Os mortos nos falam
Padre François Brune
Parte 9
Continuamos o estudo metódico e sequencial do livro Os mortos nos falam, de autoria do padre François Brune. O estudo baseia-se na primeira edição em português desta obra, publicada pela Edicel em 1991.
Embora este livro não seja,
propriamente falando, um clássico espírita, trata-se de uma ótima contribuição
de publicação recente que confirma a realidade das manifestações dos chamados
mortos.
Cada parte do estudo compõe-se de:
a) questões preliminares;
b) texto para leitura.
As respostas às questões propostas
encontram-se no final do texto abaixo.
Questões preliminares
A. Que disse Pierre Monnier sobre Satanás?
B. É verdade que a influência negativa dos Espíritos
infelizes foi demonstrada pelo psiquiatra americano Carl Wickland?
C. A respeito do exorcismo, que diz o padre François Brune?
Texto para
leitura
105. Desmitificando a figura de
Satanás, Pierre Monnier asseverou: “Satã não pode ser uma pessoa, mas sim uma
acumulação de energia do mal dotada de consciência. É um centro de
desagregação, de destruição, um ventre inteligente”. Mais adiante, após afirmar
que os homens o criam, que ele não tem vida concreta, Pierre acrescenta:
“Somente Deus vive. Satã tem vida efêmera que os homens podem aniquilar em um
instante, desde que queiram pensar no pensamento de Deus. O mal não durará para
sempre, enquanto Deus existirá eternamente...” (PP. 184 e 185)
106. Padre Brune defende,
estranhamente, a ideia de que existem anjos caídos, ou seja, seres espirituais
que nunca encarnaram, nem na Terra, nem em outro planeta e que, valendo-se de
sua liberdade, escolheram a revolta contra Deus, isto é, a recusa do amor.
(N.R.: Essa tese é repelida formalmente pela Doutrina Espírita.) (P. 185)
107. Paqui Lamarque, morta em
Arcachon, em 1925, escreveu por intermédio da Sra. Yvonne Godefroy seis mil
páginas de comunicações diversas em que, entre outros temas, confirma a
importância do pensamento em nossa vida. Diz ela: “Todos os pensamentos, bons
ou maus, formam ondas que vão soltas pelo espaço. Segundo sua natureza, elas se
encontram, unem-se e constituem legiões que se enfrentam umas às outras. Como
em todas as batalhas, o fim do confronto depende do mais forte. Se o elemento
mau triunfa sobre o elemento bom, é o mal que recai sobre a terra. Ao
contrário, se é a força benfazeja, a felicidade e a paz descem sobre os
homens”. (PP. 186 e 187)
108. Examinando a questão do inferno e
do paraíso, padre Brune diz que toda uma grande tradição, na Bíblia e também em
teólogos do Oriente, em místicos do Ocidente e, por fim, em vários teólogos
contemporâneos, interpreta o Inferno, o Purgatório e o Paraíso como sendo, em
última análise, o modo como cada um sentiria Deus, tendo antes recusado ou aceitado
amar como Deus, que seria, ao mesmo tempo, Inferno, Purgatório ou Paraíso para
cada um, segundo o nível espiritual que tivesse atingido. (P. 189)
109. Numerosos são hoje os físicos que
acreditam que uma certa forma de consciência e mesmo de liberdade está presente
já nos níveis mais ínfimos da matéria, e um bom número de cientistas começa a
conceber que, sob os fenômenos físicos ou psíquicos, encontra-se uma espécie de
campo de forças não diferenciado, de onde surgem – numa espécie de interação íntima
– formas e consciências. (P. 189)
110. O Deus da Bíblia – afirma padre
Brune –, já no Antigo Testamento e depois no Novo, e em toda a tradição cristã
oriental, ou nos místicos do Ocidente, é essencialmente dinâmico. Ele lança,
sem parar, energias que produzem e mantêm este campo de forças. Nossa
consciência, reagindo neste campo de forças, molda-o segundo suas angústias,
seus desejos, seus ódios. Aquele que se fecha para o amor, fonte de todas as
energias, encontra-se nas trevas, entregue a seus pesadelos. Aquele que se abre
para o Amor encontra-se na luz, transfigurado por estas energias. (PP. 189 e
190)
111. Jesus afirmou: “O Reino de Deus
está dentro de vós”. Os chamamentos à conversão não são, portanto, uma forma de
pregar a moral, mas servem para tornar-nos atentos às leis da evolução. Os
caminhos de purificação que não tiverem sido percorridos aqui na Terra, serão
percorridos na vida futura. É o que afirma Roland de Jouvenel. (P. 190)
112. Capítulo VII - O exílio nos mundos da infelicidade – No Além,
ensina padre Brune, existem vários níveis de consciência. Inicialmente, há o
nível daqueles que sequer veem a luz. Perdendo-a, parecem perder contato com os
outros homens. Quem se afasta de Deus afasta-se de seus irmãos. (P. 193)
113. De acordo com a lei natural,
segundo a qual cada um cria, por projeção, seu próprio ambiente, quem não crê
em nada, quem só crê no nada, encontra-se no nada. Entregues a si mesmos,
deixados no nível espiritual que lhes é próprio, encontram-se esses seres na
escuridão e na solidão, incapazes até mesmo de perceberem a presença de mortos
que os amaram e que vêm ajudá-los. Brune cita, a propósito disso, vários
exemplos. (PP. 194 a 196)
114. A influência negativa dos
falecidos infelizes foi demonstrada, entre outros, pelo dr. Carl Wickland,
médico psiquiatra americano, morto em 1937, o qual comprovou a possibilidade de
comunicação entre nós e os Espíritos e, ainda, que os Espíritos infelizes podem
apossar-se de nós sem qualquer má intenção e mesmo sem perceber. (PP. 196 e
197)
115. Dr. Wickland adquiriu, através de
uma longa experiência, a convicção de que a maioria das doenças mentais são
devidas, na realidade, a uma possessão. Como sua esposa era médium, a operação
consistia no seguinte: fazer com que o Espírito retardatário deixasse o corpo
do doente mental e, com a ajuda de Espíritos evoluídos, se incorporasse no
corpo de sua mulher. O diálogo direto tornava-se então possível entre o dr.
Wickland e o Espírito. Várias sessões eram, às vezes, necessárias. O médico
observou logo que os Espíritos que obsidiam sentem, bem mais que nós, as dores
de nosso corpo. Ele montou, então, um aparelho simples que enviava ao doente
mental pequenas descargas elétricas, totalmente inofensivas e indolores para o
encarnado, porém intoleráveis para o Espírito perturbador que o possuía. (P.
198)
116. Numa obra ainda inédita, que,
segundo padre Brune, não foi publicada devido ao obscurantismo científico que
impera em nosso mundo, o professor W. Schiebeler conta como utiliza um método
bastante semelhante em um grupo de oração formado por vários médiuns, embora
não utilize o aparelho do dr. Wickland. “Mais uma vez – diz Brune – verificamos
que eram, pelo menos em parte, as pessoas da Idade Média, os feiticeiros da
África, que tinham razão.” Tanto o dr. Wickland como o professor Schiebeler
ensinam que é insuficiente – como no ritual católico dos exorcismos – expulsar
os maus Espíritos, os demônios, porque esses maus Espíritos vão, em seguida,
procurar uma outra vítima na qual investir. É preciso iluminá-los e
convertê-los, devolver-lhes a esperança na misericórdia, no Amor de Deus;
convencê-los de que, mesmo para eles, tudo ainda é possível. (PP. 198 e 199)
117. Schiebeler assinala em sua obra
dois casos em que esses “maus Espíritos” voltaram para dizer que haviam, enfim,
compreendido e que mudaram de campo, passando agora a lutar pela libertação dos
homens, mortos e vivos, pelos Espíritos retardatários e por suas infelizes
vítimas. (P. 199)
Respostas às
questões preliminares
A. Que disse Pierre Monnier sobre Satanás?
Desmitificando tal figura, Pierre
Monnier asseverou: “Satã não pode ser uma pessoa, mas sim uma acumulação de
energia do mal dotada de consciência. É um centro de desagregação, de
destruição, um ventre inteligente”. Mais adiante, após afirmar que os homens o
criam, que ele não tem vida concreta, Pierre acrescenta: “Somente Deus vive.
Satã tem vida efêmera que os homens podem aniquilar em um instante, desde que
queiram pensar no pensamento de Deus. O mal não durará para sempre, enquanto
Deus existirá eternamente...” (Os mortos
nos falam, pp. 184 e 185.)
B. É verdade que a influência negativa dos Espíritos
infelizes foi demonstrada pelo psiquiatra americano Carl Wickland?
Sim. Wickland comprovou também a
possibilidade de comunicação entre nós e os Espíritos e, ainda, que os
Espíritos infelizes podem apossar-se de nós sem qualquer má intenção e mesmo
sem perceber. (Obra citada, pp. 196 e 197.)
C. A respeito do exorcismo, que diz o padre François Brune?
Segundo o padre Brune, tanto o dr.
Wickland como o professor Schiebeler ensinam que é insuficiente – como no
ritual católico dos exorcismos – expulsar os maus Espíritos, porque esses maus
Espíritos vão, em seguida, procurar uma outra vítima na qual investir. É
preciso iluminá-los e convertê-los, devolver-lhes a esperança na misericórdia,
no Amor de Deus; convencê-los de que, mesmo para eles, tudo ainda é possível.
Schiebeler assinala em sua obra dois casos em que esses “maus Espíritos”
voltaram para dizer que haviam, enfim, compreendido e que mudaram de campo,
passando agora a lutar pela libertação dos homens, mortos e vivos, pelos
Espíritos retardatários e por suas infelizes vítimas. (Obra citada, pp. 198 e
199.)
Observação:
Para acessar a Parte 8 deste
estudo, publicada na semana passada, clique aqui: https://espiritismo-seculoxxi.blogspot.com/2021/12/blog-post_24.html
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