Cristianismo e
Espiritismo
Léon Denis
Parte 17
Continuamos o estudo do livro Cristianismo e Espiritismo, que estamos realizando com base na 6ª
edição publicada pela Federação Espírita Brasileira, tradução de Leopoldo
Cirne.
Esperamos que este estudo constitua para o leitor uma forma
de iniciação aos chamados Clássicos do Espiritismo.
Cada parte compõe-se de:
a) questões preliminares;
b) texto para leitura.
As respostas correspondentes às questões apresentadas
encontram-se no final do texto indicado para leitura.
Questões preliminares
A. Léon Denis afirma que muitas passagens do Novo
Testamento foram modificadas pela Igreja. Há provas de sua assertiva na obra em
estudo?
B. Os fariseus eram reencarnacionistas?
C. A expressão Espírito Santo aparece no original grego dos
evangelhos?
Texto para
leitura
218. O Antigo Testamento é o livro sagrado de um povo – o
povo hebreu. O Evangelho é o livro sagrado da Humanidade. As verdades
essenciais que ele contém acham-se ligadas às tradições de todos os povos. (P.
268)
219. A essas verdades, porém, muitos elementos inferiores
vieram associar-se. Assim, o Evangelho pode ser comparado a um vaso precioso em
que, no meio da poeira e das cinzas, se encontram pérolas e diamantes. (PP. 268
e 269)
220. Os Evangelhos não estão concordes sobre os fatos mais
notáveis atribuídos a Jesus, como sua primeira aparição após a crucificação: só
Marcos e João assinalam Maria Madalena como testemunha do fato. (PP. 269 e 270)
221. Com a Ascensão dá-se o mesmo: Mateus e João dela não
falam. (P. 270)
222. Sobre os Evangelhos apócrifos, segundo Fabrícius,
havia trinta e cinco. Embora desprezados hoje, não eram, contudo, destituídos
de valor aos olhos da Igreja, que se baseou num deles para estabelecer a crença
na descida de Jesus aos infernos, admitida no concílio de Niceia, da qual não
fala nenhum dos Evangelhos canônicos. (P. 270)
223. Os manuscritos originais dos Evangelhos desapareceram,
sem deixar qualquer vestígio. Foram provavelmente destruídos por ocasião da
proscrição geral dos livros cristãos, ordenada pelo imperador Deocleciano em
303. (PP. 270 e 271)
224. Celso, desde o século II, no “Discurso verdadeiro”,
lançava aos cristãos a acusação de retocarem constantemente os Evangelhos e
eliminarem no dia seguinte o que havia sido inserido na véspera. (P. 271)
225. Depois da proclamação da divindade do Cristo (século
IV) e da introdução no sistema eclesiástico do dogma da Trindade (século
VII), muitas passagens do Novo
Testamento foram modificadas, a fim de que exprimissem as novas doutrinas (ver
João, I, 5 e 7). “Vimos – diz Leblois, pastor em Estrasburgo – na Biblioteca
Nacional, na de Santa Genoveva, na do mosteiro de Saint-Gall, manuscritos em
que o dogma da Trindade está apenas acrescentado à margem. Mais tarde foi
intercalado no texto, onde se encontra ainda.” (P. 272)
226. Sobre o sentido oculto contido na Bíblia, diz
Orígenes: “As Escrituras são de pouca utilidade para os que as tomem como foram
escritas. A origem de muitos desacertos reside no fato de se apegarem à sua
parte carnal e exterior”. (P. 272)
227. E o grande pensador cristão nos recomenda:
“Procuremos, pois, o espírito e os frutos substanciais da Palavra que são
ocultos e misteriosos”. (P. 272)
228. Em suas obras o historiador judaico Josefo faz
profissão de sua fé na reencarnação e refere que era essa a crença dos
fariseus. O padre Didon, em sua “Vida de Jesus”, o confirma. (P. 273)
229. O sábio beneditino Dom Calmet, em seu “Comentário”
sobre as Escrituras, diz que muitos doutores judeus acreditavam que as almas de
Adão, Abraão e Fineias animaram sucessivamente vários homens da sua nação. (P.
274)
230. De todos os padres da Igreja, foi Orígenes quem
afirmou, do modo mais positivo, a reencarnação. (P. 275)
231. A preexistência da alma e a reencarnação explicam as
aparentes anomalias da vida. Os sofrimentos, segundo Orígenes – que adotara a
esse respeito a opinião de Platão –, seriam curativos da alma, correspondendo à
necessidade simultânea da justiça e do amor, não nos sendo imposto o sofrimento
senão para nos melhorarmos. (P. 276)
232. Após a Vulgata, tradução latina do grego, há
expressões relativas à ação dos Espíritos a que foi acrescido o qualificativo
sanctus que não constava do original grego. Surgiu assim a expressão Espírito
Santo, inexistente no texto grego, pois que o Espírito Santo, como terceira
pessoa da Trindade, foi imaginado apenas no fim do século II. (P. 277)
233. A “Didaquê”, pequeno tratado descoberto em 1873 numa
biblioteca em Constantinopla, apresenta um quadro da Igreja primitiva, em que
se vê que os cristãos daquele tempo conheciam perfeitamente as práticas
necessárias para se entrar em comunicação com os Espíritos, e não perdiam
ocasião de a cultivar. (P. 279)
234. O autor relata dois fatos de escrita direta ocorridos
com o papa São Leão e com os bispos reunidos no concílio de Niceia, nos quais
os Espíritos do apóstolo Pedro e de dois bispos católicos deixaram registradas
suas mensagens. (PP. 279 e 280)
235. Embora muitos padres atribuam as manifestações
espíritas à ação do demônio, nem todos na Igreja pensam assim. O mesmo se dá no
seio das igrejas protestantes. Léon Denis menciona a respeito vários
depoimentos. (PP. 281 a 285)
236. Em Londres, o reverendo Hawis pregava recentemente a
“doutrina dos mortos” na igreja de Marylebone, e convidava seus ouvintes a
passar pela sacristia, após o sermão, para examinar fotografias de Espíritos.
(P. 282)
237. O autor transcreve o famoso artigo em que o Sr.
Savage, pastor da Igreja Unitária de Boston e emérito escritor muito conhecido
nos Estados Unidos, narra de que modo foi levado a acreditar nos fatos
espíritas. (PP. 283 e 284)
238. Nesse artigo, o Sr. Savage declara: “eu descobri fatos
que provam que o eu não morre e que, depois do que chamamos morte, ainda é
capaz, em certas condições, de entrar em comunicação conosco”. (P. 284) (Continua na próxima edição.)
Respostas às
questões preliminares
A. Léon Denis
afirma que muitas passagens do Novo Testamento foram modificadas pela Igreja.
Há provas de sua assertiva na obra em estudo?
Sim. Celso e Leblois foram alguns dos estudiosos que
apontaram tais fatos. “Vimos – diz Leblois, pastor em Estrasburgo – na
Biblioteca Nacional, na de Santa Genoveva, na do mosteiro de Saint-Gall,
manuscritos em que o dogma da Trindade está apenas acrescentado à margem. Mais
tarde foi intercalado no texto, onde se encontra ainda.” (Cristianismo e Espiritismo, Nota complementar n. 3, pp. 271 e 272.)
B. Os fariseus
eram reencarnacionistas?
Sim. Em suas obras o historiador judaico Josefo faz
profissão de sua fé na reencarnação e refere que era essa a crença dos
fariseus. O padre Didon, em sua “Vida de Jesus”, o confirma. Segundo o sábio
beneditino Dom Calmet, em seu “Comentário” sobre as Escrituras, muitos doutores
judeus acreditavam que as almas de Adão, Abraão e Fineias animaram
sucessivamente vários homens da sua nação. (Obra citada, Nota complementar n.
5, pp. 273 a 275.)
C. A expressão
Espírito Santo aparece no original grego dos evangelhos?
Não. O qualificativo sanctus, em seguida à palavra
espírito, que deu origem à expressão Espírito Santo, não existe no texto grego,
uma vez que o Espírito Santo, como terceira pessoa da Trindade, foi imaginado
apenas no fim do século II. (Obra citada, Nota complementar n. 6, p. 277.)
Nota:
Para ver os três últimos textos, clique nos links abaixo:
Parte 14 - https://espiritismo-seculoxxi.blogspot.com.br/2018/02/cristianismo-eespiritismo-leon-denis_23.html
Parte 15 - https://espiritismo-seculoxxi.blogspot.com.br/2018/03/cristianismo-eespiritismo-leon-denis.html
Parte 16 - https://espiritismo-seculoxxi.blogspot.com.br/2018/03/cristianismo-eespiritismo-leon-denis_9.html
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