Partiu, Júpiter...
JORGE LEITE DE OLIVEIRA
jojorgeleite@gmail.com
De Brasília-DF
Lemos na Revista Espírita, de Allan Kardec, que de todos os planetas do
Sistema Solar o que está em maior grau de adiantamento é Júpiter. Esse planeta,
calculado em 1.200 vezes maior do que a Terra, é considerado mundo ditoso ou feliz.
Nele não existe o mal e nem leis penais,
pois a Lei Divina está impressa na consciência de cada um. Ali, cada encarnação
tem a duração de até quinhentos anos, e a morte do corpo físico não é
acompanhada da podridão que caracteriza a degradação dos corpos na Terra. Os
elementos corporais, ali, dissolvem-se no ar sem exalarem o mau odor
característico de todo apodrecimento da carne em nosso planeta azul. A infância
é muito mais curta e menos obtusa. O desejo do bem é permanente em cada alma e
o que distingue cada uma delas é a experiência e o conhecimento, o qual não
possui limites.
Segundo informações de espírito, na
época de Kardec, o grande músico Mozart estaria reencarnado em Júpiter, assim
como o espírito que foi conhecido na Terra como São Luís e alguns outros, de
grande elevação entre nós. Certamente, muitas almas que passaram na Terra
praticamente desconhecidas, embora bondosas e humildes, e talvez por isso
mesmo, também foram promovidas a habitar em corpos mais perfeitos, no planeta
Júpiter.
Aqui na Terra, se observarmos bem,
perceberemos que já há grande quantidade de almas cuja bondade e proatividade
ultrapassa o comum dos humanos. É bem verdade que ainda há muitas pessoas de
natureza muito má. Talvez grande número delas, em breve, já não possa mais
permanecer em nosso orbe, que já caminha para o estado de mundo de regeneração.
Entretanto, como bem observou o grande médium e tribuno espírita Divaldo
Franco, em texto de autoria própria, o número de pessoas de bem é muitíssimo
superior ao das que não o são.
Vamos narrar apenas dois casos, como
exemplo de respeito ao que não é nosso e mesmo de bondade. O primeiro caso é
simples. Poderia mesmo ser considerado fruto do acaso, que nos permitiu
recuperar um bem perdido e intocado, até ser reencontrado. Após nossa corrida
de domingo no Eixão de Brasília, aberto ao público em geral aos domingos e
feriados, para caminhada, ciclismo, patinação, corrida e outras atividades
lúdicas, fizemos alguns exercícios em aparelhos públicos que o governo local
disponibiliza em todas as quadras. Depois disso, voltamos ao apartamento de
nossa residência e, ao aqui chegar, demos pela falta de nossas chaves.
Retornamos ao local dos exercícios e... Eureka! Lá estavam as chaves esperando
por nós.
O segundo caso demonstra, não somente a
preocupação com objeto alheio, mas também a disposição de ir ao encontro de
quem o esqueceu na rua, na praia, na
fazenda, ou numa casinha de sapê.... Ops! Em Brasília não há praia e essa
frase faz parte de antiga música. Mas há bastantes quadras de futebol de salão
e, numa delas, meu neto, que treina futebol à noite, esqueceu sua mochila, com
todo o material escolar, lancheira, dinheiro e celular.
Pedi ao Júnior, pai de Mateus, o meu
neto, para mandar WhatsApp para o
grupo de pais, pois estava certo de que algum deles havia visto a mochila, que
o menino, ao sair correndo da quadra, esquecera, por ter começado a chover
forte. Não deu outra: uma hora depois, o porteiro de nosso bloco
interfonou-nos... Uma jovem estava aguardando na portaria com a mochila.
Era a Srª Fernanda e seus lindos filhos,
Paula e Daniel, este, colega do Mateus.
Eles não moram tão perto de nós, pois
residem no Lago Norte e nós na Asa Norte. Nem por isso se deram por vencidos,
quando viram que o material era do amiguinho. Foram à casa de minha filha, que
ali não estava, por estar viajando e, após anotarem o endereço fornecido por
meu genro, vieram até nossa residência e fizeram questão de entregar
pessoalmente a mochila.
Em nosso encontro, a jovem Srª Fernanda
lembrou-nos, ante a carinha alegre das crianças, que ela e o filho ficaram
preocupados, pois sabiam que o Mateus faria prova no dia seguinte.
Esta e outras semelhantes são histórias
simples e belas de solidariedade, honestidade e bondade naturais que raramente
vemos na mídia. Entretanto, muitas dessas almas belas já estão preparando sua
jornada nas estrelas, como Hawking. Provavelmente, algumas delas, como
Fernanda, Fábio, seu esposo também de excelente coração, e seus filhos já
mereçam residir em Júpiter.
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