Revista
Espírita de 1858
Allan
Kardec
Parte
3
Damos prosseguimento ao estudo metódico e sequencial da Revista Espírita do ano de 1858, periódico lançado por Allan Kardec em janeiro de 1858 e por ele editado de 1858 a março de 1869, quando desencarnou.
O
estudo é baseado na tradução feita por Júlio Abreu Filho publicada pela EDICEL.
Cada
parte do estudo, apresentado sempre às quartas-feiras, compõe-se de:
a)
questões preliminares;
b)
texto para leitura.
As
respostas às questões propostas encontram-se no final do texto abaixo.
Questões
preliminares
A.
Que diz a Revista Espírita sobre o
planeta Júpiter?
B.
Que é que Mehemet-Ali, ex-paxá e considerado o verdadeiro criador do Egito
moderno, disse sobre Maomé?
C.
É lento ou rápido o desprendimento da alma depois da morte do corpo?
D.
Que diz São Luís a respeito do orgulho?
Texto para leitura
66.
Aludindo à doutrina druídica, Kardec diz não ter dúvida sobre a antiguidade e a
universalidade da doutrina dos Espíritos, cujos traços podem ser encontrados
por toda a parte. (P. 99)
67.
Para os druidas não existe o inferno. A distribuição dos castigos efetua-se no
círculo das migrações, pela ligação das almas em condições de existência mais
ou menos infelizes, onde expiam suas faltas pelo sofrimento e se dispõem, pela
reforma de seus vícios, a um futuro melhor. (P. 105)
68.
Segundo o Druidismo, a alma eleva-se na escala das existências, com a condição
de, pelo trabalho sobre si mesma, fortificar a própria personalidade. (P. 109)
69.
Bernard Palissy, que foi célebre oleiro no século XVI, descreve o planeta
Júpiter, onde se encontrava atualmente reencarnado. (P. 113)
70.
A temperatura em Júpiter é suave e temperada, a água é mais etérea e uma
espécie de luz espiritual é que ilumina o planeta. (P. 114)
71.
A conformação física de seus habitantes é igual à nossa, mas a base da
alimentação é puramente vegetal. (PP. 114 e 115)
72.
A existência física em Júpiter equivale, em média, a cinco séculos. (P. 115)
73.
As principais ocupações dos homens de Júpiter são o encorajamento dos Espíritos
que habitam os mundos inferiores, a fim de que perseverem no bom caminho. Não
havendo entre eles infortúnios a serem aliviados, vão procurá-los onde esses
existem. (P. 115)
74.
Os habitantes de Júpiter pertencem todos à segunda ordem: todos são bons, mas
uns são mais adiantados que outros na perfeição. (PP. 117 e 118)
75.
Mehemet-Ali, paxá do Egito em 1805, considerado o verdadeiro criador do Egito
moderno, é evocado e dá informações curiosas, como seu pensamento sobre Jesus e
Maomé: "a religião cristã eleva a alma; a maometana apenas fala à
matéria". (P. 120)
76.
Maomé tinha uma missão divina, mas a desvirtuou: "Qual o povo que foi
regenerado por Maomé? A religião cristã saiu pura das mãos de Deus; a maometana
é obra de um homem". (P. 120)
77.
Conta ele que os sacerdotes do antigo Egito conheciam a doutrina espírita e
recebiam manifestações. Moisés foi iniciado por eles. (P. 121)
78.
O antigo paxá diz lembrar-se de suas vidas anteriores, tendo vivido três vezes
no Egito: como sacerdote, como mendigo e como príncipe. (P. 121)
79.
Kardec, em outro artigo sobre o médium Daniel Dunglas Home, narra o caso da
aparição de três mãos, que apertam as mãos das pessoas e se dissolvem. (P. 123)
80.
A mão que aparece também pode escrever. Algumas vezes ela para no meio da mesa,
toma um lápis e traça as letras num papel já preparado. Na maioria das vezes,
porém, ela leva o papel para debaixo da mesa e o devolve todo escrito. Se a mão
fica invisível, a escrita parece produzir-se por si mesma. (P. 124)
81.
Kardec explica o fenômeno dos instrumentos de música que tocam, pela
tangibilidade dos dedos da mão, que assim podem pressionar as teclas. (N.R.: A
explicação de Kardec é um equívoco por ele mesmo corrigido logo depois.) (P.
124)
82.
O médium Home é vítima de boatos e da maledicência. Um diz que ele não partiu
para a Itália, mas está preso em Mazas, sob o peso de graves acusações. Kardec,
de posse de várias cartas de Home, datadas de Pisa, Roma e Nápoles, desmente os
boateiros. (P. 125)
83.
A Revista Espírita mostra como os
adversários do Espiritismo manipulam as notícias: "A Gazette des Hôpitaux diz que estão internados no hospital de
alienados de Zurique 25 pessoas que perderam a razão graças às mesas girantes e
aos Espíritos batedores". Kardec comenta o fato. (PP. 125 e 126)
84.
A ideia que fazemos da natureza dos Espíritos torna à primeira vista
incompreensíveis as manifestações físicas. Pensa-se que o Espírito é a ausência
completa da matéria. Ora, isso é errado. (P. 127)
85.
Há em nós duas espécies de matéria: uma grosseira, que constitui o corpo
exterior; a outra sutil e indestrutível: o perispírito. (P. 128)
86.
Os laços que unem alma e corpo não se rompem de súbito pela morte. A duração
desse desprendimento varia conforme os indivíduos. Em alguns, opera-se em três
ou quatro dias, ao passo que noutros não se completa senão ao cabo de vários
meses. (P. 129)
87.
O envoltório semimaterial do Espírito, ou perispírito, é suficientemente sutil
para escapar à nossa vista em seu estado normal e essa sutileza lhe permite
atravessar os corpos sólidos e as paredes. (P. 129)
88.
Nota-se que nos fenômenos de aparição a mão que aparece é parte de um ser
completo, e a prova disso é que deixa impressões das partes invisíveis, como os
dentes. (P. 130)
89.
Em 1852, em Bergzabern, na Baviera renana, nas cercanias de Spira, ocorreram
fenômenos de raps, que se prolongaram
por muitos meses, na casa do alfaiate Pedro Sanger, e foram registrados pelo
jornal da cidade. (PP. 131 e 132)
90.
Tudo indicava que a médium era a filha de Pedro Sanger, então uma menina de 12
anos de idade. (P. 132)
91.
Para fazer cessar a suspeita, a menina foi levada para uma casa estranha.
Bastou chegar lá, ouviram-se as batidas e arranhaduras. Ela foi conduzida então
ao Dr. Bentner e desde então cessou o barulho em casa da família Sanger,
passando a produzir-se na do Dr. Bentner. (P. 135)
92.
São Luís escreve sobre o orgulho, que é, para ele, semelhante ao joio que afoga
o bom grão. "Quem se julga mais que seu irmão é insensato. Sábio é o que
trabalha por si mesmo, como o humilde em seu campo, sem se envaidecer de sua
obra." (P. 137)
93.
"Soberbo, humilha-te; porque a mão do Senhor curvará o teu orgulho até a
poeira! Tuas riquezas e tuas grandezas, vaidades do nada, escaparão de tuas
mãos quando vier o grande dia. Não levarás de tuas riquezas mais que as tábuas
do esquife; e os títulos gravados na lápide funerária serão palavras vazias de
sentido." (P. 138)
94.
São Luís responde a quatro perguntas de Kardec a respeito da avareza. As três
primeiras deram origem às perguntas 899 a 901 d' O Livro dos Espíritos e são idênticas às do livro:
-
Qual o mais culpado de dois homens ricos que empregam exclusivamente em gozos
pessoais suas riquezas, tendo um nascido na opulência e desconhecido sempre a
necessidade, devendo o outro ao seu trabalho os bens que possui? “Aquele que conheceu
os sofrimentos, porque sabe o que é sofrer. A dor, a que nenhum alívio procura
dar, ele a conhece; porém, como frequentemente sucede, já dela se não lembra.”
-
Aquele que incessantemente acumula haveres, sem fazer o bem a quem quer que
seja, achará desculpa, que valha, na circunstância de acumular com o fito de
maior soma legar aos seus herdeiros? “É um compromisso com a consciência má.”
-
Figuremos dois avarentos, um dos quais nega a si mesmo o necessário e morre de
miséria sobre o seu tesouro, ao passo que o segundo só o é para os outros,
mostrando-se pródigo para consigo mesmo; enquanto recua ante o mais ligeiro
sacrifício para prestar um serviço ou fazer qualquer coisa útil, nunca julga
demasiado o que despenda para satisfazer aos seus gostos ou às suas paixões.
Peça-se-lhe um obséquio e estará sempre em dificuldade para fazê-lo; imagine,
porém, realizar uma fantasia e terá sempre o bastante para isso. Qual o mais
culpado e qual o que se achará em pior situação no mundo dos Espíritos? “O que
goza, porque é mais egoísta do que avarento. O outro já recebeu parte do seu
castigo.” (P. 138)
Respostas às
questões propostas
A. Que diz a Revista Espírita sobre o planeta
Júpiter?
Atribuídas
ao Espírito de Bernard Palissy, que foi na Terra célebre oleiro no século XVI,
eis de forma sintética as revelações sobre Júpiter: a) a temperatura ali é
suave e temperada, a água é mais etérea e uma espécie de luz espiritual é que
ilumina o planeta. b) a conformação física de seus habitantes é igual à nossa,
mas a base da alimentação é puramente vegetal. c) a existência física no
planeta equivale, em média, a cinco séculos. d) as principais ocupações dos
homens de Júpiter são o encorajamento dos Espíritos que habitam os mundos
inferiores, a fim de que perseverem no bom caminho. e) não há em Júpiter
infortúnios a serem aliviados e seus habitantes pertencem à segunda ordem –
todos são bons, mas uns são mais adiantados que outros na perfeição. (Revista Espírita, pp. 114 a 118.)
B. Que é que
Mehemet-Ali, ex-paxá e considerado o verdadeiro criador do Egito moderno, disse
sobre Maomé?
Segundo
o ex-paxá do Egito, Maomé teve uma missão divina, mas a desvirtuou. Acrescentou
em sua comunicação o grande governante egípcio: "Qual o povo que foi
regenerado por Maomé? A religião cristã saiu pura das mãos de Deus; a maometana
é obra de um homem". (Obra citada, pp. 120 e 121.)
C. É lento ou
rápido o desprendimento da alma depois da morte do corpo?
Os
laços que unem alma e corpo não se rompem de súbito pela morte. A duração desse
desprendimento varia conforme os indivíduos. Em alguns, opera-se em três ou
quatro dias, ao passo que noutros não se completa senão ao cabo de vários
meses. (Obra citada, pág. 129.)
D. Que diz São Luís
a respeito do orgulho?
O
orgulho é, no dizer de São Luís, semelhante ao joio que afoga o bom grão. Quem
se julga mais que seu irmão é insensato. Após ter dito isso, o instrutor
espiritual advertiu: "Soberbo, humilha-te; porque a mão do Senhor curvará
o teu orgulho até a poeira! Tuas riquezas e tuas grandezas, vaidades do nada,
escaparão de tuas mãos quando vier o grande dia. Não levarás de tuas riquezas
mais que as tábuas do esquife; e os títulos gravados na lápide funerária serão
palavras vazias de sentido." (Obra citada, pp. 137 e 138.)
Observação:
Para acessar a Parte 2 deste estudo, publicada na semana passada,
clique aqui: https://espiritismo-seculoxxi.blogspot.com/2022/02/blog-post_16.html
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