A violência que nos assola e seu antídoto
ASTOLFO
O. DE OLIVEIRA FILHO
aoofilho@gmail.com
De
Londrina-PR
Não
passa uma semana sem que a imprensa noticie um novo episódio dessa verdadeira
guerra que se registra nas grandes cidades, particularmente no Rio de Janeiro,
entre policiais e traficantes, com todas as consequências funestas que não
poupam ninguém, especialmente as crianças.
Haverá
um antídoto para tal estado de coisas?
É
evidente que para tudo existe um antídoto. Uns têm efeito imediato, outros só
produzem resultado a longo prazo.
No
caso do tráfico de drogas, a causa central da violência a que nos referimos, dois
são os aspectos a considerar.
De
um lado estão os que vivem do tráfico e o entendem como um negócio, embora
tenham consciência de que se trata de uma atividade ilegal.
Muitas
pessoas pensam, ingenuamente, que a liberação das drogas acabaria com o
tráfico e, por extensão, com a violência a ele pertinente. Ocorre que liberar o
comércio das drogas ilícitas é o mesmo que eliminar a vigilância das
autoridades sanitárias com relação aos medicamentos. Ora, quando um remédio é
vendido numa farmácia, todos nós esperamos que sua composição e seus efeitos
sejam do conhecimento da autoridade que o liberou. Se ele fosse nocivo à saúde,
certamente não teria conseguido permissão para ser industrializado e vendido à
população.
Assim
se dá com as chamadas drogas ilícitas, cujos efeitos danosos são por demais
conhecidos, e é por isso, precisamente por isso, que não devem ser
comercializadas.
É
preciso, portanto, quanto aos que se valem do tráfico, a necessária repressão,
porque os traficantes não podem prevalecer-se da fragilidade dos que lutam
contra a dependência química para fazer disso uma fonte de renda, fonte essa
condenável sob todos os aspectos pelos quais se considere a questão.
Do
outro lado estão os que adquirem o produto, movidos por uma compulsão em que é
evidente não apenas determinada enfermidade catalogável nos manuais de
medicina, mas também uma notória influenciação de natureza espiritual.
Aplica-se
à dependência química o que Herculano Pires e outros autores, como André Luiz e
Cornélio Pires, escreveram a respeito do alcoolismo. O alcoólatra não consome
sozinho, como pensa, o álcool que o destruirá. O vampirismo espiritual é um
fato conhecido e esmiuçado pelos estudiosos do Espiritismo.
É
preciso, pois, tratar os dependentes, da mesma forma como procuramos tratar os
enfermos em geral, associando, porém, nesse tratamento, aos medicamentos
convencionais, a chamada medicina espiritual conjugada com os recursos
educativos.
Emmanuel
escreveu certa vez que somente a educação conseguirá mudar a face do mundo em
que vivemos. É por isso que existe a infância, esse período indispensável à
reeducação dos seres que, havendo vivido por aqui, estão de volta ao cenário
terrestre.
É
importante, porém, lembrar que a verdadeira educação tem por fim levar o
indivíduo à perfeição e que essa caminhada rumo à perfeição requer algo mais
além da simples instrução formal, ou seja, o desenvolvimento do sentimento e da
sabedoria.
Sobre
esse tema, escreveu Emmanuel:
“O
sentimento e a sabedoria são as duas asas com que a alma se elevará para a
perfeição infinita. No círculo acanhado do orbe terrestre, ambos são
classificados como adiantamento moral e adiantamento intelectual, mas, como
estamos examinando os valores propriamente do mundo, em particular, devemos
reconhecer que ambos são imprescindíveis ao progresso, sendo justo, porém,
considerar a superioridade do primeiro sobre o segundo, porquanto a parte
intelectual sem a moral pode oferecer numerosas perspectivas de queda, na
repetição das experiências, enquanto que o avanço moral jamais será excessivo,
representando o núcleo mais importante das energias evolutivas.” (O Consolador, questão n. 204.)
A
educação assim considerada nos ensinará a conviver com o próximo, aceitando-o
tal qual é, com seus defeitos e imperfeições, sem a pretensão de corrigi-lo,
porque o verdadeiro cristão inspira seu semelhante com bondade para que ele
mesmo desperte e mude de conduta de moto próprio.
Diz
Joanna de Ângelis que, ao descer das regiões felizes ao vale das aflições para
nos ajudar, Jesus mostrou-nos como devem agir os que se dizem cristãos. E
evocando o exemplo do Cristo, a mentora de Divaldo P. Franco recomenda (Leis Morais da Vida, cap. 31):
“Atesta
a tua confiança no Senhor e a excelência da tua fé mediante a convivência com
os irmãos mais inditosos que tu mesmo.
Sê-lhes
a lâmpada acesa a clarificar-lhes a marcha.
Nada
esperes dos outros. Sê tu quem ajuda, desculpa, compreende.
Se
eles te enganam ou te traem, se te censuram ou te exigem o que te não dão,
ama-os mais, sofre-os mais, porquanto são mais carecentes de socorro e amor do
que supões.
Se
conseguires conviver pacificamente com os amigos difíceis e fazê-los
companheiros, terás logrado êxito, porquanto Jesus em teu coração estará sempre
refletido no trato, no intercâmbio social com os que te buscam e com os quais
ascendes na direção de Deus.”
Se
os que tentam livrar-se da dependência química tiverem o apoio citado por
Joanna, em lugar da condenação e do desprezo alheio, é evidente que poderão,
sim, reerguer-se e voltar a ter uma vida normal, de que há inúmeros exemplos na
sociedade terrena.
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