Perispírito e natureza do espírito
JORGE LEITE DE OLIVEIRA
jojorgeleite@gmail.com
De Brasília-DF
— Boa noite, amigos. Que a paz do
Senhor Jesus esteja conosco. Hoje, falar-lhes-ei do corpo espiritual, também
chamado perispírito, por Allan Kardec.
— Fique à vontade, Emmanuel...
— Obrigado, Machado, que nosso Mestre
amado nos inspire as palavras, como sempre, a fim de lhe sermos o mais possível
fiel.
Conforme informado a Kardec, na questão
número 93 e seguintes d’O Livro dos
Espíritos, todos nós, espíritos imortais, somos envolvidos por uma
substância invisível ao olhar humano, mas suficientemente grosseira para os que
estamos libertos da influência da carne. Essa substância, tirada do fluido
universal de cada globo, e que dá forma ao espírito, é o citado perispírito.
Este é, em feliz comparação, como se fosse a roupagem do espírito, veste que se
modifica “de um mundo a outro” (op. cit., q. 94).
— Isso significa que, se um espírito
habitante de um mundo superior à Terra aqui vier, ele terá de utilizar-se de um
perispírito mais denso?
— Exatamente, meu caro Bruxo. E você sabe disso tão bem quanto
eu. Já foi dito que, nesse caso, o espírito precisa revestir-se de um corpo
espiritual mais grosseiro. Algo parecido acontece quando alguém mergulha no
fundo do mar ou eleva-se ao espaço, onde não há oxigênio suficiente para sua
respiração. A pessoa precisará utilizar-se de escafandro, roupagem especial,
capacete, cilindro de ar etc. Sua movimentação, em consequência disso, ficará
dificultosa, e a criatura precisará adaptar-se ao novo ambiente.
Assim como o espírito pode modificar as
propriedades do seu perispírito e dar-lhe a forma que deseje (op. cit., q. 95),
alguém que mude do ambiente atmosférico para o submerso, ou deste para aquele,
precisará utilizar a roupa adequada ao novo espaço. Desse modo, dependendo de
seu aperfeiçoamento e objetivo, o espírito pode fazer-se mesmo visível com essa
roupagem espiritual, e mostrar-se, na forma de uma criança ou de um adulto, a
alguém encarnado, sem que o espírito manifestante deixe de possuir controle
total de seus movimentos e pensamentos.
— Agora entendi por que alguns
espíritos, desencarnados ainda na infância, manifestam-se a nós como crianças.
— Perfeitamente, Bruxo. A diferença é que os espíritos elevados tomam essa forma
conscientemente, e os de menos elevação a assumem mecanicamente durante um
certo tempo, até que possam recobrar sua plena lucidez como adultos. Há exceções,
baseadas em seres de elevada condição moral, cuja lucidez torna-se quase
imediata. Leia, em Ave Cristo!, na 2ª
parte, cap. 5- 7 dessa obra, narrada por mim a Chico Xavier, o caso do menino
de 11 anos que, ao desencarnar com o pai adotivo, ambos martirizados,
imediatamente reassumiu sua personalidade da última desencarnação na idade
adulta. A surpresa e emoção daquele momento fica para o leitor curioso dessa
obra, que vale a pena ler na íntegra.
— Isso mesmo, Emmanuel, vamos ler mais.
A literatura espírita é riquíssima. Na obra Nosso
Lar, psicografada pelo Chico, o espírito André Luiz informa-nos da
importância dos cuidados dispensados a esses espíritos falecidos em tenra
idade. Veja o que diz a mãe de Lísias a André: “— Quando o Ministério do Auxílio
me confia crianças ao lar, minhas horas de serviço são contadas em dobro [...]”
(op. cit., cap. 20).
— Vejo que você estudou as obras de
André e as minhas, psicografadas pelo médium mineiro, Machado. Obrigado. O
conhecimento do perispírito é fundamental ao nosso discernimento sobre o
processo de encarnação e reencarnação, na Terra.
— Era sobre isso que eu estava
pensando, Emmanuel. Suas explicações suscitaram-me três perguntas:
1ª) Nos mundos superiores à Terra, como
se dá a encarnação e reencarnação do espírito?
2ª) A encarnação de um espírito
provindo de mundo eterizado, cujo perispírito é muitíssimo menos denso do que o
nosso, teria de submeter-se às leis da Natureza de nosso orbe?
3ª) E se essas leis estivessem
previamente submetidas à sua própria vontade e direção superior, ele poderia ou
não modificá-las, quando encarnasse, por vez primeira, nesse mundo formado por
ele?
— Boas perguntas, amigo Bruxo do Cosme Velho, mas o espaço não
mais nos permite divagações. Deixemos as respostas às suas indagações para
futura crônica.
Que o Senhor da Vida continue
abençoando nossos humildes esforços no aprendizado e no exercício do amor.
— Oui,
merci. A bientôt, mon monsieur Emmanuel.
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