As penas eternas na visão espírita
Este é o módulo 72 de uma série que esperamos sirva
aos neófitos como iniciação ao estudo da doutrina espírita. Cada módulo
compõe-se de duas partes: 1) questões para debate; 2) texto para leitura.
As respostas correspondentes às questões
apresentadas encontram-se no final do texto sugerido para leitura.
Questões para debate
1. A doutrina das penas eternas, constante da
teologia católica, é admitida pelo Espiritismo?
2. Qual é a principal crítica que podemos fazer,
com base nas lições de Jesus, à doutrina das penas eternas?
3. De que ordem de ideias surgiu a doutrina da
eternidade das penas consubstanciada na teologia católica?
4. Qual é a causa da infelicidade que acomete
grande parte dos seres humanos?
5. Há no Universo lugares reservados para o
inferno?
Texto para leitura
As penas eternas desmentiriam a bondade de Deus
1. As tradições dos diferentes povos registram a
crença, muitas vezes intuitiva, de castigos para os maus e recompensas para os
bons, na vida de além-túmulo. Com efeito, diante da imortalidade da alma, a
razão e o sentimento de justiça nos levam a compreender que deve ser dado
tratamento diferenciado aos homens pela Justiça Divina, de conformidade com a
natureza das obras que executaram no mundo.
2. A tese da eternidade das penas reservadas
àqueles que infringem as leis do bem e do amor, tanto quanto a existência do
inferno, não resistem, contudo, a uma análise objetiva. O raciocínio lógico
conduz-nos à seguinte premissa: Se o Espírito sofre em função do mal que
praticou, sua infelicidade deve ser proporcional à falta cometida.
3. Cumpre considerar também que a condenação
perpétua não se coaduna com a ideia cristã da sublimidade da justiça e da
misericórdia divinas. Jesus deu testemunho da Bondade e do Amor de Deus, ao
afirmar que o Pai celeste não quer que pereça um só de seus filhos.
4. A razão nos leva à consideração de que Deus é,
como ensina o Espiritismo, um ser infinito em suas perfeições, pois é
filosoficamente impossível conceber o Criador de outra maneira, visto que, se
Ele não apresentasse infinita perfeição, poderíamos conceber outro ser que lhe
fosse superior. Sendo, portanto, infinitamente sábio, justo e misericordioso,
não podemos crer que tenha Ele criado pessoas para serem eternamente
desgraçadas em virtude de uma falta ou de um erro passageiro, derivado
evidentemente da própria imperfeição do homem.
Jesus revelou que Deus é um Pai misericordioso
5. A doutrina das penas eternas consubstanciada na
teologia católica surgiu das ideias primitivas que conceberam a existência de
um Criador irritável e mal-humorado – um Deus irado e vingativo, a quem o homem
atribuiu características puramente humanas.
6. O fogo eterno é uma figura de que o homem se
utilizou para materializar a ideia do inferno, de modo a ressaltar a crueldade
da pena, no pressuposto de que o fogo é o suplício mais atroz e produz o
tormento mais efetivo. Essas ideias serviram, em certo período da história da
Humanidade, para controlar as paixões de criaturas ainda imperfeitas, mas não
servem ao homem da atualidade, que nelas não consegue vislumbrar sentido
lógico.
7. Jesus valeu-se das figuras do inferno e do fogo
eterno para pôr-se ao alcance da compreensão dos homens de sua época. As imagens
fortes que utilizou eram, então, necessárias para impressionar a imaginação de
indivíduos que pouco entendiam das coisas do Espírito e cuja realidade estava
mais próxima da matéria e dos fenômenos que lhes impressionavam os sentidos
físicos. Mas foi Jesus também quem, em outras oportunidades, enfatizou a ideia
de que Deus é Pai misericordioso e bom e que, das ovelhas que o Pai lhe
confiou, nenhuma se perderia.
8. A Justiça Divina, ensina o Espiritismo,
manifesta-se na vida dos seres não para impor punições, mas com o objetivo
maior de redirecionamento da pessoa para o bem. Deus criou os Espíritos para
que progridam continuamente em conhecimento e amor. Essa evolução se produz
através de inumeráveis experiências no plano físico e no plano espiritual, e a
dor é o estímulo de que a Providência se vale para despertar os que só conhecem
tal linguagem, com vistas a impulsionar o progresso.
Não há no Universo lugares reservados para o inferno
9. A infelicidade é, portanto, consequência
natural da imperfeição do Espírito e existe em virtude de suas necessidades
evolutivas. O sofrimento não é eterno, porque o mal também não o é. À medida
que a criatura progride em amor e sabedoria, o sofrimento se atenua, e dia virá
em que a consciência mais denegrida experimentará, no íntimo, a luz radiosa da
alvorada do amor de Jesus.
10. Felicidade e infelicidade são, desse modo,
proporcionais às realizações e conquistas efetivas registradas pela criatura
humana em suas experiências evolutivas. A consciência harmonizada com a Vontade
Divina reflete o Amor Sublime e objetiva o bem. A paz interior e a felicidade
em sua plenitude são mera decorrência disso.
11. O homem em desequilíbrio interior, ao se
voltar para o mal, incorre nos mecanismos da Justiça Divina, que, por meio da
dor ou do sofrimento, o estimula ao reajuste e à reparação dos seus erros. Do
homem depende, pois, a duração do seu sofrimento. Quanto mais cedo se utilizar
do seu livre-arbítrio para progredir, mais cedo se libertará do jugo da dor.
12. No Universo não há lugares reservados para o
inferno, pois a dor, independentemente do lugar em que se manifeste, opera a
renovação do homem. Há, porém, lugares de penitência no plano invisível, em que
o sofrimento se apresenta sob diversas formas e intensidade. Mas esses lugares
não se assemelham ao inferno em sua tradicional acepção, visto que se
constituem em agrupamentos provisórios, que se extinguirão com a evolução dos
seres que os frequentam.
Respostas às questões propostas
1. A doutrina das penas eternas, constante da teologia católica, é
admitida pelo Espiritismo?
Não. A tese da eternidade das penas reservadas
àqueles que infringem as leis do bem e do amor, tanto quanto a existência do
inferno, não resistem a uma análise objetiva. O raciocínio lógico conduz-nos à
seguinte premissa: Se o Espírito sofre em função do mal que praticou, sua
infelicidade deve ser proporcional à falta cometida.
2. Qual é a principal crítica que podemos fazer, com base nas lições de
Jesus, à doutrina das penas eternas?
A principal objeção à doutrina das penas eternas
fundamenta-se no fato de que Jesus enfatizou a ideia de que Deus é Pai
misericordioso e bom e que, das ovelhas que o Pai lhe confiou, nenhuma se
perderia. Ao dar seu testemunho inequívoco da Bondade e do Amor de Deus, Jesus
dizia que o Pai celeste não quer que pereça um só de seus filhos. A condenação
perpétua não se coaduna, pois, com a ideia cristã da sublimidade da justiça e
da misericórdia divinas.
3. De que ordem de ideias surgiu a doutrina da eternidade das penas consubstanciada
na teologia católica?
A doutrina das penas eternas surgiu das ideias
primitivas que conceberam a existência de um Criador irritável e mal-humorado –
um Deus irado e vingativo, a quem o homem atribuiu características puramente
humanas.
4. Qual é a causa da infelicidade que acomete grande parte dos seres
humanos?
A infelicidade é a consequência natural da
imperfeição do Espírito e existe em virtude de suas necessidades evolutivas. O
sofrimento não é eterno, porque o mal também não o é. À medida que a criatura
progride em amor e sabedoria, o sofrimento se atenua, e dia virá em que a
consciência mais denegrida experimentará, no íntimo, a luz radiosa da alvorada
do amor de Jesus.
5. Há no Universo lugares reservados para o inferno?
Não. No Universo não há lugares reservados para o
inferno, pois a dor, independentemente do lugar em que se manifeste, opera a
renovação do homem. Há, sim, lugares de penitência no plano invisível, em que o
sofrimento se apresenta sob diversas formas e intensidade. Mas esses lugares
não se assemelham ao inferno em sua tradicional acepção, visto que se
constituem em agrupamentos provisórios, que se extinguirão com a evolução dos
seres que os frequentam.
Bibliografia:
O Céu e o Inferno, de Allan Kardec, Parte 1,
itens 2, 7, 10, 21 e 33.
O Evangelho segundo Mateus, 5:44-48 e
18:14.
O Evangelho segundo João, 6:39 e 10:16.
O Consolador, de Emmanuel, psicografado por Chico Xavier,
questão 244.
Nota:
Eis os links
que remetem aos 3 últimos textos:
Módulo 69 - https://espiritismo-seculoxxi.blogspot.com.br/2018/03/programacao-reencarnatoria-este-e-o.html
Módulo 70 - https://espiritismo-seculoxxi.blogspot.com.br/2018/03/morte-corporea-e-desencarnacao-este-e-o.html
Módulo 71 - https://espiritismo-seculoxxi.blogspot.com.br/2018/03/perturbacao-espiritual-apos-morte-este.html
Como consultar as
matérias deste blog? Se você não conhece a estrutura deste blog, clique
neste link: https://goo.gl/ZCUsF8,
e verá como utilizá-lo e os vários recursos que ele nos propicia.
|
Nenhum comentário:
Postar um comentário