Loucura e Obsessão
Manoel Philomeno de Miranda
Parte 6
Damos prosseguimento neste espaço ao estudo metódico e sequencial do livro Loucura Obsessão, sexta obra de Manoel Philomeno de Miranda, psicografada por Divaldo P. Franco e publicada em 1988. Este estudo será publicado neste blog sempre às segundas-feiras.
Eis as questões de hoje:
41. Como podemos defender-nos das práticas que determinados
Espíritos utilizam para prejudicar o próximo?
A essa pergunta, Dr.
Bezerra de Menezes assim respondeu: “A inteireza moral é uma defesa para
qualquer tipo de agressão, difícil de atingida; a conduta digna irradia forças
contrárias às investidas perniciosas; o hábito da prece e da mentalização
edificante aureola o ser de força repelente que dilui as energias de baixo teor
vibratório; a prática do bem fortalece os centros vitais do perispírito que
rechaça, mediante a exteriorização de suas moléculas, qualquer petardo portador
de carga danosa; o conhecimento das leis da Vida reveste o homem de paz,
levando-o a pensar nas questões superiores sem campo de sintonia para com as
ondas carregadas de paixão e vulgaridade”. (Loucura
e Obsessão, cap. 10, pp. 121 a 123.)
42. É um equívoco informar bruscamente ao desencarnado sua
situação espiritual?
Sim. É
contraproducente agir dessa maneira, bruscamente, sem dar tempo mental ao Espírito
para aceitar a ideia ou concluir, ele mesmo, pela sua ocorrência. (Obra citada,
cap. 10, pp. 123 e 124.)
43. Como tratar as pessoas que se creem enfeitiçadas?
Segundo Dr. Bezerra
de Menezes, é preciso primeiro infundir-lhes confiança em Deus e em si mesmas,
demonstrando-lhes que elas assim se encontram porque o querem – uma vez que
somente delas depende a libertação –, induzindo-as, desse modo, à renovação mental
e moral, com a consequente alteração de sua conduta para melhor. Além disso,
deve-se esclarecê-las a respeito da lei de ação e reação, demonstrando que
sofremos porque devemos e que sua recuperação exigir-lhes-á correspondente
esforço ao nível da gravidade em que se encontram. Por fim, é importante
encaminhá-las ao estudo do Espiritismo, que as auxiliará no trabalho de
libertação espiritual, armando-as de valores para enfrentamento das futuras
lutas evolutivas. (Obra citada, cap. 10, pp. 124 a 127.)
44. A cor branca usada pelos médiuns exercem alguma
influência na prática mediúnica?
Dr. Bezerra de
Menezes diz que, segundo algumas tradições e em determinados povos, o branco é
símbolo de pureza, mas, embora seja um tom mais higiênico e absorva menos raios
caloríferos, nenhuma influência vibratória exerce em relação aos Espíritos,
que, na verdade, sintonizam com as emanações da mente, as irradiações da
conduta. Se o uso da cor branca tivesse fundamento, seria cômodo para os maus e
astutos manterem a sua conduta interior irregular, bastando-lhes ostentar
trajes alvinitentes. “Os judeus – afirmou Dr. Bezerra – eram muito formais e
cuidavam em demasia da aparência, sendo por Jesus reprochados com severidade,
por Ele considerar mais importante a pureza interna do que a convencional, a
exterior, de muito fácil apresentação, em detrimento daquela, mais difícil e
respeitável. A vida íntima do homem oferece-lhe a credencial com que marcha em
qualquer direção, caracterizando-lhe a individualidade eterna.” (Obra citada,
cap. 10, pp. 127 a 129.)
45. No plano espiritual a escala de valores morais é levada
em consideração?
Sim. A escala de
valores morais é, no plano espiritual, muito considerada, não ocorrendo, como
entre os homens, a burla ao mérito, o suborno ou a infração ante os direitos
adquiridos a nobres esforços. A ação correta se desdobra através de meios
certos, sem conexões viciosas ou desvirtuamento da finalidade. (Obra citada,
cap. 11, pp. 130 a 132.)
46. Em que consiste o chamado choque anímico?
No atendimento às
entidades mais endurecidas, era-lhes aplicado, antes de outras providências, o
chamado choque anímico. Eis a explicação dada por Emerenciana, dirigente
espiritual do atendimento: “Da mesma forma que, na terapia do eletrochoque,
aplicada a pacientes mentais, os Espíritos que se lhes imantam recebem a carga
de eletricidade, deslocando-se com certa violência dos seus hospedeiros, aqui o
aplicamos, através da psicofonia atormentada, que preferimos utilizar com o
nome de incorporação, por parecer-nos mais compatível com o tipo de tratamento
empregado, e colhemos resultados equivalentes”. A Mentora esclareceu que, do
mesmo modo que o médium, pelo perispírito, absorve as energias dos comunicantes
espirituais, a recíproca é verdadeira. “Trazido o Espírito rebelde ou malfazejo
ao fenômeno da incorporação – prosseguiu Emerenciana –, o perispírito do médium
transmite-lhe alta carga fluídica animal, chamemo-la assim, que bem comandada
aturde-o, fá-lo quebrar algemas e mudar a maneira de pensar... E não se trata
de violência, como a pessoas precipitadas pode parecer. É um expediente de
emergência para os auxiliar, pois que os nossos propósitos não são os de
socorrer apenas as criaturas humanas, sem preocupação com os seus acompanhantes
espirituais.” (Obra citada, cap. 11, pp. 134 e 135.)
47. Na libertação de José Manuel – Espírito de um ex-escravo
que se comportava como um Exu(1) – qual foi o método utilizado?
Primeiramente
usou-se o choque anímico por intermédio da incorporação mediúnica. Quando a incorporação
se fez, a união fluídica era de tal forma que parecia ter havido uma quase
fusão, ser-a-ser, que se harmonizavam. O rosto pálido da médium adquiriu um tom
vermelho-escuro, consequência da aceleração sanguínea, e uma transfiguração
modelou-lhe um quase símile do comunicante. Seguiu-se depois o diálogo entre o
Espírito e Emerenciana, que, além de dialogar com a entidade no mesmo dialeto
por ele usado, girou a médium repetidas vezes, como se a desenovelasse de
ataduras fortes que a cobriam, depois parou-a de chofre, aplicando-lhe
movimentos longitudinais e impondo-lhe sua vontade firme. Os ritmos e a
cantoria aumentaram e fizeram-se ensurdecedores. “Volte ao normal! Você é
Espírito criado por Deus. É vivente com um destino para o bem”, ordenou-lhe a
Mentora. “Desnude-se e saia dessa situação. José Manuel foi o seu nome no eito
do senhor branco. José Manuel é você. Ouça e acorde!” Em seguida, trouxeram-lhe
um incensador que foi movimentado em torno do Espírito, que aspirava o fumo
aromatizado e mais se agitava. “Agora, volte! Acorde, José Manuel!”, insistiu
Emerenciana. A face espiritual do obsessor passou a sofrer, nesse momento, uma
metamorfose e, como se fosse plasmada em cera, ora aquecida, começou a
desfazer-se, ao mesmo tempo em que a alegoria que o vestia, gerada pelas
imposições ideoplásticas, passou a experimentar a mesma transformação,
permitindo que surgisse um homem de trinta anos, cansado prematuramente, com
marcas de chicote no rosto e nas costas, recordando os suplícios que lhe foram
infligidos. Despertando e desembaraçando-se da constrição que prosseguia
padecendo, ele pôs-se a chorar, em ímpar desesperação agônica, a todos
confrangendo. A Benfeitora abraçou-o, depois segurou-o pelas mãos e disse:
“Lembre-se de Jesus, crucificado sem culpa. Ele voltou e jamais acusou; sequer
perguntou qualquer coisa ao negador, ou referiu-se ao amigo traidor... Pense em
Jesus e perdoe. Você será feliz e tudo ficará esquecido. Cante, agora cante a
sua vitória”. (Obra citada, cap. 11, pp. 138 a 140.)
48. Por que Deus permite a existência de redutos e antros do
mal, construídos por Espíritos inferiores?
Segundo irmã
Emerenciana, Deus permite a existência dos redutos e antros do mal, construídos
pelos Espíritos inferiores, porque eles mesmos ainda necessitam desses
aguilhões para despertar. O amor gera o amor, e a agressão produz resposta
equivalente. Há Entidades que se encarregam de métodos superiores e sutis, em
nome do Amor. Há, contudo, aqueles mais rigorosos, igualmente inspirados pelo
Amor para colimar os fins da felicidade. “A joia esplende na montra(2) luxuosa,
em estojo de veludo, porque alguém a desentranhou do barro sujo e do
revestimento grosseiro que lhe impedia o brilho. Foi a golpes fortes que lhe
prepararam o campo para os detalhes finais, facultando-lhe a explosão de
beleza... Façamos o melhor ao nosso alcance, onde fomos colocados pela Vida, e
aí teremos realizado o dever, respondendo presente, quando formos chamados à
luta.” (Obra citada, cap. 11, pp. 140 e 141.)
Notas explicativas:
1) Exu – Orixá que representa as potências contrárias ao
homem, assimilado pelos afro-baianos ao demônio dos católicos, mas cultuado por
eles, porque o temem. Dá-se o nome de exuantropia à metamorfose de um Espírito
em um Exu, por processos ideoplásticos.
2) Montra – Vitrine de casa comercial.
Observação:
Para acessar a Parte 5 deste estudo, publicada na semana
passada, clique aqui: https://espiritismo-seculoxxi.blogspot.com/2021/12/blog-post_13.html
Como
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