A simplicidade volta a ser valiosa
CÍNTHIA CORTEGOSO
cinthiacortegoso@gmail.com
De Londrina-PR
Dia
desses, recordei-me do que alguém, em sua sabedoria vivida, falou sorrindo: “É
sempre vantagem viver mais, mesmo que no tempo mais avançado, as coisas
inteiramente simples tornam-se bem mais desafiadoras”.
Recordei-me
porque numa noite no supermercado – em meio à procura do que se precisa, de um
preço mais adocicado e no menor tempo possível −, um pouco compenetrada na
compra, mas ainda assim, vi passar um senhor aparentando uns noventa anos. Ele
caminhava apoiado em um andador com rodinhas e guidão, no qual o senhor
segurava e vagarosamente poderia seguir pelos amplos e longos corredores.
Parei de
escolher os tomates para molho e fui seguindo com o olhar aquele vagaroso
senhor; seu filho o acompanhava, porém não tão de perto – digo filho, pois ele
deveria ser agora a cópia do pai quando mais jovem. Aquele momento de
independência do senhor, penso que lhe fazia muito bem já que uma simples coisa
realizada em algum tempo difícil passa a chamar-se conquista.
O senhor
se foi e não pude mais acompanhá-lo de onde eu estava. Voltei a escolher os
tomates e peguei o que precisava para a semana. Certa reflexão sobre o tempo
foi inevitável.
Dirigi-me
ao caixa – procurei atenta o de menor fila – e sem perceber estava ao lado do
caixa no qual o senhor com o andador de rodinhas, seu filho e a provável esposa
do senhor – vi só agora e parecia pouca coisa mais jovem, e muito disposta, no
entanto, a probabilidade maior veio quando observei o mesmo desenho de aliança
no dedo anular da mão esquerda tanto do senhor quanto da mulher – já estavam
passando a compra.
Outra
vez, o senhor prendeu-me a atenção. Era quase a minha vez no caixa e eu
continuava atenta ao senhor que, àquele momento, com tanto cuidado e carinho,
após registrar, colocou um pacote grande de salgadinho em cima de seu amparador
de rodinhas. Aquele pacote era-lhe tão importante. Pagaram a conta e o
menino-senhor foi para casa, talvez durante um programa ou filme preferido
comesse o salgadinho em frente à TV.
O curso
do tempo é felizmente inevitável, já que a vida é dinâmica. O que importará é
como se vive, pois a partir daí serão os dias futuros.
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