Morte corpórea e desencarnação
Este é o módulo 70 de uma série que esperamos sirva
aos neófitos como iniciação ao estudo da doutrina espírita. Cada módulo
compõe-se de duas partes: 1) questões para debate; 2) texto para leitura.
As respostas correspondentes às questões
apresentadas encontram-se no final do texto sugerido para leitura.
Questões para debate
1. O momento da morte é doloroso?
2. A desencarnação é igual para todas as pessoas?
3. A separação da alma é feita de forma gradual,
ou isso depende do tipo de morte corporal?
4. Que fatores podem influir para que o
desprendimento ocorra com maior ou menor facilidade?
5. Como é a separação da alma nos casos de
suicídio?
Texto para leitura
A desencarnação não é igual para todos
1. A certeza da vida futura não exclui as apreensões
do homem quanto à desencarnação. Há muitos que temem não propriamente a vida
futura, mas o momento da morte. Será ele doloroso? Tentando elucidar essas
questões, Kardec inquiriu os Espíritos e deles recebeu a informação de que o
corpo quase sempre sofre mais durante a vida do que no momento da morte e que
os sofrimentos que algumas vezes se experimentam no instante da morte são um
gozo para o Espírito.
2. É preciso, no entanto, que consideremos que a
desencarnação não é igual para todos e que, ao contrário, há uma variação muito
grande, tão grande quanto as diferentes formas de viver adotadas pelos
encarnados. Vendo-se a calma de alguns moribundos e as convulsões terríveis de
outros, pode-se previamente julgar que as sensações experimentadas nem sempre
são as mesmas.
3. A separação da alma é feita de forma gradual,
pois o Espírito se desprende pouco a pouco dos laços que o prendem, de forma
que as condições de encarnado ou desencarnado, no momento do desenlace, se
confundem e se tocam, sem que haja uma linha divisória entre as duas.
4. Alguns fatores podem influir para que o
desprendimento ocorra com maior ou menor facilidade, fatores que estão
relacionados com o estado moral do homem quando encarnado. A afinidade entre o
corpo e o perispírito é proporcional ao apego do indivíduo à matéria, que
atinge o seu ponto máximo no homem cujas preocupações dizem respeito
exclusivamente à vida de gozos materiais. Ao contrário disso, nas almas puras –
que antecipadamente se identificam com a vida espiritual – o apego é quase
nulo.
O desprendimento da alma jamais é brusco, mas gradual
5. Em se tratando de morte natural resultante da
extinção das forças vitais por velhice ou enfermidade, o desprendimento
opera-se suavemente. Para o homem cuja alma se desmaterializou e cujos
pensamentos se destacam das coisas terrenas, o desprendimento quase se completa
antes da morte real, ou seja, tendo o corpo ainda vida orgânica, o Espírito já
começa a penetrar a vida espiritual, apenas ligado à matéria por elo tão frágil
que se rompe com a última pancada do coração.
6. No homem materializado e sensual, que mais
viveu do corpo que do Espírito, e para quem a vida espiritual nada significa,
tudo contribui para estreitar os laços materiais e, quando a morte se aproxima,
o desprendimento, embora também se opere gradualmente, demanda contínuos
esforços. As convulsões da agonia são indícios da luta do Espírito, que às
vezes procura romper os elos resistentes, e outras vezes se agarra ao corpo, do
qual uma força irresistível o arrebata com violência, molécula por molécula.
7. O desconhecimento da vida espiritual faz com
que o Espírito se apegue à vida material, estreitando os seus horizontes e
resistindo com todas as forças, conseguindo prolongar a vida e, consequentemente,
a sua agonia, por dias, semanas ou meses. Em tais casos, a morte não implica o
fim da agonia, pois a perturbação continua e ele, sentindo que vive, sem saber
definir seu estado, sente e se ressente da doença que pôs fim aos seus dias,
permanecendo com essa impressão indefinidamente, uma vez que continua ligado à
matéria por meio de pontos de contato do perispírito com o corpo.
8. Dá-se o contrário com o homem que se
espiritualizou durante a vida. Depois da morte, nem uma só reação o afeta. Seu
despertar na vida espiritual é como quem desperta de um sono tranquilo, lépido,
para iniciar uma nova fase de sua vida.
No suicídio, a separação da alma é bastante dolorosa
9. Nas mortes violentas, como nos acidentes,
nenhuma desagregação teve início antes da separação do perispírito. Nesse caso,
o desprendimento só começa depois da morte e seu término não ocorre
rapidamente. O Espírito fica aturdido, não compreende o seu estado,
permanecendo na ilusão de que vive materialmente por período mais ou menos
longo, conforme o seu nível de espiritualização.
10. Nos casos de suicídio, a separação da alma é
extremamente dolorosa. Constituindo o suicídio um atentado contra a vida, o sofrimento
quase sempre permanece por período igual ao tempo em que o Espírito deveria
estar encarnado. Além disso, as dores da lesão física provocada repercutem no
Espírito. A decomposição do corpo e sua destruição pelos vermes são sentidas em
detalhes pelo Espírito desencarnado, conquanto tal fato não constitua regra
geral. Há ademais o remorso, gerando sofrimento moral para aquele que decidiu
desertar da vida.
11. O espírita sério, adverte-nos Kardec, não se
limita a crer, porque compreende, e compreende, porque raciocina. A vida futura
é para ele uma realidade que se desenrola incessantemente aos seus olhos, uma
realidade que ele toca e vê a cada passo e de tal modo que a dúvida não pode
ter guarida em sua alma. A existência corporal, tão limitada, amesquinha-se
diante da vida espiritual. Que lhe importam os incidentes da jornada, se
compreende a causa e a utilidade das vicissitudes humanas quando suportadas com
resignação?
12. A alma se eleva então em suas relações com o
mundo visível; os laços fluídicos que o ligam à matéria enfraquecem-se,
operando por antecipação um desprendimento parcial que facilita a passagem para
a outra vida. A perturbação consequente à transição pouco perdura, porque, uma
vez franqueado o passo, para logo se reconhece, nada estranhando, mas antes
compreendendo sua nova situação.
Respostas às questões propostas
1. O momento da morte é doloroso?
A respeito do assunto, Kardec recebeu dos
Espíritos a informação de que o corpo quase sempre sofre mais durante a vida do
que no momento da morte e que os sofrimentos que algumas vezes se experimentam
no instante da morte são um gozo para o Espírito.
2. A desencarnação é igual para todas as pessoas?
Não. Ao contrário, há uma variação muito grande,
tão grande quanto as diferentes formas de viver adotadas pelos encarnados.
3. A separação da alma é feita de forma gradual, ou isso depende do
tipo de morte corporal?
A separação da alma é feita de forma gradual, pois
o Espírito se desprende pouco a pouco dos laços que o prendem, de forma que as
condições de encarnado ou desencarnado, no momento do desenlace, se confundem e
se tocam, sem que haja uma linha divisória entre as duas.
4. Que fatores podem influir para que o desprendimento ocorra com maior
ou menor facilidade?
A desmaterialização da alma é um desses fatores.
Na morte de uma pessoa que se espiritualizou durante a vida e cujos pensamentos
se destacam das coisas terrenas, o desprendimento quase se completa antes da
morte real, ou seja, tendo o corpo ainda vida orgânica, o Espírito já começa a
penetrar a vida espiritual, apenas ligado à matéria por elo tão frágil que se
rompe com a última pancada do coração. E seu despertar na vida espiritual é
como quem desperta de um sono tranquilo, lépido, para iniciar uma nova fase de
sua vida.
5. Como é a separação da alma nos casos de suicídio?
Nos casos de suicídio, a separação da alma é
extremamente dolorosa. Constituindo o suicídio um atentado contra a vida, o
sofrimento quase sempre permanece por período igual ao tempo em que o Espírito
deveria estar encarnado. Além disso, as dores da lesão física provocada
repercutem no Espírito. A decomposição do corpo e sua destruição pelos vermes
são sentidas em detalhes pelo Espírito desencarnado, conquanto tal fato não
constitua regra geral.
Bibliografia:
O Livro dos Espíritos, de Allan
Kardec, itens 154 e 155.
O Céu e o Inferno, de Allan Kardec, Parte 1,
itens 2, 8, 9 e 14.
Nota:
Eis os links
que remetem aos 3 últimos textos:
Módulo 67 - https://espiritismo-seculoxxi.blogspot.com.br/2018/02/ocupacoes-e-missoes-dos-espiritos-este.html
Módulo 68 - https://espiritismo-seculoxxi.blogspot.com.br/2018/02/simpatias-e-antipatias-espirituais-este.html
Módulo 69 - https://espiritismo-seculoxxi.blogspot.com.br/2018/03/programacao-reencarnatoria-este-e-o.html
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