segunda-feira, 9 de agosto de 2021

 



Painéis da Obsessão

 

Manoel Philomeno de Miranda

 

Parte 8

 

Prosseguimos neste espaço o estudo – sob a forma dialogada – do livro Painéis da Obsessão, de Manoel Philomeno de Miranda, obra psicografada por Divaldo P. Franco. Este estudo é publicado neste blog sempre às segundas-feiras.

Eis as questões de hoje:

 

57. É perigosa a obsessão que passa quase despercebida?

Sim. É perigosa porque se instala vagarosa e firmemente nos painéis mentais, estabelecendo comportamentos equivocados com aparência respeitável. Esse tipo de perturbação é mais difícil de ser erradicada, pelo fato de o paciente negar sua condição de enfermo e até, muitas vezes, de comprazer-se nela, porque o narcisismo a que se entrega converte-se em autofascinação por valores que se atribui e que está longe de possuir, o que anula qualquer contribuição que lhe é oferecida. (Painéis da Obsessão, cap. 24, pp. 186 e 187.)

58. Na terapia desobsessiva devemos cuidar também do desencarnado, tanto quanto cuidamos de sua vítima?

Sim. Na terapia desobsessiva devemos cuidar do encarnado e do desencarnado. Nunca será demais repetir que, em todo processo obsessivo, a vítima de hoje é o algoz de ontem, transferido no tempo, sendo a dívida a razão do mecanismo perturbador. Aquele que foi dilapidado imanta-se ao infrator que o infelicitou e assume a posição de cobrador ou justiceiro, com o que incide em erro não menor. Enquanto o amor não luz no defraudado, ante a mudança de comportamento do seu adversário, o problema permanece. O trabalho não consiste, pois, em simplesmente afastar a Entidade obsessora, mas ampará-la e esclarecê-la. (Obra citada, cap. 24, pp. 187 a 190.)

59. Há pacientes para os quais a melhor terapia é a permanência da doença?

Sim. Obsidiados ou não, existem pacientes para os quais, graças à sua rebeldia sistemática e teimosa acomodação nas disposições inferiores, a melhor terapia é a permanência da doença, que os poupará de males maiores. No campo das obsessões não são poucos os que, logo que se melhoram, abandonam o trabalho, para retornarem aos hábitos vulgares em que se compraziam. Logo que passe o sofrimento, a ilusão substitui a realidade, a volúpia do prazer estiola os desejos de servir e a pessoa cai na indiferença, quando não ocorrem males piores. (Obra citada, cap. 24, pp. 190 e 191.)

60. Qual é, na essência, a função do Espiritismo? 

A função do Espiritismo é, essencialmente, a de iluminar a consciência, com a consequente orientação do comportamento, armando o aprendiz com os recursos que o capacitem a vencer-se, superando as paixões selvagens e sublimando as tendências inferiores, com o que se elevará. Na terapia desobsessiva, portanto, o contributo do enfermo é de vital importância, porque serão seus pensamentos e atos que responderão pela sua transformação moral, para recuperar-se dos males praticados e repará-los. A evangelização do Espírito desencarnado é fundamental, mas igualmente o é a da criatura que se emaranhou na delinquência e ainda não se recuperou do delito praticado. (Obra citada, cap. 24, pp. 190 e 191.)

61. No atendimento a nós encarnados, até que ponto pode ir a ação dos Benfeitores espirituais? 

Os Benfeitores, como se sabe, auxiliam e esclarecem, mas não poupam ninguém aos compromissos próprios de elevação, às tarefas reparadoras, aos deveres imediatos. Eles inspiram, consolam, suavizam as asperezas da marcha; no entanto, cada qual terá que caminhar com os próprios pés. (Obra citada, cap. 24 e 25, pp. 191 a 193.)

62. Podemos afirmar, sem medo de errar, que cada pessoa sempre responderá na vida pelos seus atos?

Sim. Cada pessoa responderá sempre pelos seus atos e – além disso – respirará no clima da paisagem que elegeu e na qual se compraz. É por isso que causava justa preocupação a atitude irrefletida de Argos, que não fazia a parte que lhe cabia no processo de cura. Qual seria a melhor atitude a fim de melhor auxiliá-lo? Respondendo a essa pergunta, Irmã Angélica explicou que Deus não abandona a nenhum filho e que as leis de equilíbrio por Ele estabelecidas funcionam com perfeição e com igualdade para todos. Não há preferências nem privilégios em face das leis do Pai. Desse modo, o tempo nos traz, no momento próprio, o auxílio específico para a solução de todas as dificuldades, e a dor funciona com mestria, ensinando a conduta mais compatível com o objetivo de alcançar a paz. No caso de Argos, a providência socorrista resultaria de sua própria conduta. "Quem desce ao paul – explicou Irmã Angélica – vive a condição ali existente, da mesma forma que ocorre com aquele que alcança o planalto...”. (Obra citada, cap. 25, pp. 198 e 199.)

63. Por que, no curso da vida, a humildade constitui um fator importante?

A razão disso é simples. A vivência da humildade equilibra e sustenta o homem na manutenção dos ideais superiores que abraça, auxiliando-o a vencer-se nas más inclinações e a superar quaisquer obstáculos. Colaborando na realização de autênticas autoavaliações, a humildade permite que a criatura se conscientize de suas limitações e necessidades, emulando-a à superação. A crítica mordaz não a alcança, o elogio vulgar não a fere, a discriminação infeliz não a atinge, a perseguição não a desanima, a tentação não a perturba, se se impuser a condição da humildade, porque, conselheira lúcida, ela lhe apontará o caminho seguro a percorrer. Ao mesmo tempo, em razão de lhe dar a medida do que é e o de que realmente necessita para a vitória, concita a pessoa à oração, despindo-se assim dos atavios inúteis, para apresentar-se ao Senhor como realmente é, colocando-se à disposição da sua superior vontade. Nesse clima, estabelece-se a paz íntima, e a confiança, despojada da presunção, emula à insistência na ação edificante com que cresce, emocional e espiritualmente, tornando-se instrumento infatigável do Bem. (Obra citada, cap. 25, pp. 201 a 203.)

64. Que efeito produz na pessoa a lapidação de suas arestas morais negativas?

A lapidação das arestas morais negativas cria defesas que impedem a instalação dos plugs obsessivos, produzindo satisfações indescritíveis, que levam à perseverança no esforço iluminativo, sem o qual ninguém alcança a saúde integral. Nos processos obsessivos de qualquer natureza, as conquistas morais do paciente são-lhe o salvo-conduto para o trânsito sem problemas durante a sua vilegiatura carnal. Liberado da constrição afligente, começa o período de recuperação dos débitos passados, mediante outras provações e testemunhos que lhe aferirão as novas disposições abrigadas n’alma. A dor-conquista segue-se à dor-resgate, mediante a qual o Espírito se supera, autodoando-se em favor dos semelhantes e contribuindo para a mudança da paisagem sofrida do planeta. (Obra citada, cap. 25, pp. 204 e 205.)

 

 

Observação:

Para acessar a parte 7 deste estudo, publicada na semana passada, clique aqui: https://espiritismo-seculoxxi.blogspot.com/2021/08/paineis-da-obsessao-manoel-philomeno-de.html

 

 

  

 

 

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3 comentários:

  1. Bom dia, fiquei com uma dúvida, como distinguir a obsessão de uma doença mental, como transtorno bipolar ou esquisofrenia?

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  2. Segundo médicos psiquiatras espíritas, só examinando o caso e todas as suas minúcias será possível dizer se é um caso de obsessão ou um caso de doença como esquizofrenia, transtorno bipolar ou qualquer outro. O motivo é que quando ocorre o surto, todos eles são muito parecidos. Assim é que muitos chamados loucos e assim internados eram apenas pessoas obsidiadas, enquanto que pessoas que achamos estarem sob influência espiritual (de um obsessor, como se diz popularmente) são na verdade doentes que precisam de tratamento psiquiátrico, e não apenas de passes espirituais.

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  3. Muito obrigada pela resposta. Foi esclarecedora.

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