de modo equivocado as palavras portenho e carioca.
Carioca, como substantivo, indica o natural ou habitante da cidade do Rio de Janeiro.  Como adjetivo, diz respeito à cidade do Rio de Janeiro, mas não ao Estado do Rio de Janeiro. O campeonato de futebol disputado pelo Flamengo é, portanto, campeonato fluminense e não campeonato carioca, porque envolve clubes de outras cidades do Estado do Rio.
Portenho, como substantivo, indica o natural de Buenos Aires, capital da Argentina. Como adjetivo, diz respeito a Buenos Aires, mas não à República Argentina. Quando nossa seleção joga com a seleção dos hermanos, joga com a seleção argentina e não com a seleção portenha.


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