Ressurreição e reencarnação: em que se distinguem?
É grande a diferença entre um termo e
outro, embora no passado o vocábulo ressurreição tenha sido utilizado para
significar tanto a ressurreição propriamente dita quanto a reencarnação ou
palingenesia.
O vocábulo reencarnação não existia, mas
seu conceito fazia parte dos dogmas dos judeus sob o nome de ressurreição. Apenas
os saduceus, seita judia formada por Sadoc por volta do ano 248 a.C., cuja
crença era a de que tudo acabava com a morte, não acreditavam nisso.
Os judeus que partilhavam outras
crenças acreditavam firmemente que um homem que vivera podia reviver, sem
saberem precisamente de que maneira o fato poderia dar-se.
Exemplo disso podemos colher nesta
passagem do Evangelho segundo Mateus:
E, chegando Jesus às partes de Cesareia
de Filipe, interrogou os seus discípulos, dizendo: Quem dizem os homens ser o
Filho do homem? E eles disseram: Uns, João o Batista; outros, Elias; e
outros, Jeremias, ou um dos profetas. Mateus 16:13-14
Designavam com o vocábulo ressurreição
o que o Espiritismo chama de reencarnação.
Ressurreição diz respeito ao corpo de
alguém que morreu. A palavra pode assim aplicar-se a Lázaro e à filha de Jairo,
mas não a Elias, nem aos outros profetas que viveram na Terra muitos séculos
antes do advento de Jesus.
Se é possível a ressurreição nas
chamadas mortes aparentes, que é certamente o que ocorreu com Lázaro,
ressuscitar um corpo que já se acha com seus elementos dispersos ou absorvidos
é cientificamente impossível.
Reencarnação é outra coisa. É a volta
do Espírito à vida corpórea, mas em outro corpo formado especialmente para ele
e que nada tem de comum com o antigo.
Quando Jesus disse a Nicodemos: “Em
verdade, em verdade, te digo: Ninguém pode ver o reino de Deus se não nascer de
novo”, ante a estranheza do senador dos judeus que não entendia como tal
situação poderia ocorrer, Jesus replicou como que surpreendido: “Como pode isso
fazer-se? Pois quê! és mestre em Israel e ignoras estas coisas? Digo-te em
verdade que não dizemos senão o que sabemos e que não damos testemunho, senão
do que temos visto. Entretanto, não aceitas o nosso testemunho. Mas, se não
credes, quando vos falo das coisas da Terra, como me crereis, quando vos falo
das coisas do céu?” (João, 3:1 a 12.)
Quando – de acordo com Mateus 17:10-13
- Jesus disse que Elias já viera e, em seguida, explicou que ele e João Batista
eram a mesma pessoa, ele estava referindo-se não à ressurreição, mas à
reencarnação de Elias, visto que o grande profeta vivera vários séculos antes
do Cristo e que João, primo de Jesus, fora visto em criança.
A reencarnação constitui um dos
princípios fundamentais do Espiritismo, que a apresenta como um dos fatores
indispensáveis ao progresso dos Espíritos.
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