quinta-feira, 16 de dezembro de 2021

 



A Gênese

 

Allan Kardec

 

Parte 22

 

Continuamos o estudo metódico do livro “A Gênese, os Milagres e as Predições segundo o Espiritismo”, de Allan Kardec, com base na 36ª edição publicada pela Federação Espírita Brasileira, conforme tradução feita por Guillon Ribeiro.

Este estudo é publicado sempre às quintas-feiras.

Eis as questões de hoje:

 

169. Que significa a frase "O céu e a Terra passarão, mas as minhas palavras não"?

Estas palavras atribuídas a Jesus não passarão, porque serão verdadeiras em todos os tempos. Será eterno o seu código de moral, porque consagra as condições do bem que conduz o homem ao seu destino eterno. O que não passará é, portanto, o verdadeiro sentido das palavras de Jesus. Mas, sim, passará o que os homens construíram sobre o sentido falso que deram a essas mesmas palavras. (A Gênese, cap. XVII, itens 24 a 26.)

170. Que é que Jesus quis dizer com a frase "Haverá um só rebanho e um só pastor"? 

Por estas palavras “e haverá um só rebanho e um único pastor” Jesus anuncia claramente que os homens um dia se unirão por uma crença única. A unidade se fará em religião, como já tende a fazer-se socialmente, politicamente, comercialmente, pela queda das barreiras que separam os povos, pela assimilação dos costumes, dos usos, da linguagem. Os povos do mundo inteiro já confraternizam, como os das províncias de um mesmo império. Pressente-se essa unidade e todos a desejam. Ela, pois, se fará pela força das coisas, porque há de tornar-se uma necessidade, para que se estreitem os laços da fraternidade entre as nações; far-se-á pelo desenvolvimento da razão humana, que se tornará apta a compreender a puerilidade de todas as dissidências; pelo progresso das ciências, a demonstrar cada dia mais os erros materiais sobre que tais dissidências assentam e a destacar pouco a pouco das suas fiadas as pedras estragadas. (Obra citada, cap. XVII, itens 31 e 32.)

171. É verdade que Jesus afirmou textualmente que Elias voltou reencarnado como João Batista?

Sim. Ante a pergunta de seus discípulos: “Por que, pois, dizem os escribas ser preciso que, antes, venha Elias?”, Jesus respondeu: “É certo que Elias tem de vir e que restabelecerá todas as coisas. Mas, eu vos declaro que Elias já veio e eles não o conheceram; antes o trataram como lhes aprouve. É assim que farão morrer o Filho do homem. Então, seus discípulos compreenderam que era de João Batista que ele lhes falara”. Elias havia voltado ao cenário terreno na pessoa de João Batista. Seu novo advento é anunciado de modo explícito. Ora, como ele não poderia voltar senão tomando um novo corpo, aí temos a consagração formal do princípio da pluralidade das existências. (Obra citada, cap. XVII, itens 33 e 34.)

172. O Espiritismo preenche todas as condições do Consolador prometido por Jesus?

Sim. O Espiritismo apresenta todas as condições do Consolador que Jesus prometeu. Não é uma doutrina individual, nem de concepção humana; ninguém pode dizer-se seu criador. É fruto do ensino coletivo dos Espíritos, ensino a que preside o Espírito de Verdade. Nada suprime do Evangelho: antes o completa e elucida. Com o auxílio das novas leis que revela, conjugadas essas leis às que a Ciência já descobrira, faz com que se compreenda o que antes era ininteligível e se admita a possibilidade daquilo que a incredulidade considerava inadmissível. (Obra citada, cap. XVII, itens 35 a 42.)

173. Como o Espiritismo analisa o quadro do fim dos tempos anunciado por Jesus? 

É, evidentemente, alegórico o quadro do fim dos tempos anunciado por Jesus, como, por sinal, a maioria dos que Jesus compunha. Pelo seu vigor, as imagens que ele encerra são de natureza a impressionar inteligências ainda rudes. Para tocar fortemente aquelas imaginações pouco sutis, eram necessárias pinturas vigorosas, de cores bem acentuadas. Ele se dirigia principalmente ao povo, aos homens menos esclarecidos, incapazes de compreender as abstrações metafísicas e de apanhar a delicadeza das formas. A fim de atingir o coração, fazia-se-lhe mister falar aos olhos, com o auxílio de sinais materiais, e aos ouvidos, por meio da força da linguagem. Entretanto, sob essas alegorias, grandes verdades se ocultam.

Há, primeiramente, a predição das calamidades de todo gênero que assolarão e dizimarão a Humanidade, calamidades decorrentes da luta suprema entre o bem e o mal, entre a fé e a incredulidade, entre as ideias progressistas e as ideias retrógradas. Há, em segundo lugar, a da difusão, por toda a Terra, do Evangelho restaurado na sua pureza primitiva; depois, a do reinado do bem, que será o da paz e da fraternidade universais, a derivar do código de moral evangélica, posto em prática por todos os povos. Esse será, verdadeiramente, o reino de Jesus, pois que ele presidirá à sua implantação, passando os homens a viver sob a égide da sua lei. Será o reinado da felicidade, porquanto disse ele que «depois dos dias de aflição, virão os de alegria».

Quando sucederão tais coisas? «Ninguém o sabe, diz Jesus, nem mesmo o Filho.» Mas, quando chegar o momento, os homens serão advertidos por meio de sinais precursores. Esses indícios não estarão, porém, nem no Sol, nem nas estrelas; mostrar-se-ão no estado social e nos fenômenos mais de ordem moral do que físicos e que, em parte, se podem deduzir das suas alusões.

Devendo a prática geral do Evangelho determinar grande melhora no estado moral dos homens, ela, por isso mesmo, trará o reinado do bem e acarretará a queda do mal. Será, pois, o fim do mundo velho, do mundo governado pelos preconceitos, pelo orgulho, pelo egoísmo, pelo fanatismo, pela incredulidade, pela cupidez, por todas as paixões pecaminosas, que o Cristo aludia, ao dizer: «Quando o Evangelho for pregado por toda a Terra, então é que virá o fim». (Obra citada, cap. XVII, itens 47 a 58.)

174. Que significa a frase "Vossos filhos e filhas profetizarão"? 

Esta é a predição inequívoca do advento e da popularização da mediunidade, que presentemente se revela em indivíduos de todas as idades, de ambos os sexos e de todas as condições; a predição, por conseguinte, da manifestação universal dos Espíritos, pois que sem os Espíritos não haveria médiuns. Isso, conforme está dito, aconteceria nos últimos tempos. Ora, visto que não chegamos ao fim do mundo, mas, ao contrário, à época da sua regeneração, devemos entender aquelas palavras como indicativas dos últimos tempos do mundo moral que chega a seu termo. (Obra citada, cap. XVII, itens 59 a 61.)

175. Existe o chamado Juízo Final?

Não. A doutrina de um juízo final, único e universal, pondo fim para sempre à Humanidade, repugna à razão, por implicar a inatividade de Deus, durante a eternidade que precedeu à criação da Terra e durante a eternidade que se seguirá à sua destruição.

Moralmente, um juízo definitivo e sem apelação não se concilia com a bondade infinita do Criador, que Jesus nos apresenta de contínuo como um bom Pai, que deixa sempre aberta uma senda para o arrependimento e que está pronto sempre a estender os braços ao filho pródigo. Se Jesus entendesse o juízo naquele sentido, desmentiria suas próprias palavras.

Não existe, pois, juízo final, mas juízos gerais em todas as épocas de renovação parcial ou total da população dos mundos, por efeito das quais se operam as grandes emigrações e imigrações de Espíritos. (Obra citada, cap. XVII, itens 62 a 67.)

176. Como se opera o progresso da Humanidade? 

De duas maneiras se executa esse duplo progresso: uma, lenta, gradual e insensível; a outra, caracterizada por mudanças bruscas, a cada uma das quais corresponde um movimento ascensional mais rápido, que assinala, mediante impressões bem acentuadas, os períodos progressivos da Humanidade.

Esses movimentos, subordinados, quanto às particularidades, ao livre-arbítrio dos homens, são, de certo modo, fatais em seu conjunto, porque estão sujeitos a leis, como os que se verificam na germinação, no crescimento e na maturidade das plantas. Por isso é que o movimento progressivo se efetua, às vezes, de modo parcial, isto é, limitado a um povo ou a uma nação, doutras vezes, de modo geral.

O progresso da Humanidade se cumpre, pois, em virtude de uma lei. Ora, como todas as leis da Natureza são obra eterna da sabedoria e da presciência divinas, tudo o que é efeito dessas leis resulta da vontade de Deus, não de uma vontade acidental e caprichosa, mas de uma vontade imutável. Quando, por conseguinte, a Humanidade está madura para subir um degrau, pode dizer-se que são chegados os tempos marcados por Deus, como se pode dizer também que, em tal estação, eles chegam para a maturação dos frutos e sua colheita. (Obra citada, cap. XVIII, itens 1 a 4; 7 a 13.)

 

 

Observação:

Para acessar a Parte 21 deste estudo, publicada na semana passada, clique aqui: https://espiritismo-seculoxxi.blogspot.com/2021/12/blog-post_09.html

 

 

 

 

 

Como consultar as matérias deste blog? Se você não conhece a estrutura deste blog, clique neste link: https://goo.gl/ZCUsF8, e verá como utilizá-lo.

 

 

 

Nenhum comentário:

Postar um comentário