sábado, 26 de fevereiro de 2022



Gandhi e a paz como meta de libertação


JORGE LEITE DE OLIVEIRA

jojorgeleite@gmail.com

De Brasília-DF

             

Paz e luz, amigos!

Quando Mahatma Gandhi, sob a acusação de agitar o povo, estava preso, após sete anos de sua permanência no cárcere, desenvolveu seu método de comportamento baseado no tripé da coragem, da não violência e da verdade. Certo dia, foi entrevistado na prisão a pedido de seus acusadores sobre a razão de sua manifestação política pacífica ao povo, que o idolatrava.

O primeiro a questioná-lo foi o advogado que lhe pediu para explicar sobre o ideal de paz, tão admirado pelo povo. Gandhi respondeu-lhe o seguinte:

— A honestidade e o culto à verdade são as bases da paz. A violência é filha da mentira. A pessoa sincera, ou seja, bem-intencionada, brevemente deixará de ser violenta, por perceber que a verdade é incompatível com a agressão.

Daí surgir a expressão: "violência gera violência".

Outro dos seus interrogadores perguntou-lhe:

— Como deixar de ser violento, num mundo como este, em que as nações investem em pesados armamentos? — E ele respondeu:

— Pelo afastamento da ganância, do desejo de domínio e de exploração do próximo em proveito próprio. A não violência requer completa ausência da exploração, seja ela de que forma for. Somente quando todas as nações compreenderem que não lhes é lícita a exploração em detrimento da união que deve haver entre elas, as armas perderão sua finalidade.

Percebendo o ambiente pesado em torno de si, causado pela impaciência de seus interrogadores aliada à penumbra do ambiente inóspito em que se encontrava, Mahatma acrescentou-lhes corajosamente:

— Há muito tempo, percebi que há falta de coerência entre o que os homens dizem sobre a paz em contraste com suas mútuas intolerâncias e agressividade contra os que não compartilham suas ideias. O Universo é regido pela força moral. Somente em nossa dedicação à paz com verdadeira fé compreenderemos isso.

Um de seus interrogadores portava uma Bíblia e perguntou-lhe o que conhecia sobre Jesus Cristo. Gandhi respondeu-lhe:

— O Evangelho de Jesus está todo sintetizado no Sermão da Montanha. Lendo essa bela página e, sobretudo, praticando o que aí está, nada mais nos falta ao entendimento da Lei de Deus. Sem a fé profunda em Deus e na paz, é impossível vivermos em harmonia.

Não foi por outro motivo que o Cristo afirmou aos seus discípulos ter-lhes deixado a sua paz e não a paz mundana, quando afirma: "Deixo-lhes a paz, minha paz lhes dou; mas não como o mundo a dá. Não se perturbe nem se intimide seu coração" (João, 14:27).

Por fim, Mahatma completou:

— A não ser pelo amor profundo dedicado ao nosso Criador, é impossível morrer sem ódio no coração, sem temor e com a certeza de que Deus estará sempre presente em nossa vida, na vitória do bem contra o mal. O trabalhador da paz deve respeitar as religiões de toda a humanidade, ter caráter irrepreensível, buscar relações de respeito e amizade com todas as pessoas. Somente assim, alcançará sua pacificação e poderá pacificar seu próximo.

Ao final da entrevista, todos se retiraram pensativos. Então, Mahatma Gandhi permaneceu em paz e oração em benefício da libertação de seu povo, o que veio a acontecer algum tempo depois.

E nós terminamos esta crônica com as seguintes palavras do maior de todos os Messias, Jesus Cristo: "Venham a mim todos os que estão cansados sob o peso do seu fardo e lhes darei descanso. Tomem sobre si meu jugo e aprendam de mim, porque sou manso e humilde de coração, e encontrarão descanso para suas almas, pois meu jugo é suave e meu fardo é leve" (Mateus, 11:28-30).

 

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